COLUNA

Sou mãe de crianças pequenas, vivo exausta e me sinto sem perspectivas. O que faço?

Dicas de Mulher

Muitas vezes, mães só precisam compreender que não é preciso dar conta de tudo sozinhas e buscar momentos de felicidade e simplicidade

Oi, minha linda! Eu te entendo. Também sou mãe (de três crianças), cuido de um cachorro, sou esposa e tento conciliar a rotina de casa com meus estudos e trabalho. Isso faz com que muitas vezes eu me sinta sufocada com tantas tarefas e com a sensação de que os dias nada mais são do que maratonas que parecem que nunca serão concluídas.

O que descobri com minhas pesquisas sobre vivências femininas é que a exaustão e o sentimento de que não estamos dando conta nem do mínimo vem de uma cobrança injusta conosco. Injusta porque, historicamente, as mulheres têm assumido funções demais. Estou falando sobre carga mental, dupla jornada e trabalhos invisíveis, pautas bem comuns quando falamos sobre direitos das mulheres. Pode parecer papo de militância, mas é fundamental que a gente dê nome aos processos que vivemos. Só assim conseguimos identificá-los e, quando necessário, revê-los.

Carga mental, por exemplo, tem a ver com todas as obrigações, muitas vezes sob responsabilidade das mulheres, de se preocupar se a lembrancinha da professora já foi comprada, se produto que tira manchas está funcionando para manter o uniforme da criança limpo, se a carteira de vacinação está em dia ou se é hora de trocar aquela pediatra pouco acessível. São pensamentos rotineiros que demandam energia e investimento de tempo e que poucas vezes não são considerados importantes para outras pessoas.

Já a dupla jornada se refere aos trabalhos que surgem depois do horário comercial, tenha você um emprego fora ou não. A verdade é que às sete da noite estamos todos cansados e, infelizmente, sobra para a mãe o compromisso de seguir na ativa para garantir o funcionamento da casa e da família. Nesse caso, é importante lembrar que provedor não é só quem paga os boletos. É também aquela pessoa que se certifica de que haverá sempre um lar onde todos possam habitar de um jeito seguro, saudável e acolhedor. Por isso, minha amiga, te convido a, quando possível, delegar mais e distribuir de forma mais justa todo trabalho, incluindo aqueles invisíveis, como trocar o lixo da pia, abrir as janelas, jogar fora o que venceu na geladeira etc.

Outra sugestão é você se permitir realizar tarefas que beneficiem a você e ninguém mais. Homens tem facilidade em listar seus hobbies favoritos. E você, tem o seu? O meu é cuidar das minhas plantinhas, ler livros fazendo anotações e fazer pão caseiro. Coisas simples, porém, que desligam meu cérebro dos pensamentos acelerados e, consequentemente, exaustivos.

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Quanto às suas crianças, repetirei para você uma frase que ouvi em um consultório médico, num dia em que me sentia a pior das mães enquanto dava bronca, colocava limites e me via falhando: “tudo isso que você está fazendo hoje vai trazer resultados incríveis no futuro”. Quando escutei essa frase meu coração se acalmou. Confie! É o que estou tentando fazer. Porque, não se engane, essas sugestões são tanto para você quanto para mim. Para que nenhuma de nós se esqueça que a mulher-maravilha é fictícia e nós, com nossas limitações, cansaços, incertezas e vitórias, somos de carne e osso. Nosso mundo não precisa ser salvo. Só precisa de nós felizes.

Um beijo grande,
Sua amiga Monique

* Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Dicas de Mulher.

Monique dos Anjos é jornalista, consultora antirracista e escritora de contos eróticos para mulheres. Com 20 anos de experiência na escrita de reportagens sobre o universo feminino, hoje estuda gênero e raça enquanto educa três crianças incríveis que a motivam a reconhecer a felicidade todos os dias e em todas as coisas.