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Saiba o que é homossexualidade e quais são os caminhos para a autoaceitação

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Atualizado em 19.10.23
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É fato que o processo de aceitação da homossexualidade é dificultado pelo preconceito existente na sociedade. Por isso, a psicóloga Thaís Ventura, que atua com psicoterapia para a população LGBTQIA+, explica sobre esse assunto e compartilha dicas para a autoaceitação.

O que é a homossexualidade

Segundo a psicóloga, “a homossexualidade é uma forma de exercer o afeto e o desejo nas relações. Em outras palavras, é como uma pessoa experimenta seu desejo com uma pessoa do mesmo gênero o qual ela se identifica”.

É importante salientar que relacionamentos homoafetivos sempre existiram, mas a homofobia começou, principalmente, por causa da organização social patriarcal. Por este motivo, a luta por respeito e visibilidade é vasta e, nessa luta, é possível destacar A Rebelião de Stonewall, o grupo Nuestro Mundo e até mesmo a Segunda Onda do Feminismo.

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Homossexualidade e a homoafetividade

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É muito comum utilizar esses dois termos para expressar a mesma ideia, pois as duas expressões “falam essencialmente das práticas sexuais ou de afeto”. Entretanto, nesse sentido, a homoafetividade “se refere especificamente à atração afetiva por pessoas do mesmo gênero, mesmo quando ela não é acompanhada da atração sexual”.

Em suma, o termo homossexualidade é mais antigo, pois surgiu a partir da necessidade de substituir a palavra homossexualismo. Já o termo homoafetividade é mais ligado com relacionamentos estáveis, sendo o exercício da homossexualidade. Isso significa que homossexualidade é mais ligado à orientação sexual e a homoafetividade à realização afetiva das partes envolvidas.

Por que o termo homossexualismo é incorreto

O termo homossexualismo é errado pois “o sufixo ismo está ligado a doença, como por exemplo em bruxismo“. A psicóloga explica que a Organização Mundial de Saúde tirou esse termo do Código Internacional de Doenças (CID) há 32 anos, deixando claro que não existe nada na natureza da homossexualidade que possa ser relacionado a doença.

Por este motivo, é importante que essa palavra caia em desuso, uma vez que “pessoas homossexuais não estão ou são doentes por causa do afeto ou vivência sexual entre pessoas do mesmo gênero”, até porque, amar alguém jamais vai ser considerado como uma enfermidade.

A homossexualidade no Brasil

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No Brasil, 2,9 milhões de brasileiros se declaram homossexuais ou bissexuais, de acordo com pesquisa inédita do IBGE. Os dados são referentes a uma pesquisa realizada em 2019 e representam 1,8% da população adulta, maior de 18 anos, do país na época.

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No entanto, os números de pessoas homossexuais ou bissexuais podem ser muito maiores, considerando que 3,6 milhões de pessoas não quiseram responder sua orientação sexual para a pesquisa e 1,7 milhão afirmou não saber qual é a sua orientação sexual.

Essa autodeclaração ainda pode ser influenciada pela homofobia e até mesmo a bifobia existentes no Brasil. Ventura explica que “as dificuldades e preconceitos estão em todo lugar. Vão desde o convívio familiar, até na busca por um emprego, andar nas ruas e se relacionar”.

Ela destaca que ainda não existe ambiente seguro para as pessoas LGBTQIA+ no Brasil, pois “somos o país que mais mata pessoas LGBTQIA+ por ano, quase uma morte por dia e ainda temos dados subnotificados”. Entretanto, ela também afirma que “ao longo dos anos, percebemos que se fala mais abertamente sobre isso, mas estamos em caminhadas curtas para a liberdade total”.

De acordo com levantamento realizado pelo Grupo Gay da Bahia, em 2021, foram registradas no Brasil 300 mortes violentas entre pessoas LGBTQIA+, somando uma morte a cada 29 horas. Esse número representa um aumento de 8% em relação aos dados de 2020, somando 276 homicídios e 24 suicídios. No entanto, o número de casos pode ser muito maior, devido à dificuldade de mapear todos os casos, causada pela subnotificação.

A homossexualidade não é uma opção

A orientação sexual não é uma coisa que se escolhe. A psicóloga explica que “ninguém acorda um dia desejando gostar de X ou Y” e complementa, dizendo que “o afeto e o desejo são percebidos à medida que vamos nos desenvolvendo ainda criança e na adolescência começamos a sentir a sexualidade desabrochar”.

