Bem-estar

Autocuidado e prevenção: um guia sobre o câncer de mama

Dicas de Mulher

Atualizado em 19.06.23

O câncer de mama é o tipo mais comum de câncer entre as mulheres brasileiras. A prevenção e a detecção precoce são fundamentais para diminuir os riscos da doença. Para entender melhor essa condição, entrevistamos a médica ginecologista, mastologista e pesquisadora sobre câncer de mama Beatriz Daou Verenhitach, que faz um panorama geral da doença e explica como se prevenir.

O que é o câncer de mama

De acordo com um estudo feito pelo Instituto Nacional de Câncer (INCA), no Brasil, excluindo os tumores de pele não melanoma, o câncer de mama é o tipo mais comum em mulheres de todas as regiões. Para 2022, foram estimados 66.280 novos casos, o que representa uma taxa de 43,74 casos por 100 mil mulheres.

A especialista Beatriz Daou Verenhitach explica que essa doença “é um grupamento de células alteradas, na qual essas células sofrem um dano inicial no nível do seu DNA e, a partir daí, as células se multiplicam de forma alterada, produzindo um tecido que não é idêntico ao tecido em que ele surgiu. Isso faz as células cancerígenas terem características bem diferentes das células do lugar em que elas surgem e, por isso, elas são perigosas”.

Segundo a profissional, a faixa etária mais comum do câncer de mama é a partir dos quarenta e cinco anos e o risco aumenta progressivamente com a idade. “Quanto mais velha a mulher for, maior é o risco de ela desenvolver o câncer. Além do tumor, o câncer de mama pode produzir retrações na mama, deformidades na aréola e na própria pele da mama. Em suma, são sinais parecidos com a inflamação, como vermelhidão e edema das mamas, e raramente sai sangue pela papila”, complementa.

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Tipos de câncer de mama

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De acordo com Beatriz Verenhitach, existem dois tipos mais comuns de câncer de mama, que totalizam 95% dos casos: o carcinoma ductal invasivo e o carcinoma lobular invasivo. “Ambos são malignos e os tratamentos são diferentes, mas cumprem basicamente as mesmas etapas. Já o restante de tipos de câncer de mama é insignificante do ponto de vista de quantidade de casos”, enfatiza. Abaixo, entenda a diferença entre os dois tipos:

  • Câncer de mama carcinoma ductal invasivo: “É o tipo mais comum de câncer de mama. Ele corresponde a 85% dos casos e não tem relação com herança genética necessariamente. Esse tipo costuma produzir nódulos duros”.
  • Câncer de mama carcinoma lobular invasivo: “É o segundo tipo mais comum de câncer de mama, cerca de 15% dos casos, sendo divido em graus I, II e III. Ele costuma produzir uma infiltração mais difusa da glândula mamária e é identificado por uma massa mal delimitada, com células pequenas e parecidas entre si”.

Um acompanhamento médico de qualidade ajuda a identificar o tipo de câncer de mama e a direcionar para o tratamento mais efetivo de acordo com o resultado dos exames. Então, esteja sempre atenta aos sinais e procure fazer exames ginecológicos de maneira periódica, ok?

Sinais e sintomas

Alguns sinais devem ser observados quando se trata de câncer de mama. No entanto, a profissional alerta que “algumas pacientes podem ser assintomáticas desde o diagnóstico até o seu tratamento. Isso acontece nos casos em que a doença é descoberta muito precocemente, quando há nódulos muito pequenos ou na apresentação de calcificações mamárias. Esse, na verdade, é o grande objetivo da mamografia: descobrir doenças assintomáticas, que ainda não causaram nada”, explica. Então, além de fazer os seus exames, esteja atenta a alguns desses sintomas:

  • Retrações na mama;
  • Vermelhidão e edema das mamas;
  • Deformidades na aréola e na própria pele da mama;
  • Nódulo único endurecido;
  • Saída de sangue pela papila;
  • Irritação ou abaulamento de uma parte da mama.

