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A apropriação cultural é um tema que vai muito além de regular o uso de elementos de outras culturas, como turbante, tranças e vestimentas. A cientista social e mestre em antropologia, Aline de Moura Rodrigues, explica a prática e seus efeitos sociais. Confira!
Conheça a especialista
Aline De Moura Rodrigues é cientista social pela UFRGS, mestre em Antropologia Social pela UFRGS e atua como pesquisadora na busca de oportunidades para o coletivo e a comunidade de mulheres negras.O que é a apropriação cultural?
Segundo a cientista social, existem muitas definições acadêmicas e não acadêmicas sobre o assunto. Para ela, atualmente, a apropriação cultural, muitas vezes, é sutil e possui raízes coloniais. “Apropria-se de algum objeto, contexto histórico e aporte intelectual, sem referenciar suas origens como legítimas e passíveis de significados maiores”.
Em outras palavras, um grupo dominante se apodera de múltiplos aspectos culturais de grupos sociais inferiorizados. Entretanto, não há interesse em aprender sobre a cultura do outro para compreender suas lutas e dificuldades. Assim, o apropriador explora e utiliza elementos culturais da forma que lhe convém ou para benefício próprio.
A apropriação cultural é negativa?
Segundo a cientista social, na maioria das vezes, a apropriação cultural é algo negativo. Uma reflexão crítica perpassa pelo seguinte questionamento – “Por que alguém, sem relação afetiva, cultural e religiosa, se envolve com os elementos de um determinado povo?”
A profissional destaca que, normalmente, “a apropriação é justificada como uma forma de valorizar a cultura do outro ou a necessidade de aumentar a visibilidade para a diferença”. Essa postura é duplamente nociva, pois, ao reinscrever uma hierarquia social, reitera o silêncio dos que realmente devem ser porta-vozes e representantes do seu lugar de fala.
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A apropriação cultural pode ser nociva à sociedade, pois a prática esvazia de significado relações com objetos, linguagens e modos de ser. “Ao tratar um alimento, uma planta, um penteado ou uma expressão como “apenas” uma coisa a ser reproduzida, transmite-se um discurso homogeneizador de que todos são ou têm as mesmas premissas em relação a sua experiência no mundo”.
Vários episódios de apropriação cultural marcam a indústria da moda e beleza. Esses segmentos faturam ao reproduzirem expressões culturais como simples produtos para obter ganho financeiro. Muitos estilistas utilizaram adereços de mulheres indígenas em suas coleções sem conhecer o significado ou referenciar suas origens. Além disso, nas passarelas, as peças da cultura africana são comumente usadas em desfiles, mas não por pessoas negras – o que colabora para perpetuar o racismo.
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3 ótimos vídeos sobre a apropriação cultural
Muitos grupos ainda abordam a apropriação cultural como algo banal e sem importância. Por isso, é importante conhecer mais sobre a prática e participar de debates reflexivos. Abaixo, confira os melhores vídeos sobre o tema:
Apropriação cultural indígena
Nesse vídeo, a índia Tamikuã, da tribo Pataxó de Barra Velha, fala sobre o uso de elementos indígenas nas escolas como fantasia e não para homenagear a cultura. Além disso, ela compartilha o preconceito que sofre por outros grupos no contexto urbano. Assista!
Apropriação cultural: a cultura negra não é produto
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O tema ainda gera polêmica, principalmente por falta de conhecimento, pois muitas pessoas não sabem identificar o que, de fato, caracteriza a apropriação cultural. Por isso, acompanhe o vídeo e entenda o quão importante é pautar o assunto para preservar diferentes culturas!
Apropriação cultural na indústria da moda
Discutir a apropriação cultural é urgente, especialmente no mundo da moda, que usa constantemente os elementos de outras culturas para fins comerciais. Nesse vídeo, você acompanhará um debate entre a mestre em Filosofia Política Djamila Ribeiro, a estilista Ana Paula Xongani e a cantora Iza sobre mulheres brancas que usam turbantes, tranças e outros adereços. Vale a pena conferir!
Antes de usufruir de adereços, vestimentas e costumes de outras culturas, é importante conhecer a sua origem, história e significado. Assim, é possível quebrar preconceitos entre os povos, respeitar os seus costumes e tradições. Ainda dentro do assunto diversidade, leia a matéria sobre xenofobia, um preconceito que propaga violências contra povos estrangeiros.
Erika Balbino
Formada em Letras e pós-graduada em Jornalismo Digital. Apaixonada por livros, plantas e animais. Ama viajar e pesquisar sobre outras culturas. Escreve sobre diversos assuntos, especialmente sobre saúde, bem-estar, beleza e comportamento.