Foto: Getty Images
O Ministério da Saúde e a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomendam o aleitamento materno exclusivo até os seis meses. Após esta idade, é necessária a introdução de outros alimentos complementares para suprir as necessidades nutricionais do bebê.
Andréia Betti da Silva, nutricionista da Clínica Dr. Família, comenta que até o sexto mês de vida, o sistema digestório da criança não está pronto para digerir adequadamente os alimentos, ou o seu sistema imunológico capaz de combater possíveis infecções decorrentes destes.
Andrea Alencar de Oliveira, pediatra e oncologista pediátrica da Clínica Dr. Família, explica que, se a criança estiver em uso de leite de vaca in natura (leite de caixinha ou leite em pó), a papa principal pode ser adiantada para os quatro ou cinco meses, a critério médico.
“Antes da papa principal, deve-se iniciar a papa de frutas no período da manhã ou da tarde, sem substituir uma mamada. Deve-se introduzir a papa de frutas amassada ou raspada, ou um suco de frutas natural – iniciar com 80 mL, sendo o volume máximo de 120 mL/dia. Damos preferência ao uso da fruta in natura, na forma de papinhas de fruta, em vez do de sucos, pelo maior risco de obesidade, devido ao maior índice glicêmico (e tendência a adoçar o suco), além da perda de fibras no suco”, destaca a pediatra.
Preparando a papinha do bebê
Andrea explica que a papa principal (salgada) deve conter:
Publicidade
Relacionadas
“Deve ser colocado um representante de cada grupo; usar uma colher de chá/sobremesa de óleo de soja ou azeite ou canola (cru) e temperos, como alho e cebola, salsinha, cebolinha, louro, coentro etc. Não se deve usar temperos industrializados! Depois de escolher um ingrediente de cada grupo, é necessário descascar e picar em pedaços pequenos. E cozinhar os alimentos, iniciando por aqueles com tempo de cozimento maior e, por último, os que cozinham mais rápido. Acrescentar o óleo no final, amassar com o garfo e oferecer a papinha morna”, explica a pediatra.
A nutricionista Andréia ressalta que:
1. Para iniciar, os alimentos escolhidos devem estar com um bom aspecto e ter procedência confiável. Em seguida, devem ser lavados adequadamente, com higienização manual (com a escovinha adequada) e química, com cloro / água sanitária (para os alimentos consumidos crus).
2. Para as papas de fruta: pique o(s) alimento(s) escolhido(s), amasse(-os) ou raspe bem com um garfo, e sirva. Não liquidifique. Deve-se tomar cuidado com sementes e cascas no preparo da papa, além de evitar a adição de açúcar ou cereais.
3. Para o preparo das papas cozidas: pique o(s) alimento(s) escolhido(s) e o(s) coloque em uma panela com água. Deixe cozinhar em fogo baixo até que estejam moles. Retire da panela e amasse(-os) bem com um garfo, e sirva. Quando utilizar alimentos mais fibrosos, como verduras e carnes, pode utilizar a peneira para facilitar a mastigação/deglutição do bebê na fase inicial.
Publicidade
4. Não utilize liquidificador ou processador. Evite utilizar sal para temperar a papinha (principalmente nos 2-3 primeiros meses), prefira ervas frescas – deixe o bebê aprender o verdadeiro sabor dos alimentos.
34 receitas de papinha para preparar em casa
Salgadas
1. Papinha de cenoura: uma receita simples e nutritiva para bebês que já estão com dentinhos. É também uma alternativa saborosa para pegar com os dedinhos (no caso dos bebês um pouco maiores). Lembrando que a cenoura é um ótimo alimento e possui muitas vitaminas essenciais para a saúde dos pequenos.
2. Papinha de ervilha: receita especial para os bebês que estão sendo introduzidos no universo dos alimentos sólidos e que estão querendo novidades em texturas e sabores. O creme de ervilha possui uma consistência menos líquida e ainda apresenta alguns pedacinhos macios de ervilha.
3. Purezinho de inhame: uma receita simples e saborosa, para fazer sempre. Leva inhames descascados e picados em cubinhos, alho, caldo de carne feito em casa e cebola.
4. Papinha de abóbora: um creme de abóbora muito suave, ideal para ser a primeira papinha da criança, pois a textura é bem líquida e o sabor costuma agradar aos pequenos!
5. Papinha de polenta com carne e espinafre: uma deliciosa e nutritiva refeição para o seu bebê. Polentinha com painço, carne e espinafre. Temperos frescos e comidinha caseira pra ele crescer forte e nutrido.
6. Papinha de batata, couve e caldo de carne: para fazer o caldo de carne caseiro você usará músculo. Depois, os demais ingredientes são somente a batata, a couve orgânica, cebola e alho.
