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Em casos em que o trabalho de parto não se inicia sozinho e/ou existem fatores que coloquem em risco a vida da mãe e/ou do bebê, os médicos podem recorrer ao parto induzido. Resumidamente, Karina Tafner (CRM-SP 118066), ginecologista e obstetra, especialista em Endocrinologia Ginecológica e Reprodução Humana pela Santa Casa e especialista em Reprodução Assistida pela FEBRASGO, define o parto induzido como o trabalho de parto que tem seu início realizado de forma artificial (não natural).
Quando bem indicada e realizada com sucesso, a indução ajuda a mulher a ter seu bebê sem precisar de uma cesárea. Saiba em quais casos é indicada, quais são suas vantagens e desvantagens e conheça os principais métodos utilizados.
O que é o parto induzido
Alberto Guimarães (CRM-SP 66026), ginecologista, obstetra e precursor do Parto sem Medo, explica que parto induzido é aquele em que há necessidade da utilização de recursos externos para desencadear o trabalho de parto.
É essencial que a indução seja sempre orientada e acompanhada pelo médico. “Todo método de indução precisa ser usado com critério, contando com uma boa vigilância no que diz respeito à segurança e ao bem-estar materno e fetal”, acrescenta.
Quando o parto induzido é recomendado e quando não é
Mas, afinal, em quais casos o parto induzido é indicado? Em quais casos pode ser perigoso?
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Quando é recomendado
- Pós-datismo: Guimarães explica que o parto induzido pode ser indicado quando se passa da 40ª ou 41ª semana de gestação.
- Indicação de resolução (antecipar nascimento): o parto induzido pode ser considerado quando for necessário antecipar o nascimento, por exemplo, se a mãe tem diabetes ou pré-eclâmpsia, se há sinais de que o bebê tem uma restrição de crescimento, de uma redução de líquido. “Enfim, tem situações que é indicado a resolução da gestação. Então, em vez de simplesmente imaginar uma cesariana, na maioria das vezes, pode-se lançar mão da indução do trabalho de parto, com a oportunidade de evoluir para um parto normal”, diz Guimarães.
Quando não é recomendado
- Quando há sofrimento fetal;
- Quando o feto não apresenta batimentos cardíacos;
- Quando a gravidez é de gêmeos ou mais bebês;
- Se há herpes genital ativa na mãe;
- Quando o bebê não está de cabeça para baixo;
- Se a mãe passou por mais de duas cesarianas em gestações anteriores (devido a cicatrizes no útero);
- Se há prolapso do cordão umbilical (pois há chance de o bebê comprimir o cordão durante o parto);
- Em caso de placenta prévia (quando ela está muito baixa no colo do útero);
- Se o bebê é muito grande (tendo mais de 4 kg);
- Se há risco de infecção dentro do útero.
Esses são os principais exemplos, porém, é sempre o médico responsável quem deverá tomar a decisão de optar ou não pela indução do parto, levando em conta fatores que avaliam o risco e o benefício desse procedimento.
Karina lembra que a indução do parto visa realizar um parto normal. “Quando a indução é tentada mas não tem sucesso, a indicação é a de que o parto seja realizado e, nesse caso, o parto cesárea”, diz.
As vantagens e desvantagens do parto induzido
A indução do parto pode ser benéfica em várias circunstâncias clínicas. Confira as principais vantagens e desvantagens:
Vantagens
Karina explica que o parto induzido evita a cesárea, se assim for o desejo da mulher, quando a gestação tiver indicação de resolução mas a gestante não estiver em trabalho de parto.
Desvantagens
“De acordo com a OMS, este procedimento eleva a probabilidade de anestesia epidural durante o trabalho de parto, internação do recém-nascido em UTI neonatal, remoção do útero, parto cesárea e, consequentemente, um período maior de recuperação”, comenta Karina.
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Para Guimarães, a desvantagem do parto induzido está exatamente no aumento da taxa de cesariana.
Métodos de induzir o parto
Os métodos utilizados na indução do parto podem ser divididos em estímulos naturais, estímulos mecânicos e estímulos farmacológicos. Saiba como agem:
Métodos no hospital
- Métodos mecânicos: quando são utilizadas técnicas mecânicas como, por exemplo, a ruptura das membranas (através de exame de toque, a fim de liberar a prostaglandina, hormônio que favorece a dilatação do útero) ou sonda (colocada atrás do colo do útero para liberar a prostaglandina). “Para definir a melhor opção, levamos em conta as características do colo e a condição clínica da paciente”, comenta Guimarães.
- Medicamentos: o ginecologista e obstetra explica que existem alguns medicamentos (prostaglandinas) que ajudam na preparação do colo e podem desencadear o trabalho de parto. Eles geralmente são colocados no canal vaginal.
- Ocitocina: Guimarães comenta que este é provavelmente o método mais utilizado para desencadear o trabalho de parto. A substância é aplicada com soro na veia da gestante a fim de produzir as contrações. Trata-se de um método que tem boa indicação se o colo estiver favorável.
Métodos naturais
- Acupuntura: Guimarães comenta que a acupuntura pode contribuir em alguns casos, principalmente na questão do estresse, do medo, e ajudando na liberação de alguns hormônios.
- Exercícios físicos: além de promover relaxamento devido à liberação de endorfinas, a movimentação pode fazer com que a cabeça do bebê pressione o colo uterino, auxiliando no encaixe e no desencadear do trabalho de parto.
- Relações sexuais: Karina explica que o sexo pode ajudar devido ao estímulo uterino provocado pelos orgasmos, liberação de ocitocina e pela prostaglandina do sêmen.
- Massagem mamilar: Guimarães comenta que todas as medidas que estimulam a produção de ocitocina podem ajudar, como é o caso da estimulação dos mamilos.
- Banho quente: há situações em que o banho quente ajuda aliviando a contração muscular que pode ocorrer devido ao medo e/ou à dor.
A verdade é que não existe método ideal de indução do trabalho de parto. Para cada caso, haverá o método mais ou menos indicado. De toda forma, destaca Guimarães, qualquer método deve ser usado com critério. “É necessária uma boa vigilância no bem-estar materno e fetal (por exemplo, quando se tem o aumento das contrações e/ou elas se tornam mais intensas, é preciso se atentar a algumas medidas de proteção para o bebê)”, diz. E vale reforçar que inclusive os métodos naturais devem ser sempre orientados pelo médico.
Guimarães ressalta que, paralelamente a qualquer método para indução de parto, é muito importante o preparo dessa mulher na vigência ou na necessidade de uma indução. “É essencial explicar o que está sendo feito, deixando claro que são medidas para desencadear o trabalho de parto, deixando-a o mais tranquila possível”, finaliza o ginecologista e obstetra. Aproveite e conheça os diferentes tipos de parto.
Tais Romanelli
Jornalista formada em 2009 (58808/SP), redatora freelancer desde 2013, totalmente adepta ao home office. Comunicativa, sempre cheia de assuntos para conversar e inspiração para escrever. Responsável no trabalho e fora dele; dedicada aos compromissos e às pessoas com quem convive; apaixonada pela família, por cachorros, pelo lar, pelo mar, por momentos de tranquilidade e também de agito.