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Luisa Stefani joga tênis por amor e não pelo resultado

Luisa Stefani

Atualizado em 14.11.22

Luisa Stefani não estava convocada para representar o Brasil nas Olimpíadas de Tóquio. De última hora, ela e Laura Pigossi receberam uma ligação que mudaria o destino das atletas no esporte. A primeira medalha do país no tênis veio com o bronze das paulistanas em Tóquio-2020. No mesmo ano, Luisa se tornou a primeira mulher brasileira a entrar no topo do ranking da WTA.

Do frescobol para o tênis

Natural de São Paulo, Luisa Veras Stefani nasceu em 9 de agosto de 1997. O tênis entrou em sua vida aos 10 anos. Nessa época, sua mãe começou a praticar esporte para melhorar o desempenho no frescobol, que a família praticava nas férias. Ela gostou tanto que decidiu matricular Luisa e o irmão mais velho, Arthur, nas aulas. Aos 14 anos, quando a família decidiu se mudar para os Estados Unidos, a adolescente começou a jogar na categoria juvenil do tênis e nas principais competições, os Grand Slams. No juvenil, Stefani chegou à 10ª colocação do ranking.

Luisa recebeu uma bolsa para estudar na Pepperdine University, na Califórnia, e participar do circuito universitário. Ela foi nomeada a “caloura do ano”, em 2015, pelo ITA (Associação Intercolegial de Tênis). Com 40 vitórias e 6 derrotas, a tenista chegou ao segundo lugar do ranking universitário. Disputou mais um ano e, então, decidiu trancar o curso de Publicidade para tentar a sorte no circuito profissional.

Carreira profissional

Stefani começou a temporada de 2017 com bons resultados. Como era seu primeiro ano, enfrentou diversas dificuldades, entre elas o sentimento de estar sozinha, pois não contava com uma equipe estruturada. Em 2018, a tenista decidiu voltar para a universidade e dividiu seu tempo entre torneios profissionais e universitários. Começou 2019 no top 200 e foi convidada pela mexicana Giuliana Olmos para disputar um torneio em Monterrey. A dupla chegou à semifinal e, com isso, Luisa subiu para o top 130. Nessa época, ela decidiu se dedicar às competições em dupla.

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A tenista norte-americana Hayley Carter convidou Luisa para formar uma dupla. Elas queriam entrar no top 100 do ranking. Logo no primeiro torneio, o WTA 250 de Seul, foram vice-campeãs. Na semana seguinte, conquistaram o primeiro troféu juntas no WTA de Tashkent, no Uzbequistão. Stefani fechou 2019 como a número 68 do mundo.

Em 2020, elas participaram da terceira rodada do Australian Open, venceram o Oracle Challenger Series de Newport, atingiram às quartas de final de Dubai e venceram WTA de Lexington. No US Open, a dupla também chegou às quartas de final – esse foi o melhor desempenho de Luisa até então. Em 2021, a dupla estava na primeira final de um WTA 1000 em Miami. Em dois anos e meio com Hayley, Luisa Stefani se tornou a 23ª maior tenista do mundo.

No segundo semestre de 2021, Stefani passou a jogar com a canadense Gabriela Dabrowski. A parceria rendeu o vice-campeonato no WTA de San Jose, o título do WTA 1000 de Montreal e o vice no WTA 1000 de Cincinnati. A dupla chegou no US Open como uma das favoritas. Pela primeira vez, Luisa estava no top 20. Antes dela, a única brasileira a chegar tão longe em um Grand Slam foi Maria Esther Bueno, em 1968.

Nas semifinais, Luisa rompeu o ligamento do joelho e precisou abandonar o circuito. Mesmo sem jogar, ela chegou ao top 10, na nona posição, em novembro de 2021. Esse feito só foi atingido por Maria Esther Bueno, Carlos Kirmayr, Guga, Cássio Motta, Bruno Soares e Marcelo Melo.

Olimpíadas

Após realizar uma cirurgia de apendicite e, por isso, não participar do Roland Garros, Luisa foi convocada para representar o Brasil nas Olimpíadas de Tóquio-2020. Além de jogar em dupla mista com Marcelo Melo, de última hora, ela foi chamada para entrar em quadra com Laura Pigossi. Marcelo e Luisa foram eliminados na primeira rodada pela dupla sérvia.

No feminino, Luiza e Laura venceram a dupla canadense. Elas chegaram às semifinais, porém foram derrotadas pelas suíças Belinda Bencic e Viktorija Golubic. Na disputa pelo bronze, venceram a dupla russa após estarem perdendo de 9 a 6 no match tie-break. As brasileiras viraram o placar e conquistaram a primeira medalha brasileira no tênis.

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Maior tenista brasileira desde Maria Esther Bueno

Luisa sempre foi considerada uma atleta com grande potencial para chegar ao topo do ranking mundial de tênis. Ela alcançou a tenista brasileira Maria Esther Bueno. Como o ranking oficial foi criado somente em 1973, Maria Esther foi eleita a melhor do mundo por diversos veículos em anos anteriores. A única brasileira no Hall da Fama do tênis serve de inspiração todos os dias para a paulistana.

“Quero deixar um legado não só para que as meninas acreditem nos seus sonhos, mas realmente busquem e encontrem pessoas que deem sentido a esses objetivos. Que todas possam se conhecer, continuar aprendendo, continuar levando consigo gente que as façam melhorar”. – Luisa Stefani, em ‘A Voz Povo’

Stefani ocupa o lugar de modelo que Maria Esther preencheu durante muito tempo. Ela sabe que é inspiração para diversas meninas brasileiras. Além disso, considera seus resultados e conquistas importantes para a próxima geração de tenistas mulheres e para mais garotas se interessarem pelo esporte.