Publicidade
7. Papinha de arroz, feijão e couve: gostosa e supernutritiva. Nesta receita, não leva carne, só feijão carioca, água, couve, arroz cozido, azeite extravirgem e sal. Mas fica a seu critério adicionar alguma carne/frango bem molinho.
8. Papinha de beterraba e feijão-branco: com esta papa, a refeição do bebê fica bem equilibrada, pois tem um alimento energético (feijão-branco), um regulador (beterraba) e proteína (do caldo). Lembrando que o caldo de carne é caseiro; você pode fazer e congelar.
9. Papinha para o bebê dormir: especial para bebês que têm dificuldade para dormir e/ou um sono agitado. Essa papinha tem ingredientes ricos em triptofano, um aminoácido que, ao chegar ao cérebro, se transforma em serotonina, aumentando o bem-estar e garantindo um sono mais duradouro e reparador.
10. Papinha de mexerica, banana e lima da pérsia: uma papinha diferente e gostosa que, além desses ingredientes principais, leva goiaba vermelha. A dica é não bater a lima da pérsia no liquidificador pra não amargar.
11. Papinha de espinafre e batata: como tem um alimento energético (batata), um regulador (espinafre) e proteína (do caldo de carne), a papa fica bem equilibrada e gostosa para o bebê.
12. Papinha de tomate e abobrinha: especial para bebês que estão em fase de crescimento e conhecendo novos sabores. Além dos ingredientes principais, você usará cenoura, aipo, azeite, caldo de legumes caseiro e iogurte caseiro.
13. Papinha de lentilha e abóbora: uma opção cheia de sabor e saúde para oferecer para bebês a partir do sexto mês. Vale lembrar que a lentilha é rica em ferro e cálcio, que são essenciais para evitar anemia e para o pequeno ter um crescimento saudável.
14. Papinha de inhame, batata-doce e banana: uma combinação diferente e muito saborosa. Lembrando que o inhame é excelente para a saúde, reduz a acidez de sucos cítricos, além de deixar um gosto especial em cremes e outras receitas.
15. Papinha de abóbora, cenoura e aveia: receita que reúne um alimento energético (aveia), dois reguladores (abóbora e cenoura) e proteína (do caldo de carne). O rendimento é de seis porções que você pode congelar.
16. Papinha de carne, lentilha e mandioquinha: tem um sabor muito gostoso e levemente adocicado por conta da mandioquinha e da cenoura, sendo capaz de encantar até mesmo os adultos!
17. Papinha de batata, couve e cenoura: uma combinação saudável e gostosa. O rendimento é de duas porções. Os ingredientes utilizados são cebola, azeite, carne moída, couve, cenoura e batata.
18. Papinha de feijão, abobrinha e macarrão: o tempo de preparo é de menos de duas horas. Trata-se de uma refeição equilibrada, já que tem um alimento energético (macarrão), um regulador (abobrinha), um construtor (feijão) e proteína (caldo de carne).
19. Papinha de carne, vagem, alface e batata: para uma refeição equilibrada e gostosa. Você precisará de batata picada, arroz, carne moída, vagem, alface, cebola, alho, coentro e azeite.
20. Papinha de carne, batata-doce e abobrinha: uma combinação deliciosa de sabores e nutrientes. A batata-doce costuma agradar bastante o paladar dos pequenos! A dica é refogar tudo com azeite, alho e cebola.
21. Papinha de frango, mandioquinha e agrião: receita fácil, saudável e muito saborosa, podendo encantar, inclusive, os adultos! Além dos imgredientes principais, você só usará cebola roxa, óleo de coco ou de girassol.
22. Papinha de frango, batata, cenoura e espinafre: é feita com filé de peito de frango, batata, cenoura, cebola para temperar e algumas folhas de espinafre. Fica com um colorido bem bonito e com um sabor ótimo, ou seja, tudo para agradar os pequenos.
23. Papinha de maçã: deliciosa e não tem segredo. A utilizada nesta receita foi a maçã argentina, que é maior e não oferece dificuldade na hora de raspar. Mas, caso prefira ou tenha em casa, você pode usar outro tipo de maçã!
24. Papinha de frango, milho, cenoura e mandioquinha: além dos ingredientes principais, você usará salsa, cebola roxa, uma pitadinha de sal e óleo de coco (ou girassol, ou canola). Esta receita rende até três porções.
25. Papinha de mamão: receita prática e gostosa, que fica com um sabor docinho naturalmente das frutas. Você usará somente o mamão, uma maçã e uma pera, se desejar.
