Moda e Beleza

Decotes para todos os gostos!

dicas de Mulher

Psicóloga

Atualizado em 02.10.23

Uma das maiores marcas de feminilidade e ousadia é o decote. Julgado por muitos e amado por outros, ele é o símbolo de que ser sexy é ter atitude, deixando o colo à mostra, sem mostrar tudo.

Há registros de que as mulheres usavam decotes desde a Grécia Antiga, quando as roupas foram adaptadas para a amamentação. Aliás, o vestido “Tarkhan”, a peça mais antiga do mundo encontrada por arqueólogos, no Egito, possuía pregas e um decote em “V”, demonstrando que esse recorte no busto já existia há mais de 5 mil anos. Ao longo da história, ele foi ganhando diversos significados e, segundo a consultora de imagem e visagista Karen Arceni, “no início do século XX, era comum que as mulheres usassem roupas sem decotes, com golas em modelos que cobriam todo o colo”. Assim, de acordo com a especialista, as roupas femininas eram feitas para não realçar as curvas das meninas, e uma das intenções era achatar os seios.

“As peças com decotes conservadores permaneceram em alta até a década de 20. Já nos anos 50, os decotes começam a ser mais ousados”, afirma Karen. Atualmente, é sinônimo de beleza e, para a visagista, o que vale é não se prender a uma determinada época, uma vez que os cortes estão sendo reinventados e usados a todo momento e para todos os formatos de corpos.

Há quem diga que o decote é vulgar, pois deixa parte dos seios à mostra. Os seios são representantes da sexualidade feminina, uma vez que constituem uma parte erógena do nosso corpo. Por causa disso, em muitos países, como no Brasil, eles costumam estar “cobertos”, sendo considerados parte da intimidade. Em outros lugares, são vistos com naturalidade, como na famosa praia de Saint-Tropez, na França, onde há a prática comum do topless (em inglês, “sem a parte de cima”). Pensando em questões antropológicas, ainda temos os indígenas ou aborígenes, habitantes nativos que preservam sua cultura não europeia, e se mantêm livres dos tecidos que cobrem os seios.

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Tudo isso quer dizer que mostrar as mamas (ou parte delas) pela roupa também é um ato cultural. No Brasil, há certo medo de usar peças decotadas, pelo recorrente e impune ato de assédio sexual contra mulheres. Durante o ano de 2021, cerca de 31,9% das mulheres relataram ter sofrido, naquele período, algum tipo de assédio verbal em locais públicos, como cantadas ou comentários desrespeitosos. A desenvolvedora de Software, Isabela Previate, 32 anos, diz que gosta de usar decotes, porém repensa sua roupa dependendo do lugar que vai. “Se for um ambiente que acho que vou encontrar muitos homens, eu penso em evitar para não encarar olhares desconfortáveis ou mesmo por não me sentir tão segura”, comenta. Apesar disso, Isabela afirma que se sente “empoderada, livre e gostosa” quando está com roupas decotadas. Além disso, ao contrário do que muitos pensam, os assédios não são culpa da vítima ou da roupa que ela usa e, sim, do assediador. Por isso, é preciso incentivar as mulheres a usar aquilo que lhes faz bem, em vez de se esconderem por medo. Nesse contexto, o decote nada mais é do que uma escolha que aumenta a autoestima feminina, não um “convite” para comentários desconfortáveis. Quando perguntada sobre o que diria a mulheres que têm medo de ousar na roupa, Isabela aconselha que foquem no motivo positivo de escolherem usar decote e tentem arriscar mais.

Colocar parte das mamas à mostra é um ato de coragem e de autoconfiança e que exige que estejamos confortáveis com nosso corpo. Há mulheres que simplesmente não se olham no espelho, não se permitem “decotar”, pois há um profundo desgosto sobre suas formas físicas. Sabemos que, com o tempo, as mamas tendem a ficar mais flácidas e mudam, especialmente após a gravidez. Hoje, há inúmeras formas de reverter o quadro, como cirurgias estéticas e próteses de silicone. De modo geral, é importante encontrarmos as maneiras que estejam ao nosso alcance de nos sentirmos bem com nossas curvas e ao vestirmos as roupas que queremos. 