O autoconhecimento do corpo ajuda muito a prevenir o câncer de mama e várias outras doenças. Esteja sempre atenta aos sinais que o seu organismo dá. Se apresentar algum desses sintomas, procure um profissional de confiança o mais rápido possível!

Diagnóstico

Um diagnóstico preciso de câncer de mama ajuda a delimitar melhor o tratamento e, assim, permitir uma qualidade de vida para a paciente. Beatriz Verenhitach reforça a necessidade de exames periódicos, pois a mamografia permite detectar nódulos muito menores, além de diagnosticar de maneira precoce a doença, em seu estágio inicial.

“O diagnóstico pode ser feito na palpação de alguma alteração mamária, e isso pode ser conseguido pelo médico na consulta ou pela própria paciente no autoexame. Mas isso não é suficiente, porque o autoexame fatalmente vai detectar lesões maiores do que um exame periódico às vezes teria detectado”, afirma a médica.

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Ainda assim, “o objetivo é detectar lesões que não são palpáveis, e a gente só consegue isso por meio dos exames periódicos. Se a paciente detectou algo no autoexame, isso é um indício de que a lesão já é maior, porque, pela literatura médica, uma mulher consegue autodetectar um nódulo a partir de 1,5 cm, ao passo que o médico ou enfermeiros treinados conseguem detectar nódulos de até 1 cm. Já os exames de imagem detectam nódulos muito menores que isso, da ordem de milímetros”.

Depois dessa explicação, saiba como são feitos a mamografia e o autoexame, que são as principais formas de detectar nódulos e outros possíveis sintomas.

A mamografia

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A mamografia é um raio X das mamas, realizado para verificar se existem sinais de doença na ausência de sintomas ou alterações da mama. Esse exame é feito por meio de imagens, que podem detectar cânceres em estágios iniciais, antes mesmo que um nódulo possa ser sentido pela palpação, de forma que o tratamento pode ser mais bem-sucedido.

O autoexame

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O autoexame não é considerado um dos exames preventivos do câncer, mas permite conhecer melhor o corpo. Assim, a paciente pode estar atenta a possíveis alterações que possam surgir, como nódulos na mama.

Ele é indicado para as mulheres a partir dos 20 anos que tenham caso de câncer na família ou com mais de 40 anos sem casos na família. Ele é feito uma vez por mês, entre o 3º e o 5º dia após a menstruação ou em uma data fixa nas mulheres que já não menstruam mais.

Como funciona o tratamento

Hoje em dia, existem vários tratamentos quando se trata de câncer de mama. Cada paciente e cada situação é um caso que deve ser analisado pelo médico responsável, como explica a ginecologista. “O tratamento do câncer de mama inclui algumas modalidades terapêuticas que estão sempre, ou quase sempre, presentes”.

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A especialista cita “a cirurgia, a quimioterapia, a radioterapia, a endocrinoterapia, também conhecida como hormonioterapia. Esses tratamentos podem estar associados à reconstrução mamária imediata ou tardia. Todas as modalidades terapêuticas são usadas em combinações que são individualizadas. Quem vai indicar isso para cada paciente é o médico mastologista ou o cirurgião oncológico que a atende”.

Ela também reforça a necessidade de adaptação de tratamento para cada paciente. “É muito difícil falar em um único tratamento para câncer de mama hoje em dia. O tratamento do câncer de mama é como você fazer um vestido de noiva sob medida ou começar a planta de uma casa a partir do zero. Você sabe que ali vai ter cozinha, banheiro e sala, mas cada pessoa vai ter a sala em um lugar, a cozinha em outro etc.”, exemplifica.

Quanto à remoção completa da mama, ela afirma que essa medida já é minoria nas cirurgias mamárias. “A maior parte das pacientes faz cirurgias parciais e, quando faz a cirurgia total, uma grande parte recebe algum tipo de procedimento reparador, que são as plásticas reconstrutivas”, enfatiza.