10 vezes que Luisa Stefani provou ser uma das melhores tenistas de sua geração

Luisa Stefani chegou ao top 10 do ranking mundial justamente porque é fera nas quadras! Abaixo, confira 10 curiosidades sobre a tenista que é o orgulho do Brasil:

1. Medalhista Pan-Americana

Ao lado de Carol Meligeni, em 2019, Stefani ganhou a medalha de bronze no Jogos Pan-Americanos de Lima. Elas venceram as chilenas Alexa Guarachi e Daniela Seguel de virada e conquistaram a segunda medalha para o tênis brasileiro. A dupla se reencontrou em 2021 e disputou a Billie Jean King Cup, perdendo o jogo decisivo contra a Polônia.

2. Apaixonada por esportes

Luisa Stefani sempre recebeu o incentivo dos pais para praticar esportes. Ela já fez natação, Taekwondo e jogou futsal. Atualmente, além do tênis, a atleta se arrisca nos esportes radicais. Para fechar, é uma praticante árdua de ioga.

3. Prêmio Brasil Olímpico 2021

Luisa Stefani

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O desempenho da dupla Luisa e Laura Pigossi foi reconhecido, assim, as duas levaram o Prêmio Brasil Olímpico no tênis em 2021. A premiação destaca os melhores atletas do ano e provou que a medalha conquistada pelas duas foi um feito inédito para o esporte brasileiro.

4. Disputou o simples, mas se encontrou nas duplas

Com o convite de Hayley Carter para jogar em dupla, Stefani decidiu parar de disputar as simples. Além de sentir falta de uma equipe estruturada, a tenista sempre teve mais facilidade e naturalidade para competir na companhia de outra atleta.

5. Dupla mista com Bruno Soares

Em 2021, no Aberto da Austrália, Stefani teve a chance de disputar as mistas ao lado de Bruno Soares. O atleta brasileiro já foi considerado o melhor duplista do país e sua maior marca foi o segundo lugar no ranking mundial de duplas. Em publicação no Instagram, Luisa agradece Bruno por tê-la ‘carregado’ na competição. Ele, inclusive, foi cortado dos Jogos Olímpicos após ser diagnosticado com uma apendicite ao chegar em Tóquio.

6. Ponto de duplas do ano

Em uma votação aberta, Luisa Stefani e Gabriela Dabrowski ganharam o prêmio de ponto de duplas do ano de 2021. O ponto escolhido foi de uma disputa do WTA 500 de San Jose contra a australiana Ellen Perez e a tcheca Kveta Peschke. Nessa competição, Luisa e Gabriela foram vice-campeãs.

7. Primeiro título na grama com Bia Haddad Maia

Em 2019, Luisa fez dupla com a brasileira Bia Haddad. As duas conquistaram o primeiro prêmio na grama no ITF 100 de Ilkley. Elas venceram a final contra a dupla australiana Ellen Perez e Arina Rodionova. Além do título, elas ficaram com o vice no ITF de Cagnes-sur-Mer e pararam nas quartas no WTA de Praga. Bia disse em entrevista após o título: “estou muito feliz, principalmente pela Lu, em poder fazer parte dessa conquista dela, o primeiro título em um torneio de US$ 100 mil. Ela merece muito, é uma menina especial, que vem fazendo bons jogos e tenho certeza que virão muitas outras boas semanas jogando juntas”.

8. Desistiu de Roland Garros por conta de uma apendicite

Em maio de 2021, após sentir um forte incômodo enquanto disputava o WTA 250 de Estrasburgo, Luisa procurou um hospital e recebeu o diagnóstico de apendicite. Ela precisou ser operada com urgência e teve que desistir de sua vaga em Roland Garros. Suas chances de disputar uma vaga para os Jogos Olímpicos diminuíram, mas nunca se anularam.

9. O fatídico tie-break que rendeu a medalha de bronze

Luisa Stefani e Laura Pigossi estavam conformadas que não disputariam os Jogos Olímpicos. Eduardo Frick, gerente esportivo da Confederação Brasileira de Tênis, havia inscrito o nome das jogadoras mesmo sem garantia de vaga. As atletas nem sabiam que a confederação havia feito isso. Quando houve uma leva de desistências, Laura e Luisa foram chamadas. Elas precisaram enfrentar ganhadoras de Grand Slams, cabeças de chave, ex-número 1 do mundo. Então, derrotaram as atletas russas e conquistaram a primeira medalha do Brasil no tênis.

10. Lesão na semifinal do US Open

No tiebreak do 1º set na semifinal do US Open, Luisa torceu a perna. A tenista caiu no chão e imediatamente começou a gritar de dor. Ela precisou abandonar o jogo e saiu de cadeira de rodas. Após exames, foi detectado que ela havia rompido o ligamento do joelho. Em depoimento ao ‘A voz do tênis’, ela conta como foi o momento: “tudo ficou preto. Não sei ao certo por quanto tempo. Eu perdi a noção de onde estava. Não ouvia nada. Silêncio total. Foi como um apagão. Quando eu recuperei a consciência, os meus sentidos foram voltando. E, assim, a dor tomou conta do meu corpo”.

Outra tenista que marcou seu nome na história é a japonesa Naomi Osaka. Enquanto Luisa vai dominando as duplas, Osaka faz sucesso no simples e tem uma trajetória que vale a pena a leitura!