Cinco vezes campeã mundial, onze pódios em campeonatos mundiais, vencedora dos Jogos Pan-Americanos e campeã olímpica. Ana Marcela Cunha carrega merecidamente o título de rainha das águas abertas. A nadadora brasileira resume sua trajetória até o ouro olímpico em Tóquio 2020 a uma palavra: maturidade. Conheça mais sobre a brilhante carreira de Ana Marcela:
Da piscina da creche ao domínio do mar
Filha de pai nadador e mãe ginasta, o esporte sempre esteve presente desde pequena na vida de Ana Marcela Jesus Soares da Cunha. Nascida em Salvador em 1992, começou a nadar aos dois anos na creche que frequentava.
Aos 9 anos já treinava no Clube Olímpico de Natação em Salvador e em 2007 transferiu-se para o Unisanta em Santos. O apoio dos pais sempre foi fundamental, eles chegaram a deixar os empregos em Salvador para acompanhar a filha e cuidar da carreira dela.
Estreou nas Olimpíadas de Pequim 2008 com apenas 16 anos, atingindo a quinta colocação. Já nos Jogos de Londres 2012, Ana Marcela ficou fora da classificação. Chegou na Rio-16 com esperanças de medalha, porém ficou longe do pódio em décimo lugar.
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A glória chegou finalmente em 2021, ao alcançar o primeiro lugar na Odaiba Marine Park em Tóquio. A vitória causou problema para a namorada de Ana, a profissional de marketing Maria Clara Fontoura. A comemoração foi tão grande, que os vizinhos acionaram a polícia por conta dos gritos e euforia no apartamento dela. Em entrevista a TV Globo, Maria Clara revela que: “Eu só conseguia falar: “Foi mal, cara. Minha namorada é campeã olímpica”.
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Conquistas
Entre os títulos mais importantes da carreira, Ana Marcela foi eleita a melhor nadadora de águas abertas do mundo em sete temporadas (2010, 2014, 2015, 2017, 2018, 2019 e 2021), além de ser membro do Hall da Fama da Maratona Internacional de Natação.
É detentora do melhor tempo na Travessia Capri-Napoli, tradicional prova italiana entre às duas cidades cuja distância é de 36 km, com 6 horas 24 minutos 47 segundos. As provas que a nadadora compete são de 5 km, 10 km e 25 km.
Impacto no esporte brasileiro
O bronze de Poliana Okimoto na Olimpíadas do Rio em 2016 foi a primeira medalha conquistada por uma mulher brasileira na natação. Na edição seguinte, Ana Marcela consagrou-se a campeã das águas e tornou-se a maior brasileira da natação em Jogos Olímpicos. Desde 2011 ela leva a bandeira brasileira pelos pódios em competições mundiais, tendo escutado o hino em diversas edições.
Os resultados de Ana Marcela Cunha são tão impressionantes que foi apontada pelo Guinness Book como maior vencedora do Circuito Mundial da FINA 10K, com 20 vitórias, recorde que ela mesma bateu após a publicação do livro em 2020, aumentando para 25.
10 curiosidades sobre a rainha das águas abertas
Os recordes de Ana Marcela Cunha falam por si, mas que tal descobrir mais sobre a maior nadadora de águas abertas do Brasil e do mundo?
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1. Maior medalhista da história da competição
Com um currículo de 34 medalhas de ouro, 16 de prata e 17 de bronze em campeonatos da Federação Internacional de Natação (Fina), é a maior medalhista da história da competição. Subiu ao pódio 12 vezes nas provas de 5 km, 10 km e 25 km, faturando cinco títulos.
2. Mais vezes eleita a melhor nadadora do mundo
Superando a chinesa Shi Tingmao dos saltos ornamentais e a russa Svetlana Kolesnichenko do nado artístico, eleitas seis vezes como melhores atletas de modalidades aquáticas, Ana Marcela Cunha coleciona sete títulos de melhor nadadora de águas abertas, a única a atingir o feito.
3. Melhor atleta do ano eleita pelo COB em 2015 e 2018
A nadadora, com então 23 anos, se tornou a mulher brasileira com mais medalhas obtidas em campeonatos mundiais de esportes olímpicos. Ela conquistou uma medalha em cada etapa no Mundial de Kazan em 2015: bronze nos 10 km, prata por equipe mista no 5 km e ouro nos 25 km. Foi eleita ao lado de Isaquias Queiroz da canoagem a melhor atleta de 2015 e os dois repetiram o feito em 2018.
4. Superstição
Sempre antes de entrar para competir, Ana Marcela contou ao Olimpíada Todo Dia que tem costume de entrar com o pé direito e dar três pulinhos antes de largar para a prova.
5. É apaixonada por tatuagens
Em seu tempo livre, ela procura sempre fazer tatuagens, inclusive marcou na pele a conquista da medalha olímpica: o número oito na mão que deu a braçada final.
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6. Aos 12 anos já fazia parte da seleção brasileira
Com doze anos, Ana Marcela já era atleta profissional e convocada pela seleção brasileira a representar o país em provas no mar. Não é a toa que ela competiu sua primeira Olimpíada aos 16 anos.
7. Mulher, nordestina e lésbica
Em entrevista a Revista Quem, Ana Marcela contou mais sobre seu antigo relacionamento com Maria Clara Fontoura e como o apoio da ex-namorada foi fundamental para seu maior sucesso. Ela revelou ainda estar processando o sucesso e o fato de ter ganhado a medalha. Virou ícone da comunidade LGBTQIA+ e grande representante do esporte nordestino.
8. Defensora da igualdade de gênero nos esportes
Em entrevista coletiva após a conquista olímpica, a nadadora defendeu a igualdade de gênero. “A mulher pode ser o que ela quiser, onde quiser e como quiser. [A medalha] também é fruto do tanto que a gente vem recebendo de ajuda por igualdade” exaltou. Leia mais sobre equidade de gênero nos esportes.
9. Doença autoimune e retirada do baço
Após o triste décimo lugar na Rio-16, descobriu uma doença autoimune que diminuía a produção de plaquetas sanguíneas, células responsáveis pelo processo de coagulação. Ela teve de se submeter a uma cirurgia de remoção do baço para conseguir manter a produção de plaquetas em um nível saudável.
10. Peixe rouba a cena em foto histórica
Enquanto Ana Marcela competia em Tóquio, o fotógrafo Jonne Roriz captou um momento inusitado: no momento em que ela vira o rosto para tomar um ar, um peixe salta por cima dela. A foto viralizou e teve gente até dizendo que ela é tão braba, que até o peixe precisou sair da frente senão ela atropelava.
O Brasil torce para que Ana Marcela não pare de conquistar medalhas e atinja ainda mais recordes e pódios. Outra atleta brasileira que também domina as águas e você deveria conhecer é a surfista de ondas gigantes, Maya Gabeira.