Canva
|
Dona Palmira, 82 anos, faz questão de votar na próxima eleição. Pretende escolher para Presidente da República um candidato que se preocupe em diminuir a desigualdade social e crie políticas públicas para os idosos.
Eloisa, 16 anos, estimulada pela campanha do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), fez seu título de eleitor e está pensando em escolher um presidente que crie políticas públicas voltadas para o público LGBTQIA+. A garota sonha poder influenciar o destino político do país.
Dona Palmira e Eloisa fazem parte dos dois grupos para quem o voto é facultativo, de 16 a 17 anos e acima dos 70 anos, que registraram grande crescimento numérico neste ano. No primeiro grupo, 2,1 milhões de jovens poderão votar; em 2018, eram 1,4 milhões. No segundo, o salto foi de 12 milhões em 2018 para 14,8 milhões em 2022.
Divulgados pelo TSE na última semana, esses dados fazem parte de um perfil completo do atual eleitorado. No primeiro turno das eleições, em 02/10, um total de 156.454.011 de pessoas poderão escolher novos representantes políticos.
Chama a atenção o percentual de mulheres que compõem o eleitorado. São 82.373.164 de eleitoras, equivalente a 53% do total, enquanto os homens eleitores são 74.044.065, equivalente a 47%. E mais, nos dois grupos para quem o voto é facultativo, as mulheres também são maioria. Elas compõem 56% do eleitorado e os homens 44%.
Publicidade
A participação feminina na política é fundamental, tanto como eleitoras quanto como candidatas. Como eleitoras, as mulheres já são maioria, mas ainda é baixo o número delas na política. Evidentemente, a desigualdade de gênero e a cultura patriarcal são fatores determinantes na restrição da política aos homens.
Analistas políticos reconhecem que nas eleições de outubro próximo as mulheres poderão decidir quem será nosso futuro presidente. Inclusive, já antecipam que elas terão um peso decisivo na retirada da extrema direita do poder, pois, em geral, as mulheres se posicionam de forma mais democrática. São os homens que costumam flertar com mais frequência com atitudes autoritárias.
Portanto, o impacto das mulheres nas próximas eleições ocorrerá não apenas porque numericamente compõem um grupo maior, e sim pelas posições que costumam adotar e pelas pautas defendidas. Inúmeros temas são do interesse dessas mulheres.
Elas se importam mais com o meio ambiente, com a educação e a saúde. Preocupam-se com a violência que atinge diretamente seus filhos pretos, pobres e periféricos. Por isso costumam ser contrárias ao armamento da população. Combatem diariamente a violência doméstica. São alvos fáceis do desemprego, do racismo, da homofobia e da intolerância religiosa. Com certeza, são mais afetadas pelas crises econômicas, pelas desigualdades sociais e pela violência. Chefiam a maioria dos lares e, geralmente, são elas que cuidam das crianças, dos idosos e dos adoecidos. Portanto, as mulheres sentem o impacto diário da economia no supermercado e nas suas panelas. São elas também que recebem a maioria dos benefícios sociais.
Não à toa, suas escolhas nas próximas eleições serão decisivas. O pragmatismo dessas mulheres fará com que escolham candidatos que possam melhorar a sua condição de vida e dos seus entes queridos e que olhem com carinho para todos os temas já citados.
As mulheres também poderão contribuir com o combate à desinformação, as chamadas fake news, assegurando um processo eleitoral transparente e democrático. Inclusive, bem informadas nas suas lutas diárias e por noticiários de qualidade, podem influenciar a votação dos demais integrantes da família.
No próximo pleito, ainda não será possível uma ampliação significativa no número de candidatas mulheres, mas as atenções já estão voltadas para isso. Então, esse caminho será trilhado gradativamente. O peso do voto feminino será reforçado pela representatividade feminina na política.
Publicidade
Embora atitudes golpistas estejam ameaçando o cenário político, acredito que teremos o que comemorar nas próximas eleições. E as mulheres farão a diferença!
Doutora em História, mestra em Educação e graduada em Pedagogia. Professora aposentada pela Universidade Estadual de Maringá (UEM). Mantém-se na luta cotidiana pela educação de qualidade, democrática e para todos.