Dicas de Mulher
Conheça a trajetória e curiosidades sobre a cantora que revolucionou a MPB e eternizou diversas canções importantes
O Brasil perdeu uma de suas mais importantes vozes, Gal Costa, que cantou a diversidade e a cultura do Brasil. Em uma trajetória que vai muito além do campo musical, Gal foi a musa da Tropicália, ícone da contracultura e resistência à ditadura militar. Interpretou os maiores compositores de todas as gerações da música brasileira e deixa uma herança cultural incalculável.
Meu nome é Gal
Maria da Graça Costa Penna Burgos nasceu em Salvador, na Bahia, em 1945. Nos bastidores era chamada de Gracinha e adotou o nome artístico de Gal por sugestão do produtor Guilherme Araújo ainda no começo da carreira. A artista mudou o nome de registro e passou a assinar oficialmente como Gal Maria da Graça Penna Burgos Costa.
Doces Bárbaros
Junto a Caetano Veloso, Gilberto Gil e Maria Bethânia, formou o grupo Doces Bárbaros, que comemorou os dez anos de carreiras individuais de sucesso. Da turnê veio o álbum Doces Bárbaros – Ao Vivo, considerado uma obra-prima da música brasileira. O grupo foi enredo da escola de samba Estação Primeira de Mangueira no carnaval de 1994 e tema de vários documentários.
Musa da Tropicália
Gal eternizou diversas composições do tropicalismo e participou, junto a Caetano Veloso, Tom Zé, Gilberto Gil, Nara Leão e ao Grupo Os Mutantes do disco Tropicália ou Panis et Circensis, que marcou o início do movimento tropicalista, marcante na contracultura e resistência à ditadura militar no Brasil.
Fa-Tal
Em 1971, em meio ao autoritarismo da ditadura, estreou o show Gal a Todo Vapor, dirigido por Waly Salomão, uma experiência cultural que misturava o tropicalismo, potência vocal, poesia, rock’n roll e liberdade sexual e se tornou marco da época. O espetáculo deu origem ao álbum Gal Fa-Tal A Todo Vapor, que segue sendo cultuado há gerações.
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Gal em novelas
Ao longo de sua carreira, a voz de Gal apareceu em mais de 30 músicas em novelas, entre aberturas e temas de personagens. Uma das mais marcantes foi Modinha para Gabriela, abertura da trama inspirada no romance Gabriela, Cravo e Canela de Jorge Amado. Além das canções, Gal também apareceu em participações especiais em Dancing Days, Celebridade e Babilônia.
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Censura
Em 1973, lançou o LP Índia, que tinha como capa um close de sua pélvis usando apenas um biquíni vermelho e adereços indígenas, que foi censurado pelos militares “por atentar contra a moral e os bons costumes”. A gravadora sofreu sanções militares e foi obrigada a vender o disco em embalagem lacrada, escondendo a imagem.
Filha de Obaluaê e Iansã
Gal se declarava uma pessoa de muita espiritualidade, afirmando em entrevista à revista Ela: “Depois de iniciada no Candomblé, nunca mais me senti sozinha. Tenho muita fé”. Com Maria Bethânia, interpretou a canção Oração de Mãe Menininha, composta por Dorival Caymmi, e frequentou a casa da ialorixá, onde foi iniciada e era filha de Obaluaê e de Iansã.
Corpo livre
Apesar de ser uma pessoa que preza muito pela privacidade em sua vida particular, Gal sempre teve uma grande liberdade com seu corpo. Em 1985, às vésperas de completar 40 anos, aceitou o convite para posar nua na revista Status. O ensaio surpreendeu os fãs e teve texto de apresentação do amigo Caetano Veloso.
Rock’n roll da sofrência
Quando estava selecionando canções para seu álbum A pele do futuro, Gal decidiu pedir uma composição a Marília Mendonça, pois queria uma música de sofrência gravada em ritmo de disco music, foi aí que nasceu a parceria para Cuidando de Longe. Gal considerava o estilo da sertaneja único, e o classificou como o rock’n roll da sofrência.
Afilhados
Gal é madrinha de batismo de Moreno Veloso, filho de Caetano, e de Preta Gil, filha de Gilberto, seus amigos e parceiros musicais de longa data. Ambos os afilhados tinham uma relação próxima com a madrinha e destacaram sua influência tanto artística quanto pessoal em suas vidas.
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Mãe
O sonho da maternidade foi realizado quando adotou Gabriel, então com 2 anos. Ela considerava o filho “a luz de sua vida” e a inspirou quando fez o álbum A Pele do Futuro, com ritmo dançante. Afirmava o filho é parte da “geração que vai salvar o planeta”.
Voz cristalina
Em 2012, a revista Rolling Stone selecionou os cantores e cantoras mais importantes da música brasileira, com a colaboração de 60 especialistas do jornalismo musical. Gal Costa figurou na sétima posição, com destaque para suas interpretações marcantes de grandes compositores, voz cristalina e sendo considerada uma das mais afinadas cantoras dos palcos.
Prêmios
Gal teve uma carreira muito premiada, entre os diversos prêmios, se destacam o Prêmio Grammy Latino à Excelência Musical, recebido em 2011, pelo conjunto de sua obra, o Prêmio da Música Brasileira, em 2016 e os Prêmios Multishow de melhor show em 2012 e em homenagem aos seus 50 anos de carreira em 2015.
Gal no cinema
O longa metragem Meu nome é Gal, inspirado em sua vida e dirigido por Dandara Ferreira e Lô Politi já foi filmado e está previsto para estrear em 2023. Gal será interpretada pela atriz Sophie Charlotte, que afirmou sobre a cantora: “A Gal é a resistência pelo corpo, pela arte, pela moda, pelo comportamento. No fim, a gente compreendeu que aquilo ali é uma mulher se fazendo, se potencializando e se libertando”.
Em seus 57 anos de carreira, teve o reconhecimento do Brasil e do mundo como uma das grandes artistas, relembre algumas das frases de Gal Costa mais marcantes de seu repertório. Gal se vai, mas seu legado fica, pois “a vida é amiga da arte”.
Bruna Barranco
Comunicóloga. Trabalha com estratégia de conteúdo. Quando não está viajando está planejando a próxima viagem. Mangueirense formada em escolas de samba. Se interessa por qualquer boa história, principalmente as de cinema. Vive a vida no modo aleatório.