Dicas de Mulher
O Dispositivo Intrauterino, mais conhecido como DIU, é considerado um dos mais eficazes métodos contraceptivo reversível do mercado. Segundo o ginecologista Rodrigo da Rosa Filho, ele vem crescendo exponencialmente em popularidade, especialmente nas últimas décadas. Tire todas as suas dúvidas sobre o método com especialista, saiba como ele funciona, os tipos e descubra se o DIU é uma boa alternativa para você.
Como funciona
De acordo com o profissional, há diferentes tipos de DIU, mas o que todos têm em comum é seu tamanho pequeno, flexibilidade, formato em “T” e que ficam acoplados no interior da cavidade uterina. Eles agem criando um ambiente intrauterino hostil aos espermatozoides, evitando a chegada deles às trompas ou tendo efeito espermicida.
Os dispositivos são divididos em 2 tipos principais: os hormonais e não hormonais e, de forma geral, conquistam os mesmos resultados contraceptivos. Os DIUs hormonais liberam doses de levonorgestrel, um hormônio derivado da progesterona, de maneira controlada e localizada; ele provoca o afinamento da camada do útero e, com isso, pode diminuir ou parar a menstruação. Já o DIU de cobre, não hormonal, impede a fecundação sem afetar a ovulação ou suspender a menstruação.
O contraceptivo apresenta uma taxa de eficácia superior a 99% e é inserido pelo ginecologista através de um procedimento simples. Algumas pacientes relatam sentir uma dor semelhante à cólica no momento da aplicação e é possível que ela seja realizada com anestesia local para evitar tais desconfortos. Dependendo da estrutura do dispositivo, ele pode ficar alojado no útero de 3 a 10 anos, sendo necessária a sua substituição após esse período.
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Ele é recomendado para pessoas com mais de 14 anos, sexualmente ativas ou não, que estejam em puerpério ou amamentando, para o tratamento de endometriose ou adenomiose e proteção do endométrio durante terapia hormonal. O dispositivo é ideal para quem não se adapta à rotina e efeitos colaterais de outros anticoncepcionais, como a pílula oral.
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Rodrigo esclarece que é possível fazer a sua retirada no momento em que a mulher desejar, mas “o ideal é esperar seis meses, pelo menos – tempo em que os efeitos ainda estão se adaptando ao corpo”. Após esse período, é preciso marcar uma consulta para a extração. No caso de mulheres que pretendem engravidar, a indicação é que o dispositivo seja retirado cerca de três meses antes de tentar a concepção, para que o organismo tenha tempo suficiente para voltar à sua normalidade fisiológica e a gestação ter mais chances de sucesso.
Quanto custa?
O valor do DIU varia muito de acordo com o produto escolhido e a taxa de colocação cobrada pelo profissional de saúde. Em média, apenas o dispositivo, custa entre R$ 100 a 1.200. Mas uma vantagem é que a colocação do DIU está prevista na maioria dos planos de saúde e o SUS também oferece a inserção do DIU de cobre gratuitamente.
“De forma geral, o DIU de cobre costuma ser um método mais barato e mais acessível à população como um todo. Considerando que a sua duração é de até dez anos, seu uso pode compensar financeiramente em relação aos gastos com outros métodos anticoncepcionais”, comenta o especialista.
Efeitos colaterais e contraindicações
Segundo o médico, apesar de muito eficaz e ajudar a evitar as reações secundárias causadas por hormônios, o dispositivo pode ter efeitos adversos. “Nos primeiros três meses após a colocação do DIU, a paciente pode perceber um agravamento nas cólicas menstruais, aumento no tempo do período menstrual em cerca de um dia e ainda ter hemorragias uterinas”, diz.
Entre os possíveis riscos, o especialista alerta para a não adaptação do organismo ao dispositivo. “É possível que no momento da colocação do DIU o músculo se contraia e ele acabe entrando no miométrio. Em alguns casos, pode migrar para a cavidade abdominal e a pior consequência possível é a perfuração do intestino”, esclarece o ginecologista, mas garante que os casos são raros.
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O método deve ser reconsiderado ou mesmo descartado em casos de:
- Suspeita de gravidez;
- Má formação congênita do útero;
- Câncer do endométrio ou do colo do útero;
- Sangramento anormal de causa desconhecida;
- Doença inflamatória pélvica.
É fundamental conversar com o seu ginecologista e realizar exames ginecológicos regularmente para decidir sobre o melhor anticoncepcional para cada caso. Com algumas dúvidas esclarecidas, fica mais fácil considerar as possibilidades que o DIU oferece.
