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A barriga é uma parte do corpo que se torna foco de preocupações estéticas mas que, em alguns casos, podem estar relacionadas a saúde. É uma região que abriga órgãos importantes do sistema digestivo, reprodutivo e urinário e uma alteração súbita em seu aspecto, como um inchaço repentino, por vezes pode indicar que há algo de errado em algum deles.
Porém, é importante primeiro entender o que caracteriza esse sintoma: “o inchaço decorre de situações específicas, seja um processo alimentar, excesso de gases ou alguma doença em si. Já a medida de gordura, ela não varia rapidamente como esse sintoma de inchaço”, explica Rodrigo Barbosa, cirurgião do aparelho digestivo e proctologista, mestre pelo Instituto de Assistência Médica ao Servidor Público Estadual de S. Paulo (IAMSPE). Ou seja, esse sintoma costuma surgir de repente e é preocupante se perdura por muito tempo.
Conversamos com o especialista para entender melhor quais são as principais causas da barriga inchada e como cada uma costuma ser tratada. Confira:
Principais causas da barriga inchada e como resolver
Normalmente, os mecanismos que causam o inchaço abdominal estão muito relacionados a formação de gases (que inclusive, é nossa primeira causa), apesar de esse fenômeno poder ser ocasionado por quadros diferentes. Entenda melhor a seguir:
1. Excesso de gases
O consumo de alimentos que causam muita fermentação, por exemplo, pode causar um acúmulo de gases na região abdominal, o que é a causa mais frequente de inchaço abdominal. Aqui, vamos nos referir principalmente ao acúmulo temporário, que costuma estar relacionado à quantidade de alimentos ingeridos ou à capacidade deles de produzir gases.
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O que fazer: nesses casos, alguns cuidados podem ajudar a reduzir o inchaço como fazer caminhadas leves, evitar alimentos capazes de fermentar na próxima refeição (como algumas leguminosas, tais quais grão-de-bico e feijão e vegetais como brócolis e couve-de-bruxelas). Para prevenir essa sensação, respeite sua saciedade na hora de comer, priorize o consumo de água, evite alimentos gordurosos e reduza os alimentos fermentativos.
2. Intestino preso
Também chamado de constipação, prisão de ventre, entre outros nomes, esse fenômeno consiste na dificuldade de eliminar o que restou do bolo alimentar depois da digestão. “Consideramos uma constipação quando o paciente tem fezes ressecadas e o ritmo intestinal é mais lento, demorando mais de três dias para evacuar”, explica Barbosa. É um quadro comum, apesar de não haver uma estimativa oficial de sua prevalência e favorece o acúmulo de gases no trato digestivo superior.
O que fazer: a melhor forma conhecida de melhorar o trânsito intestinal é priorizar o consumo de fibras e de água. Não ingerir boa quantidade de líquidos faz com que as fibras prendam mais o intestino! Barbosa também indica o consumo de óleos saudáveis, que também ajudam a compor um bolo fecal mais macio e com facilidade de se locomover pelo trato digestivo. Caso você continue com constipação mesmo com esses cuidados, é importante buscar ajuda médica.
3. Características do ciclo menstrual
Durante o ciclo menstrual, com a mudança na concentração e liberação dos hormônios femininos, é normal que o comportamento intestinal seja afetado, favorecendo o acúmulo de gases. “Alguns desses hormônios retardam o ritmo intestinal, diminuindo o peristaltismo e favorecendo até mesmo a constipação”, considera o cirurgião do aparelho digestivo e proctologista. É importante estar atenta, no entanto, já que o inchaço anormal da região, se acompanhado de sintomas como cólicas muito fortes, dor na relação sexual, entre outros, pode estar relacionado a quadros ginecológicos como a endometriose. Portanto é importante conversar com seu ginecologista.
O que fazer: nesses casos, se o problema é um favorecimento da constipação, a mulher pode, nessas fases do mês, tomar mais ainda os cuidados com ingestão de fibras e água.
4. Obstrução intestinal
Quando o inchaço por gases não passa espontaneamente, é hora de começar a se preocupar com problemas de saúde na região intestinal. Barbosa pontua a obstrução intestinal como o principal problema relacionado ao sintoma persistente. A obstrução é causada quando há algo impedindo o caminho do bolo fecal no intestino.
