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Muitas mulheres ficam preocupadas e incomodadas ao sentirem a peça íntima úmida. Entretanto, será que o corrimento vaginal é normal? A ginecologista Dra. Ana Paula Mondragon explica o assunto, sua relação com o ciclo menstrual, tipos de secreções, além de esclarecer dúvidas frequentes. Acompanhe!
O que é o corrimento vaginal?
De acordo com a ginecologista, a vagina é recoberta por um epitélio chamado mucosa, que possui muitas glândulas e, dependendo da época do mês, expele uma secreção natural. “Esse tipo de secreção é chamado de corrimento vaginal e é totalmente normal”. Em outras palavras, é um conteúdo natural expelido pela vagina de todas as mulheres.
Para que serve?
A principal função do corrimento é proteger e lubrificar a região íntima. “A secreção está relacionada ao hormônio estrogênio” – se estiver elevado, ele estimula o colo de útero a produzir mais muco. Isso normalmente acontece durante o ciclo menstrual e na gestação.
Qual o aspecto normal do corrimento vaginal?
O corrimento vaginal é basicamente formado por muco, células mortas e micro-organismos que protegem a flora vaginal. Quando saudável, “possui características próprias, como cor transparente, outras vezes, levemente amarelada, sem odor, cheiro e coceira”, explica a ginecologista. Se estiver nas condições citadas, o corrimento é totalmente natural.
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Quando devo me preocupar com o corrimento vaginal?
A secreção vaginal pode sofrer alterações, principalmente quando decorrente de aspectos patológicos. Se estiver com cheiro ou consistência, acompanhada de coceira, ardor ou desconforto, não demore para procurar uma orientação profissional. Abaixo, conheça as variações e características mais frequentes dos principais tipos de corrimento:
Corrimento vaginal amarelo
O que pode ser: se o corrimento amarelado “apresentar cheiro forte, pode ser sinal de gonorreia, clamídia ou de vaginose bacteriana”. As duas primeiras são Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs). Já a terceira é decorrente de um desequilíbrio da flora vaginal.
Outros sintomas relacionados: “se o corrimento estiver amarelo-esverdeado com odor de peixe, é possível ser tricomoníase” – uma IST transmitida pelo protozoário Trichomonas vaginalis. Embora muitas vezes assintomática, a infecção pode causar dor ao urinar e/ou durante a relação sexual, bem como sensibilidade na vulva.
Corrimento vaginal marrom
O que pode ser: geralmente, esse tipo de corrimento antes da menstruação não é sinal de preocupação. “O corrimento marrom está relacionado a um sangramento pequeno e pode ser interpretado como o preparo do corpo para o próximo ciclo menstrual”. Dessa forma, possui um aspecto de borra de café, que aparece antes ou após a menstruação.
Outros sintomas relacionados: normalmente, o corrimento marrom ocorre devido a algumas alterações fisiológicas. Quando apresenta sintomas, como dor, mau cheiro ou coceira na vagina, pode indicar alguma doença ginecológica.
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Corrimento vaginal cinza
O que pode ser: quando apresenta “cor cinza e odor de peixe pode indicar Gardnerella”. Essa bactéria está presente no corpo, porém, devido a um desequilíbrio da flora vaginal, causa a vaginose bacteriana.
Outros sintomas relacionados: além de corrimento acinzentado e cheiro forte, a Gardnerella provoca ardência ao urinar e, em alguns casos, coceira vaginal.
Corrimento vaginal branco pastoso
O que pode ser: “o corrimento branco grumoso é um indicador de candidíase ou colpite”. A candidíase é um tipo de vulvovaginite causado pelo aumento de fungos, possivelmente a Candida albicans. Essa espécie de fungo se prolifera por fatores comportamentais e maus hábitos alimentares. Já a colpite é uma inflamação na vagina e no colo uterino causada por protozoários, fungos ou bactérias.
Outros sintomas relacionados: além do corrimento branco pastoso, pode ocorrer odor desagradável, coceira vaginal, sensação de ardência, vermelhidão, dor durante o sexo, entre outros.
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Corrimento vaginal verde
O que pode ser: a ginecologista informa que o corrimento esverdeado também é um indicador de candidíase e outras infecções ginecológicas.
Outros sintomas relacionados: a maioria das mulheres sente dor ou desconforto ao urinar, coceira e ardor na vagina.
Corrimento vaginal com cheiro forte
O que pode ser: a secreção com odor forte indica uma possível infecção vaginal provocada por fungos ou bactérias, como candidíase, clamídia e tricomoníase.
