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Aplicativos de relacionamento para mulheres 40+ valem a pena?

Dicas de Mulher

Quatro mulheres contam suas experiências e trazem motivos para você se aventurar neste mundo dos relacionamentos virtuais

Atualizado em 07.12.22

Até o final da década passada, era comum casais descobrirem seu amor ainda na escola ou na faculdade. No entanto, em um mundo cada vez mais tecnológico, a forma de se relacionar mudou, mesmo para geração X, que contempla mulheres nascidas entre 1965 e 1980.

Com o surgimento dos smartphones são necessários poucos cliques para conversar com alguém em qualquer parte do mundo. Diante disso, no mercado de aplicativos (apps) de relacionamento, o Brasil perde em adeptos apenas para os Estados Unidos.

Uma pesquisa da Global Dating Insights mostra que as gerações mais novas, no caso, os Millennials e a geração Z, têm interesse em encontrar parceiros fixos por meio da tecnologia. Mas como as gerações que não são nativas digitais lidam com essa forma de se relacionar? Quais desafios as mulheres 40+ enfrentam quando buscam conhecer alguém pela internet?

Ainda que elas prefiram o encontro cara a cara, uma pesquisa feita pela AARP Research, em 2019, mostra que são mais abertas aos encontros on-line e buscam um namoro, não apenas um “contatinho”.

Para falar mais desse assunto, o Dicas de Mulher conversa com quatro mulheres 40+ que relataram suas experiências com os aplicativos de relacionamento. Confira!

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Como é se relacionar após os 40 anos

Das quatro entrevistadas, três delas concordam que ter um relacionamento após os 40 anos é mais difícil. Sol Antunes (nome fictício), 52 anos, acredita que “ninguém quer um relacionamento sério nessa idade. As pessoas não querem compromisso. Querem curtir”. Ela ainda prefere as formas tradicionais de conhecer alguém, mas “é mais difícil, pois antigamente as pessoas eram apresentadas umas às outras e no mundo de hoje é mais fácil via internet”.

Lidy Rose, 42 anos, acha que a dificuldade de se relacionar após os 40 está relacionada com sua forma de ver o mundo: “sinto que já não tenho paciência para ‘tolerar’ algumas coisas que parecem bobas para outras pessoas. Não sei se é uma característica que eu adquiri para minha vida, ou se faz parte da idade mesmo”. Apesar disso, percebe que os apps permitem conhecer outras pessoas, pois “os filtros nos ajudam a encontrar alguém com uma sintonia melhor. Já não tenho tempo, e nem paciência, para ficar tentando descobrir as pessoas ao acaso”.

Mirian Dias, 55 anos, cita a bagagem emocional como uma das maiores dificuldades em se relacionar. “Com isso, muitas vezes, é gerada uma certa cobrança de si próprio ou do outro”. Para ela, a forma tradicional ainda é mais segura, por mais que seja mais demorada.

Luísa Aranha, 42 anos, concorda com o quanto a bagagem emocional pode interferir, mas traz uma questão importante: “acredito que não é exatamente uma questão de idade, mas sim mais relacionada às experiências e traumas que se tem. É a bagagem que a gente carrega e como a gente lida ou não com isso que facilita ou dificulta”. Ela também acredita que o melhor é se adaptar ao novo e deixar o passado, tanto que ressalta: “a gente tem que parar de olhar para o passado e usufruir das coisas novas que se apresentam. Os apps são uma evolução dos antigos números de tele-amigos”.

A decisão de buscar relacionamento em apps e como é utilizá-los

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Sol e Lidy se consideram mulheres que não saem muito, então, não viam outra possibilidade de voltar a se relacionar e decidiram se arriscar com os aplicativos. “Achei que usar os aplicativos seria mais fácil, mas mesmo lá não tem muita comunicação. Falta continuidade de conversas”, relata Antunes.

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Já Lidy conta que “meu ciclo de amizade com pessoas da minha idade é restrito, nos apps eu consigo definir com quem quero interagir. No geral eu gosto muito, tenho muitos amigos que conheci ali, alguns com quem saí, outros que nunca nem vi, mas que fazem parte da minha vida”.