Além disso, toda vestimenta pode ser adaptada para nossas preferências e não há somente um tipo de recorte para as blusas e vestidos. Há os decotes em “V”, decotes profundos, decotes “canoa”, decotes em “U”, retos, de um ombro só, na parte dos seios, dos braços ou das costas, ou seja, há decotes para todos os gostos!

A visagista Karen Arceni afirma que um belo decote é uma ferramenta maravilhosa para deixar a mulher ainda mais bonita, poderosa e sensual em poucos minutos. “Com ele, é possível ajustar as proporções do corpo, alongar a silhueta e te deixar mais jovem. Consequentemente, ele ajuda a elevar a autoestima, trazendo mais autoconfiança e jovialidade”, confirma a profissional. 

Usar roupas que deixam algo parcialmente à mostra mexe com os sentidos de quem usa e de quem vê. O interessante a ser notado é que aquilo que é belo nem sempre está totalmente exposto. A ideia de usar uma roupa decotada é mostrar um pedacinho para que o todo seja imaginado, fantasiado. Nesse sentido, os decotes são uma forma de expressão da nossa subjetividade e da feminilidade. A escolha de um decote deve depender, primeiramente, de como você se sente confortável e, também, da mensagem que você quer transmitir. Porém, associar o decote a uma mensagem vulgar é um erro. De acordo com Karen, o que dita se o uso de um decote é elegante ou não é o ambiente de cada situação. “Se for um decote mais profundo, o mais indicado é deixar para momentos de lazer, como show, praia, piscina, festas e baladas. Já em ambientes de trabalho, onde se exige mais formalidade e maior discrição, é indicado mostrar menos pele e fazer uso de decotes mais discretos”. Ou seja, os decotes vão bem em todas as situações, por isso, gostar de usá-los é uma forma de expressão, de feminilidade, de elegância e de autoafirmação. Significa que estamos confiantes sobre aquilo que apresentamos ao outro, sobre nosso corpo e nossas características físicas. 

Karen ainda dá uma dica para quem quer “ter peito” para usar um belo decote: “o grande segredo é que, se você quer ousar um pouco mais na profundidade do decote, deve evitar que outros pontos do look também sejam chamativos, como comprimentos míni, roupas muito justas ou transparências”.

Mesmo com todas essas dicas, ainda há mulheres que se sentem acanhadas em mostrar o colo. Muitas vezes, mesmo desejando uma roupa mais decotada, ficam constrangidas com os olhares alheios e preferem passar despercebidas. Aqui, estamos entrando em questões mais emocionais. Os seios, assim como todo o corpo, são uma forma de apresentação de si para o mundo, pois nossa imagem nos coloca presentes nos ambientes pelos quais passamos. É preciso diferenciar um olhar constrangedor de um olhar de admiração, que virão inevitavelmente, independentemente das nossas vestimentas. Muitas vezes, as mulheres evitam usar uma roupa decotada por medo de julgamentos, mas eles virão mesmo que você não opte pelo decote, ninguém está livre disso. A psicóloga e professora Thamilly Rozendo acredita que a forma como escolhemos nossas roupas, o estilo, os tons, tudo isso passa pela escolha daquilo que identificamos fazer sentido para nós. Sobre os olhares julgadores dos outros, a profissional comenta que é importante, antes de tudo, questionar-se: “É o outro que pensa algo sobre o meu decote ou sou eu que me julgo?”. A partir disso, compreender que, na maioria das vezes, a resposta que se encontrará é a de que os outros são apenas os outros, ou seja, “isso precisa fazer sentido para você”, destaca Thamilly. 

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Por isso, nos conectarmos com nossos desejos é tão importante: para que esses julgamentos tenham uma influência cada vez menor em nossas escolhas. Nesse caso, a única coisa que define se você pode ou não usar um decote é sua vontade. Então, escolha aquele decote que te agrada mais e mostre o poder da sua feminilidade!

Psicanalista e Palestrante, graduada em Psicologia e em Letras, com Mestrado e Doutorado em Linguística e Pós-Graduada em Sexualidade Humana. Dedica sua carreira ao desenvolvimento de mulheres líderes no trabalho, nos relacionamentos e na vida. É autora do livro "A linguagem da loucura" e empresária, ama comunicação, esportes, viagens e celebrações.