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Queda de cabelo: quando se preocupar e como evitá-la

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Atualizado em 24.06.22

Mesmo que o termo remeta a algo negativo, causando arrepios em muita gente, a queda de cabelo não constitui necessariamente um problema. “A queda de cabelo é o desprendimento do fio de cabelo do couro cabeludo”, explica o Dr. Nilton de Ávila Reis, dermatologista da Clínica Doppio, especializada em tratamento capilar. “Faz parte do ciclo normal do cabelo, pois assim como outros animais, também trocamos constantemente nossos fios/pelos”, completa.

O grande problema e motivo de preocupação é quando essa queda de cabelo foge da normalidade. “Quando a quantidade de fios que caem é maior do que o esperado, temos uma queda de cabelos patológica, com diversas causas que precisam ser investigadas. Uma delas é a calvície”, diz Nilton.

Anda preocupada com os fios que vêm caindo no chuveiro ou pela casa? Continue lendo este guia sobre o assunto e acabe com as suas dúvidas.

Principais causas para a queda de cabelo

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Quando o assunto é queda de cabelo, é comum pensarmos logo em calvície, mas são duas coisas diferentes. Segundo Nilton, a confusão ocorre por conta da sensação que muita gente tem de que, quando o cabelo cai, ele não volta mais, como ocorre na calvície. No entanto, embora a calvície possa afetar até 40 % das mulheres após a menopausa, de acordo com o especialista, existem outras causas comuns para a queda de cabelo feminino. Ele lista abaixo as principais:

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Deficiência de vitaminas, proteínas e minerais: mesmo que a gente não se lembre disso o tempo todo, o cabelo é parte do nosso corpo e, como o restante dele, depende de nutrientes adequados para se manter saudável. Entre eles, o especialista cita a deficiência de ferro como um dos principais motivos para a queda de cabelo.

Medicações orais: diversos remédios apresentam como efeito colateral a queda de cabelo, entre eles antidepressivos, inibidores de apetite, anabolizantes, anticonvulsivantes, anti-hipertensivos, anticoagulantes, anti-inflamatórios, entre outros.

Anticoncepcionais: estão ligados à queda de cabelos em mulheres com sensibilidade às variações hormonais, podendo ocorrer durante o uso ou meses após sua interrupção.

Pós-parto: a culpa, novamente, é da variação hormonal, que inicia na gravidez e altera o chamado ciclo do pelo. A queda acentuada pode ocorrer por até 6 meses após o parto.

Distúrbios hormonais: doenças da tireoide, Síndrome dos Ovários Policísticos, além de doenças envolvendo hormônios como o cortisol também estão ligadas à queda de cabelo.

Agravos sistêmicos e doenças crônicas: lúpus eritematoso sistêmico, hepatite, sífilis, doença celíaca, doença de Crohn, entre outras podem ter a queda de cabelo como um dos sintomas.

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Hábitos de vida: o cabelo reflete bastante o equilíbrio ou não do nosso organismo, por isso, hábitos que provocam mudanças hormonais ou que dificultam a absorção de nutrientes como estresse, sedentarismo, tabagismo e má-alimentação podem refletir no problema.

Cuidados capilares inadequados: práticas incorretas de coloração, alisamentos e alongamentos levam à quebra do fio, seguida de queda. O mesmo vale para uma frequência inadequada de lavagens e uso de produtos que contribuem para a produção excessiva de sebo.

Problemas no couro cabeludo: por diferentes motivos, doenças como dermatites, psoríase, micose e outras do couro cabeludo enfraquecem os fios e podem resultar em queda.

Alopecia androgenética feminina: também chamada de calvície feminina, é uma condição hereditária caracterizada pela perda e não somente pela queda de cabelo. É tida como a principal causa de queda de cabelos em homens e mulheres.

Como é possível que você tenha notado, nem sempre é fácil identificar o motivo da queda de cabelo nas mulheres, visto que, muitas vezes, vários fatores contribuem para o problema. “A queda de cabelos em mulheres costuma ser multifatorial. Geralmente há participação de fatores genéticos, hábitos de vida e até dos cuidados com os cabelos”, explica Nilton. Sendo assim, é essencial fazer uma avaliação correta a fim de encontrar um tratamento adequado.