26. Canjinha na panela de arroz: receita prática, fica pronta em 20 minutos. Os ingredientes são cebola, frango, batata, cenoura, couve-flor, arroz, água e sal.
27. Polentinha de frango e cenoura: você só precisará do frango, cenoura, tomate, fubá, cebola roxa, alho, uma pitada de sal e óleo de coco ou girassol. Com certeza seu pequeno vai amar!
Doces
28. Papinha de mamão e berries: pode ser oferecida, em geral, para bebês a partir dos seis meses que já iniciaram a alimentação complementar e para crianças um pouco grandinhas que têm seletividade para comer frutas. Você usará o mamão papaya e berries, que podem ser blueberries, cranberry ou qualquer outra fruta.
29. Papinha de pêssego: uma receita saudável e atrativa para os pequenos. Você usará somente quatro pêssegos maduros e folhinhas de hortelã. O tempo de preparo é de 15 minutos, vale a pena fazer!
30. Papinha de ameixa: a papinha de ameixa industrializada costuma fazer sucesso pelo seu sabor, mas não é a opção mais indicada para a criança. Aqui, você aprende a fazer uma papinha de ameixa caseira que é mais gostosa e, claro, saudável que a versão pronta.
31. Papinha de abacate: os abacates são extremamente ricos em ácido fólico e potássio. Podem ser servidos com outras frutas e deixam a papinha supercremosa! Nesta receita, porém, foi utilizado somente o abacate.
32. Papinha de caqui, mamão e laranja: uma papa reforçada, ideal para “matar a fome” de maneira muito saudável. Os ingredientes utilizados são caqui chocolate, mamão formosa, pera e laranja pera.
33. Papinha de maçã, mamão e pera: a mistura dessas frutas garante um sabor delicioso. O rendimento é de quatro porções que podem ser guardadas em potes individuais na geladeira ou freezer.
34. Papinha de manga, cenoura e maçã: uma papinha doce funcional, superfácil, sem glúten, sem lactose e sem açúcar, como deve ser! Boa dica inclusive para os adultos. Você usará somente cenouras, manga e maçã Fuji.
Inspire-se com as receitas e crie deliciosas papinhas para seu bebê, sempre lembrando de seguir as instruções passadas pelo pediatra dele!
Dicas para armazenamento das papinhas
A nutricionista Andréia explica que as papinhas devem sempre ser armazenadas sob refrigeração (tanto na geladeira quanto no congelador), para evitar que estraguem e ofereçam algum risco à saúde do bebê. “Em relação ao pote, prefira os de vidro aos de plástico – eles suportam melhor as variações de temperatura (refrigeração e aquecimento), são menos porosos (portanto menos propensos à aderência de bactérias), e mais fáceis de higienizar (dificilmente ficarão com gosto ou cheiro de outras preparações)”, diz.
6 dúvidas sobre papinha do bebê esclarecidas
Abaixo, as profissionais esclarecem as principais dúvidas relacionadas à alimentação dos bebês:
1. Com quais alimentos começar?
Andréia Betti da Silva: O primeiro alimento a ser introduzido é o suco de fruta natural, para apresentar à criança novos sabores. Não é recomendado adoçar, por isso inicie com frutas adocicadas (maduras) para melhor aceitação. Ofereça-o entre as mamadas, como um lanche da manhã ou da tarde, e observe as reações do bebê. É normal ocorrer uma certa recusa de início, pois o paladar da criança não está acostumado com esses alimentos – pode demorar até 10 dias para aceitar a novidade. Tenha paciência. A partir da segunda semana, inicia-se a papa de fruta (1x ao dia, manhã ou tarde), e quando apresentar uma boa aceitação, acrescentar a segunda papa ao dia – ficando assim uma no período da manhã e outra no período da tarde.
Ofereça pedaços de frutas na mão da criança para que possam aprender sobre o sabor e textura dos alimentos. Sempre sob supervisão de adultos para que não se engasguem. Do 6º ao 7º mês, quando a criança já estiver aceitando bem a papa de fruta, deverá iniciar a papa principal. Seguindo a mesma progressão da papa “doce”, na primeira semana deverá substituir a mamada do almoço pela papa “salgada”, e observar a aceitação e as reações do bebê. Quando apresentar boa aceitação, introduzir a segunda papa principal, no horário do jantar.
No início, ofereça somente um alimento por vez, para observar possíveis reações alérgicas e poder associa-la aquele alimento. Se após 4-6 dias, não for identificado nenhum efeito, poderá juntar os ingredientes em uma próxima refeição.
