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No Outubro Rosa e sempre, cuide também do seu colo do útero

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Com colaboração da ginecologista e obstetra Ana Patrícia Nunes Barros

Atualizado em 02.10.23

Provavelmente você sabe que o útero é um órgão pertencente ao sistema reprodutor feminino. Mas você conhece sua anatomia, os cuidados essenciais, sua relação com a menstruação e com a gravidez? Entender mais sobre o assunto é importante, pois ajuda a prevenir doenças, por exemplo, feridas no colo do útero. Por isso, acompanhe as explicações dadas pela ginecologista e obstetra Ana Patrícia Nunes Barros.

Conheça a especialista

Ana Patrícia Nunes Barros é médica (CRM PI 6254) ginecologista e obstetra (RQE 4399) pelo Hospital e Maternidade Leonor Mendes de Barros - SP, pós-graduada em medicina fetal e ultrassom, com especialização em patologia do trato genital e ginecologia endócrina.

O que é o colo do útero e qual sua função no sistema reprodutor feminino?

A doutora Ana explica que o colo do útero é “a parte inferior e mais estreita do útero”. Ele possui um formato cilíndrico com comprimento entre 2,5 e 4 centímetros. Entretanto, tanto a forma quanto o tamanho variam “de acordo com idade, número de filhos e status menstrual”.

Em relação a sua função, a ginecologista esclarece que ele “funciona como uma barreira física entre o canal vaginal e o útero; permite a passagem do sangue menstrual quando não há fecundação; produz o muco cervical, que facilita o transporte dos espermatozoides até o útero; e permite a sustentação do feto durante a gravidez e sua expulsão durante o trabalho de parto”.

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Anatomia do útero

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Se você já viu alguma esquematização do sistema reprodutor feminino, deve imaginar como é o útero. Ele é um órgão muscular com um formato similar ao de uma pera de cabeça para baixo. Suas paredes espessas são formadas por três camadas: o perimétrio, a camada mais externa; o miométrio, a camada mais grossa que fica entre as outras duas camadas; e o endométrio, a camada mais interna que sofre com as alterações de cada ciclo menstrual.

As dimensões do órgão podem variar de mulher para mulher, mas seu tamanho geralmente fica entre 6,5 e 10 centímetros de comprimento por aproximadamente 6 centímetros de largura. Além disso, o útero é extremamente expansivo. Durante o período de gestação, por exemplo, ele expande para comportar o bebê, voltando ao seu tamanho normal posteriormente.

Já em relação à porção inferior do útero, que faz ligação com o canal vaginal, chamado de colo uterino, segundo a Dra. Ana, pode ser dividido em duas partes: supravaginal e vaginal, sendo essa última “a que o ginecologista visualiza quando examina a mulher com o espéculo”.

Como já apontado, o comprimento do colo do útero pode variar de 2,5 a 4 centímetros. A doutora explica que a região possui o canal endocervical, que se estende do orifício interno, mais próximo ao útero, até o orifício externo do colo, mais próximo à vagina.

Esse pequeno canal costuma ser preenchido pelo muco cervical e possui uma mudança de tecidos em sua estrutura. Uma camada de epitélio similar ao vaginal na parte mais externa, e uma camada de epitélio glandular na parte interna, mais próxima ao útero.

Outro fator pontuado pela especialista é a mudança da parte externa do colo uterino conforme a paridade da mulher: “geralmente a região apresenta fenda transversal ou ovalada quando a mulher já teve filhos, e puntiforme nas que nunca tiveram filhos”, explica.

O colo do útero muda durante a menstruação?

Sim! De acordo com a dr.ª Ana Patrícia, por conta das alterações hormonais, tanto durante o período fértil quanto durante o período menstrual, “o colo uterino apresenta o seu orifício discretamente aberto para permitir a ascensão dos espermatozoides, bem como para permitir a saída do sangramento menstrual”.

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Passados esses dois períodos, a profissional afirma que o orifício externo do colo fica fechado, “ocorrendo a produção de muco mais espesso, que formará uma barreira protetora. O mesmo acontece durante a gravidez.

Como fica o colo do útero durante a gravidez?

No período menstrual, as alterações hormonais fazem o colo do útero se abrir para a saída da menstruação. Já os hormônios da gravidez conduzem o movimento contrário.

Segundo a doutora, “durante a gravidez, o colo uterino precisa suportar o peso do feto em crescimento, por isso se mantém fechado”. Entretanto, quando a mulher entra em trabalho de parto, novamente pelas influências hormonais, “o colo precisa afrouxar para possibilitar a saída do feto, aumentando seu diâmetro cerca de 10 vezes”, esclarece.

5 doenças comuns que podem acometer o colo do útero

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Ainda há muitos tabus envolvendo os problemas ginecológicos, o que atrapalha tanto na disseminação de informações, quanto na autopercepção e autocuidado das mulheres em relação ao próprio corpo. Entretanto, eles são comuns e precisam ser abordados.

Incontestavelmente, nada substitui uma consulta com uma médica especialista, pois ela possui conhecimento e métodos para te ajudar da melhor forma. Contudo, seguindo a missão de informar mulheres, a doutora Ana contou sobre as doenças mais comuns que podem surgir no colo uterino, e quais são os seus sintomas. Confira abaixo:

Condilomas

Segundo a ginecologista, os condilomas, também conhecidos como verrugas genital, “são projeções que se formam no colo uterino. Eles são causados pelo vírus HPV do grupo de baixo risco”, um vírus sexualmente transmissível.

Ana afirma que as lesões não são cancerígenas e, geralmente, não provocam sintomas. Além disso, ela explica que “o diagnóstico é clínico, durante o exame físico realizado pelo ginecologista ou durante a colposcopia, e o tratamento deve ser individualizado”.

