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O termo ninfomania é popularmente usado para se referir a mulheres com desejo sexual elevado ou que realizam o ato sexual em excesso. Atualmente, porém, a nomenclatura mais adequada é Transtorno do Comportamento Sexual Compulsivo. Para saber mais sobre os sintomas e o tratamento, acompanhe as informações da psicóloga e terapeuta sexual Gabriela Vitor (CRP 01/18018):
O que é ninfomania?
Gabriela explica que a expressão ninfomania é utilizada para “classificar mulheres que possuem um desejo sexual elevado” ou, ainda, para se referir à realização em excesso do ato sexual. “Temos também o termo satiríase, no caso de homens que apresentam o mesmo comportamento compulsivo. Mas sempre a ninfomania se destacou, principalmente por se tratar de mulheres que apresentavam um desejo sexual elevado e um comportamento sexual fora dos padrões sociais”, comenta.
Para a psicóloga, é preciso evitar “a banalização desse termo como uma forma de repressão e julgamento da sexualidade feminina”. Da mesma forma, é necessário evitar, também, o movimento contrário: “a romantização da sexualização feminina”.
Ninfomania ou Transtorno do Comportamento Sexual Compulsivo?
De acordo com Gabriela, os termos ninfomania e satiríase não são mais utilizados. A terapeuta sexual explica: “em 2018, a Organização Mundial da Saúde (OMS) realizou mudanças na Classificação Internacional de Doenças (CID-10) a respeito da Ninfomania e, hoje, a nomenclatura utilizada é a de Transtorno do Comportamento Sexual Compulsivo (TCSC), tirando o foco em apenas um gênero”.
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Com essa mudança, a ninfomania passou a ser considerada um transtorno mental, na categoria “desordens de controle de impulsos”, que abrange todos os comportamentos sexuais disfuncionais. A psicóloga destaca que um desses comportamentos é a hipersexualidade, “que é caracterizada por desejo e atividade sexual excessivos, causando prejuízo no funcionamento saudável do indivíduo”.
Sintomas da ninfomania
Quanto aos sintomas da ninfomania, a terapeuta sexual comenta que eles se relacionam “com uma dificuldade em controlar os impulsos e comportamentos sexuais intensos e recorrentes, o que leva a pessoa a praticar o ato sexual compulsivamente”. Confira, a seguir, mais detalhes sobre os sinais desse transtorno:
- Falta de controle sobre os impulsos: a ninfomania caracteriza-se por um comportamento impulsivo e disfuncional. Gabriela explica: “pode ser que, para você, se masturbar uma vez ao dia ou fazer sexo todos os dias já sejam sintomas de um Transtorno Comportamento Sexual Compulsivo (TCS), mas, para outra pessoa, isso não seja suficiente, e não necessariamente existe um problema nas duas situações”.
- Prática compulsiva do ato sexual: a terapeuta comenta que, quando se trata das relações sexuais, a compulsão leva a “uma frequência constante, repetitiva e disfuncional dos comportamentos, pensamentos e impulsos sexuais”.
- Comportamentos sexuais intensos e recorrentes: a psicóloga esclarece que “pensar muito sexo, fazer sexo com uma grande frequência e com várias pessoas ou se masturbar frequentemente não sinais conclusivos para você se autodiagnosticar como alguém que apresenta comportamentos sexuais compulsivos”. A avaliação de um psiquiatra ou psicólogo é fundamental. Para Gabriela, “sexo não é só o ato sexual, mas também toda a sua construção social sobre o assunto”.
- Danos e sofrimento: Gabriela explica que a dificuldade de controlar os impulsos sexuais “gera prejuízos e sofrimento em vários setores da vida do indivíduo, como em suas relações interpessoais, no trabalho e até mesmo em seu crescimento pessoal”.
- Busca de prazer rápido: para a psicóloga, os comportamentos compulsivos que caracterizam o transtorno “são consequências de uma busca rápida de prazer e alívio, mas que causam prejuízos à saúde mental e física dos indivíduos”.
Por fim, a terapeuta alerta: “cada pessoa é particular, então evite comparações!”. Sendo assim, pode ser saudável não fazer sexo todos os dias, “porque sexo também é um processo mental, mas também é saudável fazer todos os dias, se masturbar ou passar um bom tempo pensando em sexo”, explica. A psicóloga lembra, ainda, que “mulheres são sexuais também, mas não precisam estar dispostas constantemente”.
Como tratar a ninfomania
Gabriela orienta que o principal tratamento é a Psicoterapia, com um profissional da Psicologia especialista em Terapia Sexual. O objetivo é “auxiliar no controle dos comportamentos compulsivos e na identificação dos gatilhos que geram a ansiedade”, além de “entender todo o contexto social, biológico, as vivências do indivíduo e a sua construção individual sobre sexo e sexualidade, até porque cada um de nós é resultado de um conjunto de fatores”, comenta.
A psicóloga destaca que a terapia sexual é muito importante nesse processo. Segundo ela, “existem técnicas específicas, além de ser uma abordagem que vai apresentar soluções baseadas no estudo da sexualidade e do ato sexual”.
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Em alguns casos, conforme explica a terapeuta sexual, é necessária a intervenção de um psiquiatra para otimizar o tratamento. E finaliza com um conselho: “Existem muitas formas de sentir prazer na vida. Busque se autoconhecer e descubra formas saudáveis de chegar ao prazer!”
Dúvidas esclarecidas? Agora, você já sabe que o melhor termo para ninfomania é Transtorno do Comportamento Sexual Compulsivo. Aproveite para conferir como funciona a terapia sexual e entender quando você deve buscar ajuda profissional.
Vanessa Fenelon
Licenciada em Letras - Português/Inglês que gosta de aprender (sobre) línguas, conhecer lugares novos e cozinhar sem obrigação. Ama ser mãe de pet e busca existir no mundo de forma útil e gentil.