Quantos fios é normal perder por dia?

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Segundo Nilton, “é esperado que até 100 a 150 fios caiam todos os dias”. No entanto, o especialista reconhece que essa pode não ser a melhor resposta para a pergunta. “Apesar de classicamente ser usada como referência, a quantidade de fios que caem por dia não é um bom parâmetro na prática, já que é inviável ficar contando os fios”, acrescenta.

Sendo assim, ele chama atenção para outros indicativos que servem de alerta para uma queda patológica de cabelos. Entre eles, o especialista cita, por exemplo, notar uma maior quantidade de fios de cabelo no piso do banheiro, escova de pentear ou após o uso de secador, e o surgimento de fios de cabelo em locais inusitados, como na mesa de trabalho e em locais públicos.

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Além dos fios soltos, Nilton diz que algumas mudanças sentidas ao toque ou quando nos olhamos no espelho também revelam o problema. Por exemplo, ao perceber uma maior dificuldade em ajeitar as madeixas, diminuição do volume capilar e até mesmo mudanças na forma e no comprimento dos fios, como a perda de cachos e de ondas. Em casos mais graves, é possível notar, inclusive a exposição do couro cabeludo.

Vale ressaltar que existem sim momentos em que o cabelo pode cair mais, como após o parto, durante a amamentação ou no período entre o fim do verão e o outono. “São quedas temporárias e que melhoram sem necessidade de intervenção. Em pessoas sem calvície ou outros motivos para queda, os fios retornam normalmente”, diz.

Como evitar a queda de cabelo

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Embora algumas causas para a queda de cabelo sejam mais difíceis de controlar, pequenas atitudes do dia a dia podem contribuir para retardar ou diminuir o risco de desenvolver o problema. Veja algumas delas:

Cuidar do couro cabeludo: brilho, restauração, definição de cachos… Pode reparar como a gente sempre vai atrás somente do cuidado com os fios. Identificar a necessidade do couro cabeludo e buscar soluções adequadas é essencial para evitar a queda de cabelo.

Ter uma dieta balanceada: como dito anteriormente, a saúde do cabelo depende de ter nutrientes adequados, com quantidade suficiente de vitaminas, proteínas e minerais.

Manter hábitos saudáveis: como a pele e as unhas, o cabelo é reflexo do bom ou mau funcionamento do organismo, por isso, pratique exercícios regularmente e evite cigarros e a ingestão de bebidas alcoólicas.

Tenha boas noites de sono: poucas horas de sono ou noites mal dormidas são responsáveis por desequilíbrios hormonais no organismo que, por sua vez, podem causar a queda de cabelo.

Invista em momentos de lazer: já que o estresse é um dos fatores causadores da queda de cabelo, relaxar é fundamental para evitar o problema.

Evite remédios caseiros ou automedicação: mesmo polivitamínicos, aparentemente inofensivos, podem ocasionar queda dos fios.

Reduza o uso de química ou de procedimentos capilares: tinturas, alisamentos, chapinhas e babyliss alteram a estrutura dos fios, propiciando a quebra. Nos casos de procedimentos que cheguem ao couro cabeludo, eles podem estimular a queda ao causar irritações.

E quanto à frequência de lavagem? Diferente do que costuma dizer o senso comum, não existe uma regra. Tampouco é verdade que o melhor é lavar os cabelos a menor quantidade de vezes possível durante a semana, já que a oleosidade só piora o quadro. A recomendação, portanto, é, em caso de suspeita de algum problema nas madeixas, sempre buscar orientação com um dermatologista.