Para Aranha a experiência começou em 2017, após sua separação: “é uma forma mais fácil e que já elimina de cara várias possibilidades de furadas. Eu entro e saio. Já conheci algumas pessoas interessantes, mas, às vezes, a gente se irrita um pouco dos mesmos papos do app”.

Por outro lado, Dias queria opções fora de seu convívio, por não estar acostumada a frequentar festas, bares e rodas de conversa onde poderia encontrar uma parceria em potencial. Ela não gostou muito da experiência com os aplicativos: “foi frustrante porque a maioria das pessoas não quer um relacionamento sério e sim um encontro para uma transa”, desabafa.

Marcar encontros com segurança é importante

Conversar com alguém por meio das telas exige cuidados. Nem sempre quem está do outro lado é idôneo e existe um risco de lidar com uma pessoa perigosa, que o diga a famosa série You. Ainda assim, nada impede que você se aventure por este mundo tecnológico e aproveite suas vantagens.

As quatro entrevistadas já marcaram encontros pelos aplicativos e cada uma viveu a experiência de uma forma diferente. Sol marcou apenas um encontro e percebeu que não existe interesse em dar continuidade, ela também dá a dica de “sempre marcar o encontro em um local público e movimentado”.

Lidy ressalta o conselho de Sol: “procuro sempre marcar em local público e, em geral, os encontros são tranquilos, poucas vezes achei que a pessoa estava usando uma máscara no app”. Além disso, recomenda “estar disposta a voltar para casa sozinha, não depender da carona do cara, avisar uma amiga sobre o encontro e mantê-la a par do desenrolar. Se sentir segura para falar não, ou simplesmente levantar e ir embora caso a conversa desagrade. Tenha o controle da situação”.

Luísa também já teve encontros presenciais com as paqueras que começaram no aplicativo. No caso dela foram experiências divertidas, mas ela relata só marcar de conhecer pessoalmente após uma boa conversa. “Primeiro conversar e conhecer a pessoa virtualmente. Adicionar nas redes, saber se as informações são verdadeiras. Depois marcar em um lugar público. Horário de happy hour e sempre avisar e compartilhar a localização com uma amiga”, finaliza com dicas para quem deseja se aventurar neste mundo.

Já Mirian fala do receio ao finalmente marcar o encontro: “me decepcionei muito, porque pessoalmente a pessoa não era como na foto que colocou no perfil e todos queriam ir pro motel logo de cara”. Como sugestão para evitar furadas e se proteger, ela indica “marcar encontros em lugares públicos, tipo praça de alimentação, shopping ou outro que tenha pessoas por perto”.

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Uma chance para se relacionar, não importa a idade

Cada entrevistada teve contato com aplicativos diferentes, mas todas relataram não conhecer a existência de apps focados exclusivamente na faixa etária dos 40+. Facebook Namoro, Badoo, Adote um Cara, Tinder, Happn e Namoro Cristão estão entre os utilizados por elas.

Apesar disso, e das dificuldades encontradas ao viver a experiência de conhecer alguém no meio virtual, elas acreditam, sim, que é uma nova chance para se relacionar, independentemente da idade.

Para Antunes, os apps não reforçam a ideia de que não existe chance para elas após os 40 ou 50 anos. Muito pelo contrário, “acredito que seja mais uma opção para tentar se relacionar”. Lidy concorda com ela e complementa: “acho que os apps nos mostram que podemos redirecionar nossas energias e dedicar nosso tempo a quem está em maior sintonia”.

As outras duas entrevistadas trouxeram outras questões importantes e também não enxergam os aplicativos como etaristas. Dias afirma que “as mulheres contemporâneas estão se relacionando mais, em comparação com décadas atrás. Além delas conquistarem seu lugar no mercado de trabalho, também conquistaram a liberdade de ficar ou sair de um relacionamento”. Luísa finaliza dizendo: “realmente não creio que a idade seja um problema. Acredito que essa ideia de que ‘depois de uma idade é mais difícil’ só apoia o machismo estrutural”.

Escritora com 8 livros publicados e apresentadora de um programa de rádio sobre literatura nacional, o Capivaras Leitoras. Ama ler, viajar e passar um tempo com a Buffy, sua cachorrinha vira-lata.