COLUNA

A Seleção Brasileira foi eliminada da Copa do Mundo Feminina. E agora?

Dicas de Mulher

Muitos questionamentos sobre investimento, comissão técnica e jogadoras surgiram após a saída precoce do campeonato. Qual o futuro do futebol feminino brasileiro depois disso?

Não é possível dizer que a Seleção Brasileira era uma das favoritas para vencer a Copa do Mundo, mas ser eliminada na primeira fase do torneio, em um grupo que tinha Panamá e Jamaica, não fazia parte das expectativas nem dos mais pessimistas.

Apesar de estar em processo de renovação e de ter recebido mais apoio e investimento apenas recentemente, esperava-se muito mais das atletas e da treinadora Pia Sundhage. Erros bobos em campo, nervosismo e demora para fazer as alterações foram alguns dos fatores que influenciaram a desqualificação do Mundial.

Com isso, muitos questionamentos surgiram: a renovação vai continuar? O investimento vai diminuir? A comissão técnica vai embora? Ainda não há resposta para todas essas perguntas, mas uma coisa é certa: podemos ter calma, o futebol feminino brasileiro não acaba aqui. Depois de quase quarenta anos de proibição, normas estéticas absurdas e muito amadorismo, não vai ser um tropeço que vai apagar tudo que foi conquistado.

CBF promete investimento maior

Após a eliminação da equipe, o presidente da Confederação Brasileira de Futebol afirmou que o resultado não muda os planos da entidade de continuar apoiando o futebol de mulheres e aumentando os investimentos, inclusive nas categorias de base.

Ednaldo Rodrigues destacou, também, a grande cobertura jornalística obtida nessa Copa e disse que o foco, agora, estará nas próximas competições, como os Jogos Olímpicos, no ano que vem. Contudo, ele ainda tem um problema importante para resolver antes disso.

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A técnica Pia Sundhage continua no time?

Até agora, não se sabe se a treinadora segue no comando. Após a eliminação da Seleção, Ednaldo Rodrigues disse que o resultado ficou aquém do esperado e que iriam “absorver o resultado” e “analisar com calma” o que aconteceu no ciclo. Mas ainda não houve pronunciamento oficial sobre o assunto.

O contrato da sueca vai até agosto do próximo ano e, segundo informações divulgadas na imprensa, ela quer ficar, mas com as diversas críticas ao trabalho, não está garantida no cargo.

Se a CBF decidir pela permanência de Pia, muitos erros precisarão ser corrigidos para que a campanha apresentada na Copa não se repita. Se outro nome for escolhido para substituir a treinadora, deve ser pensado com seriedade e profissionalismo, para que continue contribuindo e avançando com o trabalho feito até aqui. Alguns nomes como Arthur Elias (técnico do Corinthians feminino) e Rosana (técnica do Red Bull Bragantino feminino) estão em alta entre a torcida. Particularmente, gosto muito das duas opções.

Olímpiadas 2024 e Copa do Mundo 2027

Apesar da decisão sobre o comando da equipe precisar ser analisada com tranquilidade, é importante lembrar que estamos a menos de um ano das Olímpiadas. A continuidade ou mudança da comissão técnica não pode demorar muito para ser decidida, pois isso pode atrapalhar a preparação da Seleção.

Para a Copa do Mundo de 2027, espera-se uma equipe mais competitiva, com mais condições de brigar pelo título e ainda mais renovada, já que sabemos que Marta não joga mais o torneio e jogadoras como Bárbara, Mônica e outras veteranas também não devem constar na lista.

Já Adriana, Ary Borges, Gabi Nunes, Lauren, Duda Sampaio, Kerolin, entre outras, são nomes que podemos ficar de olho e que, provavelmente, farão parte do próximo ciclo.

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Cobranças necessárias

Para que esse trabalho continue avançando, além do apoio, as cobranças são extremamente importantes, por parte da torcida, da imprensa e de outros setores. Cobranças para que os investimentos continuem, que o trabalho seja feito com excelência, que as jogadoras sejam valorizadas, que as categorias de base tenham mais consideração e que os campeonatos nacionais e regionais sigam sendo fortalecidos.

O sucesso do futebol feminino brasileiro depende da continuidade e crescimento do investimento. E nós temos diversas provas de que quando há um bom trabalho sendo feito tudo flui, os títulos chegam e a torcida embarca com o time. Que a CBF cumpra o compromisso de realmente fazer esse trabalho e que as marcas continuem patrocinando esse desenvolvimento.

O futuro das mulheres no futebol é gigante

Não tem volta. Quem não quiser ver mulheres em campo, nos comandos técnicos e nas torcidas, é melhor desistir do futebol. Estamos conquistando espaços e não vamos recuar. São recordes de público e audiência no futebol feminino, torcidas de mulheres crescendo e lutando por espaços nas arquibancadas, árbitras apitando e até mesmo mulheres comandando times masculinos. Isso já é realidade. Não adianta dizer que “ninguém se importa” ou que “não é lugar de mulher”. Aceitem as conquistas e guardem o ódio, fica menos feio.

Quer continuar acompanhando e incentivando o futebol feminino mesmo com a eliminação na Copa?

Não é porque o Brasil parou pelo caminho no Mundial que o futebol feminino vai parar. Ainda é possível acompanhar o restante da competição, que terá jogos incríveis pela frente. Além disso, temos o Campeonato Brasileiro rolando. Ainda este mês começam as semifinais (Santos x Corinthians e São Paulo x Ferroviária), transmitidas, inclusive, na TV aberta.
Também é possível acompanhar campeonatos estaduais e Libertadores feminina com facilidade. E você pode seguir o perfil das competições, das equipes femininas do seu clube e das jogadoras nas redes sociais e ficar por dentro do que está acontecendo no universo do futebol feminino.

Vida longa às mulheres no futebol! Até a próxima!

* Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Dicas de Mulher.

Jornalista, professora, especialista em Jornalismo Esportivo e mestre em Sociedade e Desenvolvimento pesquisando futebol e torcidas.