Atenção a estas vitaminas

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Uma alimentação balanceada é fundamental para manter a saúde e o equilíbrio do organismo e, por consequência, das madeixas. No caso das vitaminas, é importante conhecê-las e saber onde encontrá-las, já que nosso corpo não é capaz de sintetizar essas substâncias essenciais para o equilíbrio capilar. “Tanto a deficiência quanto o excesso de algumas vitaminas pode causar queda de cabelo”, alerta Nilton. Saiba quais são essas vitaminas a seguir:

  • Vitamina A: também conhecida como retinol, é encontrada principalmente em frutas e vegetais coloridos, como cenoura, abóbora, brócolis e espinafre. Ela auxilia no processo de reprodução capilar, é antioxidante e ajuda na manutenção da oleosidade do couro cabeludo. Mas, cuidado! Seu excesso também está associado à queda.
  • Vitamina D: outros nomes para ela são ergocalciferol e colecalciferol. É a vitamina que o corpo produz quando exposto ao sol, mas também é possível encontrá-la no salmão, na sardinha e no atum, principalmente. De acordo com Nilton, ela participa da diferenciação das células foliculares, o que regula o ciclo do pelo.
  • Vitamina B3: também chamada de niacina, pode ser encontrada no fígado de boi, em peixes, cereais e em sementes oleaginosas, como amendoim e gergelim. Ela melhora a circulação sanguínea, o que acaba por nutrir os fios. Além disso, a niacina também auxilia nos processos anti-inflamatórios.
  • Vitamina B7: mais uma vitamina do complexo B, a biotina tem se mostrado eficaz no fortalecimento dos fios, assim como no combate ao ressecamento e à quebra. Suas principais fontes são as sementes oleaginosas.
  • Lembrando que essas são apenas as principais vitaminas cuja deficiência está ligada à queda de cabelo. Além delas, existem outras como quase todas as vitaminas do complexo B, e as vitaminas C e E.

    Quais os tratamentos para a queda de cabelo?

    Se você se identificou com o que foi dito ou suspeita que possa estar com uma queda de cabelo anormal, a melhor solução é procurar um especialista no assunto, seja um dermatologista ou um tricologista. Isso porque quanto mais cedo você procurar ajuda, mais chances você terá de reverter o quadro, o que também depende de encontrar o tratamento ideal para cada caso. Abaixo você encontra as principais opções de tratamento disponíveis atualmente:

    Minoxidil tópico

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    Utilizado nos tratamentos de queda de cabelo e de calvície tanto masculina quanto feminina, o minoxidil deve ser aplicado somente nas áreas afetadas. Seu uso tem se mostrado bastante eficaz, com melhora do quadro entre 6 a 8 semanas de uso.

    Laser de baixa potência

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    Embora ainda não se saiba exatamente de que forma atua o laser de baixa potência no tratamento capilar, sabe-se que ele auxilia no crescimento, espessamento e fortalecimento dos fios ao estimular a atividade celular, promovendo, além de crescimento capilar, uma regeneração tecidual.

    Corticoides injetáveis

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    É indicado para o tratamento de alopecias cicatriciais (quando há substituição dos bulbos capilares por cicatrizes), e de alopecia areata, uma doença autoimune em que o organismo rejeita os cabelos. Esses remédios, aplicados nos locais afetados com a ajuda de uma injeção, têm efeito semelhante ao do cortisol e auxiliam como ação anti-inflamatória e suprimindo o sistema imunológico.

    Suplementos nutricionais

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    Já que a saúde dos cabelos está relacionada à nutrição do organismo, suplementos podem ajudar no tratamento da queda de cabelo a medida em que corrigem deficiências de determinadas vitaminas, proteínas e minerais. Seu uso, no entanto, deve ser recomendado por um médico, após a realização de exames, já que o excesso de certas substâncias também está associado à queda.

    Embora a queda de cabelo e a calvície também tenham um peso estético, vale ressaltar que todo e qualquer tratamento relacionado ao problema deve ser orientado por um médico, e nunca por clínicas de estética não especializadas, salões de beleza ou mesmo blogs na internet.

    Como a queda de cabelo geralmente ocorre por uma série de fatores em conjunto, identificar cada um deles é fundamental para conseguir bons resultados e para não piorar ainda mais o quadro.

Jornalista introvertida apaixonada por tudo o que é bonito e/ou gostoso nesta vida.