Ela chama atenção para a natureza inata do desejo, pois “o desejo é inato do ser humano e podemos ver em outros ambientes, como no reino animal, relações homoafetivas e animais que transitam de gênero, então faz parte da natureza e do nosso instinto”.

Em uma sociedade em que o preconceito contra pessoas LGBTQIA+ se faz tão presente e apresenta tantos desafios, a psicóloga comenta ainda que tem “plena certeza de que se uma pessoa LGBTQIA+ pudesse escolher algo, não escolheria fazer parte de um contexto que gera preconceito e sofrimento”.

Homossexualidade na adolescência

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Devido a todo o preconceito que segue presente na sociedade, a adolescência, que já é uma fase difícil, pode ser ainda mais conturbada para pessoas homossexuais. A profissional explica que esses jovens “sofrem todo tipo de xingamento, exclusão e sofrimento”.

A situação também pode ser amplificada pelo ambiente familiar, pois “algumas famílias criam seus filhos fazendo associações entre a homossexualidade e gênero, dizendo que uma pessoa uma pessoa assumidamente gay é alguém que quer ser menina, ou outras expressões totalmente equivocadas”.

Essas situações de preconceito podem causar inúmeros impactos “vão desde crianças que desenvolvem depressão, ansiedade, transtorno de pânico, abuso de álcool e outras substâncias quando mais velhos e algumas podem chegar até ao suicídio”, lista.

A psicóloga ainda alerta que “estudos mostram que um jovem LGBTQIA+ que sofre preconceito tem 3 vezes mais chances de cometer suicídio do que um jovem hetero, sendo que 62,5% dos jovens LGBTQIA+ já pensaram em suicídio em algum momento”.

3 passos e 2 dicas para ajudar na autoaceitação

Esse cenário faz o processo de autoaceitação da homossexualidade ser consideravelmente difícil. Por este motivo, a psicóloga cita três dicas que podem te ajudar nesse momento:

1. Se informar

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A psicóloga explica que o “primeiro grande passo é buscar o maior número de informações possível para compreender cada vez mais o que está acontecendo com você.”

Enquanto “tem pessoas que conseguem logo de cara identificar o desejo ou o afeto, há algumas que ainda se questionam. Por isso, buscar leituras, vídeos, páginas que possam auxiliar nessas respostas faz toda diferença”, principalmente se o seu núcleo família não fala sobre esse tema.

2. Dialogar com pessoas de confiança

Nesse sentido, a especialista destaca que o “segundo ponto é buscar alguém de sua confiança para dialogar e falar sobre as coisas que vem sentindo”. É importante destacar que as pessoas de confiança não precisam ter necessariamente um laço de sangue com você, às vezes um amigo, professores e até mesmo alguns grupos podem gerar bons diálogos.

3. Procurar um processo terapêutico

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Como terceiro ponto, a psicóloga aconselha “buscar um processo terapêutico, em que você possa elaborar as suas questões e ajudar na organização dos próximos passos, como se assumir para a família, medo do preconceito e dificuldade de aceitação”.

5 dicas antes de se assumir para alguém

A profissional ainda compartilhou 5 dicas que você pode levar em consideração ao se preparar para se assumir para alguém, confira o que ela disse:

  • Tenha sempre pessoas confiáveis por perto ou uma rede de apoio para que possa te auxiliar neste processo. É importante contar com alguém que passou por isso e já sabe como lidar;
  • Entenda que nem todas as pessoas reagem bem às questões de gênero e sexualidade. As pessoas têm dúvidas e preconceitos;
  • É importante sempre ter um plano B, caso a sua primeira organização para falar não dê certo;
  • Esteja confiante e mostre sua felicidade em ser quem é. Não brinque, não ria ou fique tímido. As pessoas ficarão aliviadas em ver sua tranquilidade;
  • As pessoas podem reagir com base na sua reação em contar, por isso, esteja preparado para responder as perguntas que virão.

Agora que você já sabe mais sobre a homossexualidade, confira também essa matéria que explica sobre a assexualidade e a arromanticidade.

Jornalista e produtora de conteúdo. Fã de cultura POP com interesse em Estudos Culturais, tentando acumular o maior número possível de hobbies nas horas vagas.