Tipos de DIU
Entendido como o DIU age, neste tópico serão apresentadas 3 opções de dispositivos, de acordo com o ginecologista Rodrigo da Rosa Filho, para você analisar qual destas é melhor para você. São duas hormonais e uma não hormonal, confira cada uma delas:
DIU de cobre
O DIU de cobre é a alternativa que não libera hormônios. Ele atua em diferentes etapas do processo reprodutivo, desde dificultar a passagem do espermatozoide até prevenir a implantação do óvulo na parede uterina. Seus efeitos duram cerca de 10 anos. Não necessita de manutenção mensal, apenas visitas periódicas à ginecologista. Pode causar alterações no ciclo menstrual, como aumento do fluxo menstrual, sangramento nos intervalos entre as menstruações e cólicas mais intensas. Os sintomas podem variar de acordo com cada organismo, por isso o acompanhamento médico é essencial!
DIU Mirena
O Sistema intrauterino (SIU) ou DIU Mirena, libera 52 miligramas de hormônios, impedindo que o espermatozoide encontre o óvulo. Assim como o DIU de cobre, precisa ser colocado no consultório médico. Por ser hormonal, há diminuição de fluxo e duração das menstruações. Sua duração é de até cinco anos. Assim como o DIU de cobre, há casos raros de deslocamentos.
DIU Kyleena
Assim como o Mirena, o DIU Kyleena também possui liberação hormonal, porém, em quantidade ainda menor, cerca de 19,5 miligramas. Tem duração de até 5 anos e é indicado para mulheres que não podem utilizar métodos que contenham estrogênio. Além disso, ele não inibe a ovulação e é menor e mais fino que o Mirena.
O especialista ressalta que uma consulta prévia é necessária, para que o ginecologista possa conhecer melhor a paciente. Juntos, vocês podem ponderar sobre as vantagens e desvantagens de cada um e decidir pelo modelo mais adequado.
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DIU x Outros métodos
Definir o melhor método contraceptivo depende das características do organismo, da rotina e dos hábitos de cada mulher. Confira a comparação do DIU com os outros métodos:
Métodos hormonais
Os métodos contraceptivos hormonais, de forma geral, são aqueles que previnem a gravidez ao inibir a ovulação por meio da liberação de hormônios combinados, ocasionando, também, em maior controle do ciclo menstrual. Entre os mais comuns, estão:
- Pílula anticoncepcional
- Injeção anticoncepcional
- Adesivo anticoncepcional
- Chip anticoncepcional
- Anel vaginal
O principal diferencial do DIU em relação aos citados é a baixa e localizada absorção de progesterona no organismo, tendo ação predominante no endométrio. Ele não inibe a ovulação e seus efeitos colaterais podem se restringir, principalmente, aos primeiros meses de adaptação. Algumas pessoas podem relatar cólicas e fluxo mais intenso, sensibilidade nas mamas e aumento de oleosidade na pele.
Já os outros métodos hormonais apresentam queixas sobre dores de cabeça, sangramentos de escape, aparecimento de acnes na pele, alteração no humor, náuseas, retenção de líquidos, ganho de peso e perda da libido. Nenhum anticoncepcional com hormônios protege contra ISTs, evitando apenas a gravidez.
Outro ponto a ser considerado é com respeito à praticidade que o DIU oferece. Tanto a pílula quanto o chip ou injeção anticoncepcional, precisam de uma certa periodicidade de manutenção ou substituição. Uma vez colocado o DIU, você poderá passar no mínimo 5 anos sem se preocupar em trocá-lo.
Métodos de barreira
Os métodos de barreira são utilizados apenas durante as relações sexuais e, assim como o nome diz, criam uma barreira física impedindo o contato do esperma com a cavidade uterina. Entre os mais utilizados estão a camisinha e o diafragma.
São livres de hormônios e, por isso, não alteram o ciclo menstrual, tendo seus efeitos colaterais restritos a possíveis alergias ou desconforto com os materiais durante a relação sexual. Dentre suas maiores vantagens está o baixo custo de aquisição, sendo possível encontrar pacotes de preservativos a menos de R$10 ou gratuitamente em qualquer UBS no país. Além disso, são os únicos métodos que protegem contra ISTs. Por isso, mesmo que não haja possibilidade de gravidez, como no sexo oral, é importante utilizar a camisinha feminina ou masculina para se proteger.
Caso você decida pelo DIU, é indispensável continuar o uso de métodos de barreira por questões de saúde. Assim, a proteção será dobrada: não haverá risco de gravidez e nem de possíveis infecções entre você e sua parceria.
O mais importante antes de optar pelo DIU ou por qualquer outro método é avaliar os fatores prós e contras, entender qual se encaixa melhor com seu perfil e consultar um médico para que a escolha seja feita sem riscos e sem consequências indesejadas. Por fim, se você já passou por uma gravidez e está amamentando, se informe sobre anticoncepcional para quem amamenta e entenda mais sobre o assunto.