2. Como fica a frequência da amamentação com a introdução da papinha?
Andrea Alencar de Oliveira: Manter as mamadas em livre demanda, quando leite materno, com o cuidado de manter um intervalo de 30-40 minutos de jejum antes das papinhas, para melhor aceitação do alimento. A papa salgada pode ser primeiro servida na hora do almoço e, após algumas semanas, na hora do jantar também, substituindo as mamadas correspondentes.
Andreia Betti da Silva: A frequência da amamentação irá depender do método utilizado – livre demanda ou rotina. Se for livre demanda, os pais terão que estabelecer horários de acordo com a progressão da dieta. Já se o método for o de rotina, basta substituir a mamada daquele horário pela refeição correspondente. Após a introdução da alimentação complementar, os horários ficarão semelhantes em ambos os métodos. Exemplo: 9h – Lanche da Manhã; 9h e 15h – Lanche da Manhã e da Tarde; 9h, 12h e 15h – Lanche da Manhã, Almoço e Lanche da Tarde; 9h, 12h, 15h e 18h – Lanche da Manhã, Almoço, Lanche da Tarde e Jantar.
3. Quanto tempo dura uma papinha na geladeira e no congelador?
Andreia Betti da Silva: Se armazenada na geladeira, a validade da papinha é de 24 horas. Portanto, se fizer grandes quantidades, é recomendado que congele, pois assim a validade passa para 3 meses. Uma boa orientação é identificar o pote, colocando o nome da preparação e a data em que foi produzida, assim terá menos riscos de confundir a validade.
4. Posso combinar até quantos alimentos na papinha?
Andreia Betti da Silva: O ideal é que, a partir do 7º para o 8º mês, quando a criança já estiver com o esquema de papas definido (2 lanches e 2 refeições principais), é a hora de melhorar a qualidade da papa oferecida. Existem 3 grupos alimentares que devem sempre estar presentes, os Energéticos (batata, macarrão, mandioquinha, mandioca, arroz, batata-doce, etc.), os Reguladores (legumes e verduras), e os Construtores (Carnes de Vaca, Frango, Peixes, Ovos, Feijão, Lentilha, Grão de Bico, etc.). Para um papa completa, deve-se acrescentar pelo menos um alimento do grupo dos Legumes, um dos Folhosos, 1 Proteína, 1 Cereal/ Tubérculo e 1 Grão. Portanto, não existe um número máximo de ingredientes, e sim uma grande variedade de combinações para ser oferecida.
5. Quais alimentos NÃO devem ser colocados na papinha?
Andrea Alencar de Oliveira: Não usar caldos ou temperos industrializados. Não refogue a papa com óleo, mas adicione uma colher de sopa de óleo de soja ou canola ou azeite depois que a papa estiver pronta. Não adicionar sal (ir acrescentando aos poucos, até um ano de idade).
Andreia Betti da Silva: Existem alimentos que não devem ser oferecidos à criança até o primeiro ano de vida pelo risco de doenças ou alergias e, portanto, também não devem ser acrescentados/misturados às papas. São eles: Mel; Leite de vaca e derivados (iogurtes, queijos, manteiga, margarina); Soja e Derivados; Açúcar e Doces (até os 2 anos, se possível); Castanhas e Nozes; Morango e Kiwi e Frutos do Mar.
6. Quais são os alimentos mais recomendados para a papinha do bebê?
Andrea Alencar de Oliveira: A introdução alimentar para as crianças é uma fase de aprendizado de texturas, cores, cheiros e sabores. Importante deixar a criança tocar nos alimentos in natura, como frutas e legumes levemente cozidos ou mesmo crus. Apresentado a criança esse novo mundo de sabores. A adaptação ao alimento também está relacionada à cultura familiar, respeitando a introdução de acordo com a faixa etária e cada ganho ao passar dos meses e orientação do pediatra. Na composição da papinha, a dica é sempre colocar um representante de cada grupo alimentar. Uma proteína animal, um tubérculo ou cereal, um legume, uma leguminosa, um representante de folhas e verduras. Assim o alimento está rico e equilibrado nutricionalmente.
Para finalizar, a nutricionista Andréia ressalta que não existe um “alimento melhor que o outro”. O melhor para o seu bebê é a combinação dos diferentes grupos alimentares e a variedade oferecida, possibilitando assim que a criança tenha todos os nutrientes necessários para um crescimento e um desenvolvimento adequados!
Tais Romanelli
Jornalista formada em 2009 (58808/SP), redatora freelancer desde 2013, totalmente adepta ao home office. Comunicativa, sempre cheia de assuntos para conversar e inspiração para escrever. Responsável no trabalho e fora dele; dedicada aos compromissos e às pessoas com quem convive; apaixonada pela família, por cachorros, pelo lar, pelo mar, por momentos de tranquilidade e também de agito.