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Outros sintomas relacionados: o corrimento pode estar amarelo-esverdeado com cheiro forte de peixe. Geralmente, a mulher geralmente sente dor, coceira leve ou intensa e queimação na região íntima.
Corrimento vaginal rosa
O que pode ser: o corrimento rosa “é comumente encontrado no pós-parto, pois o sangramento uterino é pequeno. Assim, ao se misturar com a secreção vaginal, torna-se rosado”.
Outros sintomas relacionados: em geral, o corrimento rosado é considerado normal, exceto nos casos em que está acompanhado de dor ou cheiro forte. Desse modo, pode indicar infecções ou outras alterações importantes.
Corrimento vaginal transparente
O que pode ser: a secreção transparente (lembra a clara de ovo) “está relacionada à época da ovulação”. Durante o período fértil, há o aumento do estrogênio e, consequentemente, da secreção que mantém a vagina mais úmida.
Outros sintomas relacionados: a ginecologista esclarece que o “corrimento transparente ou levemente amarelado, sem odor, cheiro e coceira nunca será uma patologia”. Ele é totalmente normal no período fértil.
O corrimento pode ser natural ou indicar problemas vaginais. Por essa razão, é fundamental conhecer o corpo, fazer exames periódicos e ficar atenta aos assuntos sobre a saúde da mulher.
Quando procurar ajuda médica?
Normalmente, quando o corrimento vaginal não é saudável, ele apresenta aspecto e coloração diferentes. Entre os sintomas que ligam o alerta, estão:
- Dor;
- Cheiro desagradável e forte;
- Coceira;
- Ardência na vagina;
- Dor durante o contato íntimo;
Ao perceber esses sintomas, agende uma consulta médica para fazer uma avaliação profissional. O diagnóstico precoce de infecções pode facilitar o tratamento e evitar complicações.
Como acabar com o corrimento vaginal?
O corrimento vaginal saudável é importante para o bem-estar da mulher. Segundo a ginecologista, “o fluxo da secreção vaginal está relacionado ao período hormonal”. Assim, é necessário desfazer o tabu da peça íntima úmida. Isso não indica falta de cuidado ou doença. A especialista orienta “apenas manter a boa higiene íntima e deixar a região mais arejada sempre que possível”.
Então, é recomendado usar roupas confortáveis, dormir sem calcinha e não usar produtos irritantes. Alguns deles, como sabonetes, absorventes perfumados, amaciantes e lubrificantes íntimos, podem causar reações alérgicas.
Principais dúvidas sobre o corrimento vaginal respondidas
O corrimento vaginal gera muitas dúvidas entre as mulheres, inclusive é motivo de incômodo e preocupação. Por isso, a ginecologista esclarece dúvidas frequentes sobre o assunto. Acompanhe:
Dicas de Mulher – É normal o corrimento vaginal manchar a calcinha?
Ana Paula Mondragon – As secreções normais têm pH vaginal entre 3,8 a 4,5, e ajudam a manter a umidade natural. Então, quando entram em contato com o tecido de algodão, esse fica um pouco amarelado ou com a região desbotada.
O corrimento está relacionado à fertilidade?
No meio do ciclo da fase de ovulação, a mulher está em seu período fértil, então, a secreção passa a ser transparente, mais espessa e melecada, porém não tem cheiro.
O que causa o cheiro forte do corrimento vaginal?
A presença de lactobacilos variados (normais) e fungos e bactérias (patológico).
Devo usar sabonetes ou duchas para acabar com o corrimento vaginal?
A vagina tem sua flora específica, que ajuda a protege de infecções quando está em equilíbrio. Sendo assim, o sabonete deve ser utilizado apenas na vulva (área externa) e deve ter pH de neutro para ácido.
É normal ter corrimento na gravidez?
Na gestação, a mulher recebe uma“ bomba” de hormônios, que estimulam as glândulas da vagina, aumentando a produção do muco cervical. Assim, a tendência é aumentar gradativamente o corrimento na gravidez.
A higiene adequada e o uso de presenvativo durante o sexo são fundamentais para prevenir infecções no trato genital inferior feminino. Além disso, realizar os exames ginecológicos periodicamente pode evitar uma série de complicações.
Erika Balbino
Formada em Letras e pós-graduada em Jornalismo Digital. Apaixonada por livros, plantas e animais. Ama viajar e pesquisar sobre outras culturas. Escreve sobre diversos assuntos, especialmente sobre saúde, bem-estar, beleza e comportamento.