Bem-estar

Métodos contraceptivos: conheça suas opções para não engravidar

Canva

Com colaboração da Ginecologista Andrea Sales

Atualizado em 22.11.23

Os métodos contraceptivos são grandes aliados das mulheres com vida sexual ativa. Existem diversas opções, subdivididas em métodos de barreira, hormonais, intrauterinos, permanentes e alternativos. Entretanto, como escolher o melhor para você? O Dicas de Mulher conversou com a ginecologista Andrea Sales, do laboratório Salomão Zoppi da Dasa, que explicou as especificidades de cada um. Acompanhe!

Conheça a especialista

Andrea Sales é ginecologista, especializada em saúde reprodutiva e ginecologia preventiva, com mais de duas décadas de experiência clínica. Atualmente, lidera inovações em cuidados com a saúde da mulher e gestão clínica.

Eficácia de cada método contraceptivo

Para compreendermos a eficácia dos principais métodos contraceptivos, Andrea indica o Índice de Pearl: desenvolvido pelo cientista Raymond Pearl em 1933. A tabela apresenta uma média de gestações a cada 100 pessoas que utilizaram determinado método no período de um ano. Assim, quanto menor o número, maior a eficácia.

A tabela é dividida em uso perfeito (quando o contraceptivo é usado corretamente conforme a prescrição) e uso habitual (quando o contraceptivo é usado incorretamente). Por exemplo, para um uso perfeito, ou ideal, a pílula anticoncepcional deve ser tomada todos os dias no mesmo horário. Entretanto, algumas pessoas esquecem e variam o horário exato, assim, o uso é considerado habitual, ou típico. Agora, observe a tabela:

Dicas de Mulher

Em alguns métodos, o uso perfeito e o habitual apresentam diferenças significativas. Por isso, é importante conhecer as opções disponíveis – se você é uma pessoa que esquece horários, preferencialmente, pode escolher um método que independe de fatores externos.

Publicidade

Métodos contraceptivos de barreira

Os métodos de barreira mais conhecidos são: camisinhas masculina e feminina, diafragma e espermicidas. Também entram nesse grupo a esponja contraceptiva e o capuz cervical. No Índice de Pearl, é possível notar que esses contraceptivos apresentam as maiores taxas de gravidez. Segundo Andrea, eles “são menos efetivos, porém importantes, porque são os mais acessíveis”.

Camisinha

A camisinha é um método extremamente acessível, pois, além de ser vendida em farmácias e supermercados, é distribuída gratuitamente em postos de saúde do Sistema Único de Saúde (SUS). A versão masculina é a mais conhecida, entretanto a camisinha feminina também é uma opção igualmente eficaz.

Apesar de ter um Índice de Pearl relativamente mais baixo que os outros anticoncepcionais, a camisinha é importante para a prevenção de infecções sexualmente transmissíveis (ISTs). Ela deve ser combinada com outro método contraceptivo, principalmente quando há troca frequente de parcerias.

Diafragma

O diafragma é um dispositivo coberto por uma membrana de látex ou silicone, no formato de um capuz, com a borda flexível. Ele é colocado dentro da vagina e forma uma barreira física para inibir a entrada dos espermatozoides. Para aumentar sua eficácia, é possível aplicar espermicida, uma substância que mata os espermatozoides, na parte superior da “tampa” do diafragma.

O uso do diafragma exige as seguintes considerações: “tem que fazer uma avaliação do tamanho de vagina, tem que ser colocado de forma muito específica, além de ser pouco encontrado nas farmácias”. O dispositivo não é descantável e, com os cuidados corretos, dura até três anos.

Capuz cervical

O capuz cervical é um copinho de borracha plástica colocado na vagina para proteger o colo do útero. Segundo Andrea, seguindo o Índice de Pearl, “a cada 100, entre 16 e 20 mulheres engravidam. A cada 100, tá? Não é a cada mil. Então, ele é um método pouco efetivo perto dos outros anticoncepcionais”.

Outro ponto importante é que o capuz cervical funciona melhor para mulheres que nunca deram à luz. Nesse caso, o colo do útero é um pouco menor, aumentando, assim, a eficácia do método.

Publicidade

Esponja contraceptiva

A esponja contraceptiva não é comercializada no Brasil, mas funciona de forma muito semelhante ao diafragma e ao capuz. O método consiste em uma esponja que você umedece e coloca na vagina, agindo como uma barreira no colo do útero. Não é muito eficaz, por isso, pouco recomendado.

Espermicidas

Os espermicidas isolados são pouco eficazes, pois, “às vezes, você não aplica no local correto ou erra a quantidade”. Desse modo, sombram espermatozoides, e basta a chegada de um ao óvolo para provocar a gravidez. Então, depende muito do uso correto para ter uma eficiência”. No entanto, é um ótimo acompanhante para outros métodos, como o diafragma, o capuz cervical e a esponja concraceptiva.