Como prevenir o câncer de mama

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De acordo com a especialista, a prevenção do câncer de mama infelizmente hoje ainda é bastante limitada. “A prevenção de uma doença significaria ações que evitam que a gente tenha essa doença, certo? Sob essa ótica, nós não temos nada em relação ao câncer de mama, nada com uma eficácia muito elevada, porque nós não temos vacina, embora haja pesquisa nesse sentido”, informa.

Quanto às medidas comportamentais – como dieta, atividade física, eliminação do tabagismo, redução do consumo de álcool etc. -, “todas têm benefícios comprovados, mas infelizmente nenhuma delas vai garantir que aquele indivíduo não venha a desenvolver câncer de mama. Embora sejam práticas altamente recomendadas”, afirma.

Dessa forma, alguns hábitos podem ser seguidos para diminuir os riscos, porém não evitam e não garantem que a pessoa não vá desenvolver o câncer de mama, como explica a médica. Confira alguns desses hábitos:

  • Atividade física;
  • Controle/perda de peso;
  • Consumo reduzido de álcool;
  • Eliminação do tabagismo;
  • Alimentação balanceada;
  • Exames de saúde periódicos.

Esses atos pequenos do dia a dia ajudam a melhorar a saúde do corpo como um todo, mas lembre-se de estar sempre em dia com os seus exames, pois eles ajudam a prevenir essa e outras doenças.

Quais são os fatores que aumentam o risco do câncer de mama

O câncer de mama não tem uma causa única e diversos fatores estão relacionados ao desenvolvimento da doença. Segundo a médica, genética e tabagismo, por exemplo, podem aumentar o risco desse tipo câncer, porém ela alerta que apenas 15% em média de todos os cânceres de mama diagnosticados são por questões genéticas. “Isso significa que 85% dos pacientes vão ter o câncer causado por outros eventos que não seja uma mutação que pertença à sua família”, enfatiza. Abaixo, veja esses fatores:

  • Tabagismo: “O tabaco é considerado um carcinogênico universal, portanto o hábito de fumar é capaz de aumentar cânceres em todos os órgãos, não somente no pulmão. Essa associação também está comprovada no câncer de mama”.
  • Genética: como explicado anteriormente, “15% em média de todos os cânceres de mama diagnosticados são por questões genéticas”, o que leva à necessidade de exames periódicos para esse grupo de pessoas.
  • Alcoolismo: o consumo exagerado de álcool também está associado a um aumento do risco de desenvolver câncer de mama. Esse risco cresce com a quantidade de álcool consumida, de acordo com informações do INCA.
  • Mulheres acima dos 50 anos: também conforme o INCA, “mulheres mais velhas, sobretudo a partir dos 50 anos de idade, têm maior risco de desenvolver câncer de mama. O acúmulo de exposições ao longo da vida e as próprias alterações biológicas com o envelhecimento aumentam, de modo geral, esse risco”.
  • Sobrepeso e obesidade: esse é um fator que aumenta o risco de câncer de mama após a menopausa. No entanto, a ligação entre o peso e o risco da doença ainda é complexa.

Lembre-se sempre de realizar exames anualmente, fazer exercícios físicos regulares, assim como manter uma alimentação equilibrada e se consultar com um(a) profissional de confiança! Afinal, a saúde é o bem mais precioso que se pode ter. Para aprender mais sobre outro tipo de câncer que acomete muitas mulheres, leia também esta matéria sobre câncer de ovário e fique bem informada!

As informações contidas nesta página têm caráter meramente informativo. Elas não substituem o aconselhamento e acompanhamentos de médicos, nutricionistas, psicólogos, profissionais de educação física e outros especialistas.

Jornalista e redatora. Amante de gatos, livros, moda e receitinhas.