Bem-estar

Corrimento branco pastoso é motivo para preocupação? Ginecologistas respondem

Canva

Com colaboração da Ginecologista Sibele Klitzke

Em 05.10.23

Quando o assunto é a saúde íntima da mulher, ainda há muitos tabus. Entre as várias formas e cores de secreções vaginais, o corrimento branco pastoso é um dos mais frequentes. A ginecologista Sibele Klitzke explica o assunto, abordando aspectos fisiológicos e patológicos. Aprenda a identificar as características que indicam um sinal de alerta.

Conheça a especialista

Sibele Klitzke é médica ginecologista, especialista em cirurgia ginecológica, laser em ginecologia e doenças do HPV.

É normal ter corrimento branco pastoso?

O corrimento vaginal é algo natural do sistema reprodutor feminino. Segundo a Dra. Sibele, “é uma secreção resultante da interação entre a microbiota, que habita a nossa vagina, as células de defesa e o muco”. Todos esses elementos são produzidos pelas glândulas vaginais.

A vagina possui umidade, assim, as secreções são naturais e nem sempre indicam doenças. No caso do corrimento branco pastoso, a Dra. Sibele afirma que ele pode, sim, ser algo normal. Entretanto, o médico precisa de “informações clínicas da paciente para poder dizer se o corrimento é normal ou não”.

Geralmente, a secreção natural é caracterizada pela ausência de sintomas ou desconfortos ginecológicos. A médica pontua que o corrimento branco pastoso pode ser desencadeado por causas fisiológicas ou patológicas, que serão descritas a seguir. Confira!

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Principais causas do corrimento branco pastoso

Seja fisiológico ou patológico, é fundamental entender as principais causas e as características do corrimento branco pastoso. Assim, você poderá cuidar de sua saúde íntima com mais segurança. Acompanhe as explicações da especialista:

  • Progesterona: o aumento dos níveis desse hormônio, principalmente no período fértil, pode desencadear o corrimento. Também é uma secreção natural, sem sintomas ou desconfortos.
  • Presença de lactobacilos: a “predominância de lactobacilos na flora vaginal” pode deixar o corrimento branco com textura pastosa. É uma secreção natural e sem sintomas.
  • Candidíase: uma das principais causas patológicas do surgimento do corrimento pastoso branco. Apresenta um conjunto de sintomas, como “coceira vaginal, ardência, desconforto durante a relação sexual e cheiro”. Possui um aspecto mais espesso e grumoso.
  • Vaginite de Doderlein: com características semelhantes às vaginites fúngicas, como a presença do “corrimento branco pastoso, com odor um pouco mais ácido, ardência na vagina e desconforto”. É causada pela proliferação em excesso dos lactobacilos presentes na flora vaginal.
  • Vaginose bacteriana: o desequilíbrio da flora vaginal e a redução do pH vaginal favorecem as infecções bacterianas. Pode apresentar sintomas, como coceira, ardência, dor ao urinar e corrimento com odor forte.

Mesmo se você estiver com os exames ginecológicos em dia, ao perceber qualquer alteração no corrimento vaginal ou na região íntima, consulte uma ginecologista.

Corrimento branco pastoso é sinal de gravidez?

De acordo com a Dra. Sibele, as gestantes apresentam um aumento na produção de secreção vaginal. Isso ocorre devido às mudanças hormonais e aumento da circulação sanguínea na região pélvica. No entanto, não há um respaldo científico para afirmar que o corrimento branco é sinal de gravidez.

O corrimento branco pastoso é normal durante a gravidez?

Mesmo não sendo um sinal característico de gestação, o corrimento branco pastoso pode, sim, ser normal e inofensivo nesse período, justamente devido ao aumento da umidade vaginal e, consequentemente, das secreções. Dra. Sibele pontua que é importante observar todos os sinais e possíveis sintomas que acompanham esse corrimento, pois, durante a gravidez, há maior risco de infecções fúngicas e bacterianas.

Corrimento branco pastoso: quando se preocupar?

O corrimento branco pastoso nem sempre é motivo para se preocupar. Contudo, existem características que indicam uma possível patologia. Abaixo, a Dra. Sibele fala sobre os sinais para ficar alerta:

  • Coceira ou ardência na região intima: seja na parte interna ou externa da vulva, a coceira, quando acompanhada de corrimento branco pastoso, pode ser sinal de uma vulvovaginite, por exemplo, a candidíase.
  • Dor ou desconforto pélvico: outro sinal que deve ser avaliado por um médico especialista. Geralmente, a dor e o desconforto se manifestam durante as relações sexuais ou ao urinar.
  • Odor desagradável: se o corrimento apresentar um odor desagradável e forte, como cheiro de peixe, ele pode ser indício de uma vaginose fúngica ou bacteriana.
  • Corrimento persistente: mesmo sabendo que a vagina possui a produção de secreções naturais, se o corrimento branco pastoso persistir por um longo período, o ideal é consultar uma ginecologista para investigar a causa.
  • Sangramento anormal: caso o corrimento branco pastoso venha acompanhado de um sangramento anormal, também é bom ficar atenta. A presença de sangue pode indicar infecções ou problemas uterinos.

Qualquer mudança significativa na cor, textura, odor, frequência do corrimento, além do surgimento de sintomas adjacentes, demandam atenção. Observe os sinais do seu corpo e procure um médico!

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Como acabar com corrimento branco e pastoso?

O primeiro passo é investigar se a secreção está relacionada a uma causa natural. “Nesse cenário, a paciente continuará tendo o corrimento”. Para as causas patológicas, com a presença de sintomas, como coceiras, ardência, dores e odores, é fundamental consultar uma ginecologista. Os tratamentos dependerão do diagnóstico. Nos casos mais comuns, como de candidíase, a prescrição é de um “tratamento local com creme ou um óvulo via vaginal, com algum medicamento antifúngico”.

Para casos de candidíase de repetição, ou seja, que ocorreram mais de 3 vezes no período de um ano, o médico pode indicar o “uso de antifúngico de protocolos especiais, em esquema estendido, ou a aplicação do laser vaginal”. A repetição do quadro possui diversas causas, entre elas, higiene íntima inadequada, relações sexuais sem preservativo, uso frequente de antibióticos, estresse significativo e má qualidade de sono. Essas informações são importantes para o tratamento correto.

Nos quadros da vaginite de Doderlein, a orientação é melhorar a alimentação, a qualidade do sono e cuidar da saúde mental. O tratamento é realizado com banho de assento ou duchas vaginais com bicarbonato de sódio para regular o pH vaginal. “É um tratamento antigo e oferece uma melhora significativa”, afirma Dra. Sibele.

Conheça seu corpo e os padrões que se estabelecem durante o ciclo menstrual. Também é importante realizar o acompanhamento ginecológico periodicamente, pois isso ajuda a prevenir quadros patológicos. Aproveite para conferir os exames de rotina essenciais para a saúde da mulher.

As informações contidas nesta página têm caráter meramente informativo. Elas não substituem o aconselhamento e acompanhamentos de médicos, nutricionistas, psicólogos, profissionais de educação física e outros especialistas.

Psicóloga apaixonada por literatura e psicanálise. Acredita que as palavras, escritas ou faladas, têm o poder de transformar.