Entre os métodos de barreira, o ideal é usar a camisinha aliada a outro método mais eficaz. Assim, você aumenta sua proteção contra uma gestação e evita também ISTs.

Métodos contraceptivos hormonais

Os métodos contraceptivos hormonais “enganam o cérebro, que deixa de emitir os hormônios necessários para que haja o pico de ovulação e a saída do óvulo”. Entre os métodos mais conhecidos, estão a pílula oral, a injeção mensal, o adesivo e o implante. Todos possuem o mesmo Índice de Pearl (exceto pelo implante, que é ainda mais eficaz).

Pílula oral

A pílula anticoncepcional oral oferece doses diárias de hormônio. Além de ser facilmente adquirida em farmácias, a ingestão é rápida. Entretanto, ela deve ser tomada sempre no mesmo horário (uso perfeito) para impedir a ovulação, caso contrário, sua eficácia estará comprometida. Existem pacientes que não se adaptam a esse esquema e acabam engravidando. Se você pular um dia ou mais, é importante buscar alternativas de proteção.

Injeção hormonal

A injeção hormonal costuma agir da mesma forma que a pílula oral, entretanto, diferentemente da ingestão diária, ela é aplicada mensalmente. Embora seja mais prático para quem esquece os horários com facilidade, o método apresenta sinais de desuso, pois “traz uma quantidade de hormônio muito grande para a mulher, o que pode ocasionar problemas de saúde”.

Implante hormonal

O implante hormonal subcutâneo, também conhecido como chip anticoncepcional, é um aparelhinho colocado no antebraço, embaixo da pele, para impedir a ovulação. Nos dois primeiros meses, o dispositivo libera uma quantidade maior de hormônios, então, “ao longo do primeiro ano, vai reduzindo a liberação até se estabilizar. Dura em torno de dois a três anos, dependendo da massa corporal da paciente”.

Apesar de ser um método hormonal, em eficácia e durabilidade, ele se iguala aos métodos intrauterinos, com a vantagem de não ter chance de deslocamento. A desvantagem, no entanto, é a acessibilidade: o método é caro. Além disso, é preciso uma boa avaliação do ginecologista para entender se ele é a melhor opção para você.

Publicidade

Adesivo anticoncepcional

O adesivo anticoncepcional funciona como a pílula e a injeção, porém ele transfere os hormônios de forma subcutânea. A vantagem é que não precisa ser aplicado diariamente, mas pede uma troca semanal, sempre intercalando o local de aplicação, com 3 semanas de uso e uma de pausa. Ele pode ser aplicado nos braços, costas, baixo ventre e glúteos.

Anel vaginal

O anel vaginal é inserido na vagina, entretanto, não é um método de barreira (não dispensa o uso de camisinha para impedir as ISTs). Ele libera os hormônios diretamente na corrente sanguínea. Como o adesivo, deve ser trocado a cada 21 dias, com pausa de uma semana para a próxima colocação.

E a pílula do dia seguinte?

A pílula do dia seguinte não é considerada um método anticoncepcional. Ela deve ser usada eventualmente e como emergência. “Se eu não uso nenhum método e tenho uma relação desprotegida, o que fazer? É aí que preciso recorrer a ela”, explica a ginecologista. O uso rotineiro não é recomendado, pois a pílula possui uma “quantidade de hormônios muito grande, o que pode afetar o ciclo menstrual“.

Os anticoncepcionais hormonais possuem eficácia semelhante e preços parecidos. O implante é mais caro, porém mais eficiente. A escolha do melhor método dependerá das preferências pessoais. É importante tomar essa decisão com a orientação de um ginecologista. Assim, caso você não se adapte, o profissional te ajudará a encontrar soluções.

Método contraceptivo intrauterino

O método intrauterino é o famoso DIU. O dispositivo está disponível em dois tipos: com hormônios (Mirena e Kyleena) e sem hormônios (cobre e prata). Ambos são aplicados no útero e agem na região, tornando-a menos propícia à fixação do embrião, mas precisam ser posicionados corretamente e acompanhados no início devido ao risco de deslocamento e expulsão.

DIU de cobre ou prata

O DIU de cobre e o de prata, como os nomes indicam, são compostos por esses metais, que agem irritando o endométrio. Desse modo, o tecido não consegue fixar o embrião, impedindo o presseguimento da gestação. Ambos não param a menstruação, inclusive podem aumentar o sangramento e as cólicas (sintomas amenizados com o DIU de prata). Normalmente, os dispositivos são indicados para pacientes que não querem ou não podem utilizar hormônios.