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Pólipos

Conforme a profissional, “os pólipos são projeções benignas que podem aparecer no colo uterino”. Eles são formados por nódulos de tecido da estrutura uterina que crescem de maneira incomum.

“Frequentemente assintomáticos, mas podem provocar sangramento após a relação sexual, no período entre as menstruações ou após a menopausa”, revela a doutora, que segue explicando que o diagnóstico, assim como no caso dos condilomas, também ocorre durante o exame realizado pelo ginecologista.

Corrimentos

Os corrimentos vaginais são muito comuns entre os problemas ginecológicos. De acordo com a médica, eles “podem acontecer por germes da própria flora vaginal da mulher, como no caso da candidíase, ou podem ser sexualmente transmitidos”.

Em doenças que apresentam corrimentos, Ana esclarece que os sintomas podem ser: “odor, dor ao urinar, dor na relação sexual, coceira e inchaço local”. Além disso, a ginecologista pontua que o diagnóstico “costuma ser feito por meio dos sintomas relatados pela paciente e pelo exame físico”. O tratamento depende do tipo de corrimento.

Endometriose

A endometriose é uma patologia ginecológica que costuma acometer o útero. Entretanto, segundo a especialista, ainda que “raramente, também pode ocorrer no colo uterino”.

Diferentemente da endometriose uterina, a que acomete o colo é geralmente assintomática. Ana afirma que os “sintomas, como sangramento uterino anormal, intermenstrual ou após a relação sexual, são raros”. Portanto, o diagnóstico praticamente só ocorre por meio do exame físico, e o tratamento depende de cada situação.

Câncer de colo uterino

Causado pelo vírus HPV do grupo alto risco, o câncer de colo uterino é o quarto tipo mais comum entre a população feminina, de acordo com uma estimativa de 2020 do Instituto Nacional de Câncer. “Em estágios bem iniciais, geralmente não há sintomas associados, mas com a evolução do quadro, podem aparecer sintomas, como sangramento, dor, irritação local, corrimento com odor, dentre outros”, explica a especialista.

Contudo, “existe vacina contra o HPV, que faz parte do calendário vacinal de mulheres e homens”. Portanto, é um câncer prevenível. Além disso, de acordo com a especialista, “o seu rastreio é feito por meio do exame preventivo”, dando a possibilidade de descoberta precoce e facilitando o tratamento.

É muito importante estar atenta a todos e quaisquer sinais do corpo que possam ser indícios de uma doença ginecológica, e é mais importante ainda tomar os devidos cuidados e precauções. Aliás, continue lendo para conhecer alguns cuidados fundamentais.

5 cuidados essenciais com o colo do útero

O autocuidado é uma forma de respeitar o seu corpo e cuidar carinhosamente de si. Por isso, confira e coloque em prática as dicas da doutora:

1. Use preservativo

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Você já deve ter ouvido isso inúmeras vezes, mas nunca é demais. Além de prevenir uma gravidez indesejada, o preservativo impede a disseminação de doenças sexualmente transmissíveis, como o HIV e o HPV. “O 1º cuidado para evitar doenças que afetam o colo é o uso do preservativo, pois é o único com alta eficácia na prevenção”, afirma a ginecologista.

2. Vacine-se contra o HPV

Como a doutora falou anteriormente, a vacina contra o Papiloma Vírus Humano existe e “faz parte do calendário vacinal de mulheres e homens”. Além disso, ela previne tanto o vírus do grupo de baixo risco, quanto o de alto risco, que pode causar o câncer de colo de útero.

No SUS, a vacina é oferecida gratuitamente para meninas dos 9 aos 14 anos; meninos entre 11 e 14 anos; ou para meninas e mulheres dos 9 aos 45 anos e homens entre 11 e 26 anos que receberam algum tipo de transplante ou que tenham HIV. Já no particular, a vacina é liberada para mulheres dos 9 aos 45 anos e homens dos 11 aos 26.

3. Visite o ginecologista periodicamente

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Ir ao ginecologista periodicamente faz toda a diferença na prevenção de doenças ginecológicas, consequentemente, em doenças do colo do útero. Isso porque a avaliação e a instrução de um especialista te ajudarão, além é claro de solicitar os exames preventivos necessários.

4. Faça exames preventivos

Junto à visita ao ginecologista, estão os exames preventivos. No caso da avaliação do colo do útero, o exame solicitado é o exame de citologia, popularmente conhecido como Papanicolau, e temido por algumas mulheres.

A doutora Ana explica que o exame de citologia “é capaz de diagnosticar lesões causadas pelo vírus HPV, causador do câncer de colo uterino”, o que auxilia na prevenção e na descoberta da doença. Além disso, é a partir do resultado desse exame que outros poderão ser possivelmente solicitados, como a colposcopia e o exame histopatológico.

5. Mantenha um estilo de vida saudável

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Manter um estilo de vida saudável é algo positivo para inúmeras coisas, e não poderia deixar de entrar nessa lista. Ana esclarece que “manter atividade física e alimentação saudável auxilia no bom funcionamento do organismo como um todo e na manutenção da imunidade”, o que impacta positivamente no sistema reprodutor feminino e consequentemente no colo do útero.

A sua saúde íntima é algo extremamente importante, por isso, cuide-se. Consulte um médio e faça exames preventivos. Falando em informação, confira também a matéria sobre colo do útero baixo e entenda o que isso significa.

As informações contidas nesta página têm caráter meramente informativo. Elas não substituem o aconselhamento e acompanhamentos de médicos, nutricionistas, psicólogos, profissionais de educação física e outros especialistas.

Psicóloga apaixonada por literatura e psicanálise. Acredita que as palavras, escritas ou faladas, têm o poder de transformar.