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O que fazer: nesse casos, infelizmente, não há nada que o paciente possa fazer sozinho. É preciso buscar ajuda médica com urgência. No hospital, será avaliado por meio de exames se há mesmo algo bloqueando a passagem do intestino e qual a melhor conduta para a desobstrução, que pode até mesmo envolver cirurgia.
5. Ascite
A ascite é o acúmulo de líquidos livres no abdômen. “Normalmente, acontece devido à cirrose, que pode ser ocasionada pelo consumo excessivo de álcool ou o acúmulo de gordura no fígado não tratado”, explica Barbosa. Ele explica que nas ascite normalmente a barriga fica endurecida e podem até aparecer umas veias saltadas na pele da região.
O que fazer: bem como a obstrução intestinal, a ascite precisa ser tratada por uma equipe médica que avaliará suas causas e quais são os melhores tratamentos para o problema.
6. Intolerâncias alimentares
Existem diversos tipos de intolerância alimentar, como a doença celíaca e a intolerância a lactose. Elas estão relacionadas à incapacidade do corpo em metabolizar algum componente daquele alimento, o que causa reações como náuseas, diarreia e distensão abdominal (a famosa barriga inchada!).
O que fazer: nesses casos, é importante buscar por ajuda de um gastroenterologista que investigará com você qual nutriente provoca esse tipo de reação em você. Uma vez identificado, será indicada uma dieta em que esse item seja reduzido o máximo possível e substituído por opções que não provoquem o sintoma.
7. Síndrome do Intestino Irritável (SII)
Barbosa explica que a síndrome do intestino irritável é um diagnóstico de exclusão: “quando a gente não encontra intolerância alimentar, de doenças inflamatórias intestinais ou outras causas possíveis para dor abdominal, inchaço, diarreia ou mesmo constipação, começamos a cogitar a SII”, descreve o especialista. Não há uma explicação oficial para o que causa esse distúrbio, já que ele não apresenta alterações na estrutura ou na bioquímica do intestino.
O que fazer: Caso você sinta dor abdominal, inchaço, diarreia ou constipação há mais de 12 semanas, é importante buscar um gastroenterologista que irá investigar o problema. Se o diagnóstico levar à SII, o tratamento é complexo e envolve mudanças na alimentação e medicamentos conforme os sintomas apresentados.
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Existem muitas outras causas médicas para o inchaço abdominal. Mas o recado mais importante é que se esse sintoma for persistente, não se resolvendo sozinho depois de um dia e prosseguindo por semanas, é sempre importante procurar um médico especialista para investigar melhor a causa.
6 dicas para prevenir
O inchaço causado por gases pode ser evitado por hábitos saudáveis na hora de comer e na rotina diária, de modo geral. Dê uma olhada em alguns deles:
- Ingira bastante água: o líquido vai ajudar tanto a evitar constipações, como ajuda no bom funcionamento do organismo como um todo;
- Pratique atividade física: os exercícios estimulam o peristaltismo, ou seja, os movimentos dos órgãos do sistema digestivo para a mobilidade do bolo alimentar, evitando gases;
- Coma devagar: mastigar lentamente e comer em pequenas quantidades é bom tanto para evitar a formação de gases, quanto para impedir que você coma além da sua saciedade;
- Diminua os alimentos fermentativos: isso inclui as leguminosas (como grão-de-bico, feijão, lentinha…), algumas frutas (como maçã, ameixa, pêra, pêssego), vegetais (como brócolis, couve-de-bruxelas, repolho e couve-flor), grãos integrais. Não é preciso tirá-los da dieta, mas diminuí-los pode ajudar se você tem propensão ao inchaço;
- Invista em massagens: drenagens linfáticas e outras massagens na região abdominal ajudam na expulsão dos gases;
- Evite também: alimentos muito gordurosos, refrigerantes e ultraprocessados, que costumam ter digestão piorada e estimular formação de gases.
Pequenos ajustes podem ajudar muito esse tipo de sintoma. Para entender melhor o que fazer para se livrar da barriga inchada, confira a matéria sobre como desinchar, que aborda de maneira mais detalhada, os hábitos acima listados, além de apresentar outras formas saudáveis de lidar com o inchaço.