DIU hormonal

O Mirena e o Kyleena são dispositivos hormonais. Eles liberam progesterona dentro do útero, de forma muito semelhante ao implante hormonal. Entretanto, liberam menos hormônios (principalmente o Kyleena) e são mais acessíveis (o Mirena é muito disponibilizado em convênios de saúde). Outro ponto importante é que as doses hormonais do DIU agem mais localmente no útero do que os outros métodos hormonais citados, consequentemente, não ajudam a melhor a acne, porém também evita malefícios, como o risco aumentado de trombose.

No geral, a colocação de um DIU é mais simples em mulheres que já tiveram filhos. O procedimento deve ser realizado em consultório ou centro cirúrgico e sua duração costuma ser de 5 anos. O ideal é realizar ultrassom transvaginal antes e depois da colocação para acompanhamento de sua posição.

Métodos contraceptivos permanentes

Os métodos contraceptivos permanentes envolvem cirurgia no aparelho reprodutor feminino (laqueadura) ou masculino (vasectomia), portanto, para ser revertidos, normalmente exigem outra operação.

Laqueadura

A laqueadura consiste em uma cirurgia com dois pequenos cortes, um em cada tuba uterina, impedindo que os óvulos cheguem ao útero. A intervenção é até reversível, mas requer outra operação. “Alguns processos inflamatórios podem fazer com que as tubas se aproximem e acabem se juntando, é muito raro, mas acontece”. Normalmente, é indicada para mulheres com certeza absoluta de que não querem ter filhos, justamente por ter reversão mais complexa.

Vasectomia

A vasectomia é considerada um pouco mais simples do que a laqueadura, pois a intervenção é feita no saco escrotal masculino, uma estrutura externa no corpo, enquanto as trompas femininas são internalizadas. A cirurgia também tem reversão, mas é tão rara quanto a laqueadura.

Em ambos os casos, ainda há uma pequena chance de engravidar. “Eu sempre digo que 100% de chance é só não fazendo sexo mesmo”, brinca a ginecologista. No entanto, os métodos permanentes devem ser adotados somente se a mulher não deseja engravidar futuramente.

Métodos contraceptivos alternativos

Existem métodos contraceptivos alternativos, muitas vezes, disseminados por meio do conhecimento popular. No entanto, não há uma eficácia garantida.

Tabelinha

No método tabelinha, a mulher precisa conhecer as fases de seu ciclo menstrual para controlá-lo pelo calendário. O problema é que as fases podem variar de mês em mês, tornando a tabelinha não muito confiável. “Além disso, nem todas as mulheres têm ovulação na mesma época e ainda pode haver alteração da ovulação por um estresse, por exemplo”.

De acordo com o Índice de Pearl, de 2 a 5 mulheres, a cada 100, engravidam quando optam somente por seguir esse método. Entretanto, vale ressaltar que acompanhar a tabelinha é válido para mulheres que querem conhecer melhor seu ciclo.

Coito interrompido

O método consiste em retirar o pênis da vagina assim que o homem vai gozar (momento em que o esperma é liberado). No entanto, sua eficácia é bastante frágil. “Normalmente, a primeira gota do sêmen é a que mais tem espermatozoides, então, se o parceiro demorar um pouco a mais para tirar, já há chance de engravidar”, explica a ginecologista. Apesar de popular, o coito interrompido não é indicado pelos especialistas como método para evitar gravidez.

Medição da temperatura basal e método Billings

A medição da temperatura basal funciona do seguinte modo: “quando a mulher está para ovular, a temperatura dela aumenta ligeiramente. Sabendo disso, algumas vão verificando a temperatura todos os dias, quando chegam na fase de ovulação, a temperatura fica um pouquinho mais alta”. Já o método Billings consiste na verificação da consistência do muco vaginal: “quando você consegue pegar o muco e ele vai ficando fino, mas não quebra, é um muco próprio da ovulação”.

Em ambos os casos, as mulheres praticam abstinência nos períodos ovulatórios. A médica explica, no entanto, que esses métodos oferecem melhores resultados para quem deseja engravidar, pois eles mostram a fase ovulatória. Se você teve relações sexuais dias antes da ovulação, as chances de engravidar são grandes, já que o espermatozoide sobrevive um tempo dentro do sistema reprodutor feminino.

Conhecer os métodos contraceptivos é essencial para fazer uma escolha consciente. Também é indispensável o acompanhamento ginecológico, tanto para evitar a gravidez quanto para cuidar de outros assuntos relacionados à saúde da mulher.

As informações contidas nesta página têm caráter meramente informativo. Elas não substituem o aconselhamento e acompanhamentos de médicos, nutricionistas, psicólogos, profissionais de educação física e outros especialistas.