Foto: iStock
Com revisão da ginecologista e obstetra Dra. Karen Rocha de Pauw
Atualizado em 21.09.23Quando o médico pergunta se você toma algum medicamento, você costuma se lembrar da pílula? Por ser algo tão corriqueiro em nosso dia a dia, muitas vezes deixamos de ver o anticoncepcional como um remédio. Contudo, ele é uma droga farmacêutica como outra qualquer e, por isso, está sujeito a sofrer interações.
Conheça a especialista
Dra. Karen Rocha de Pauw é médica ginecologista e obstetra, com especialização em reprodução humana e ênfase em endocrinologia da menopausa. Ela dedica sua carreira à prática da medicina empática e à disseminação de informações sobre saúde.Além dos esquecimentos, outro fator que pode cortar o efeito do anticoncepcional é o uso simultâneo de outros medicamentos. Toda substância medicamentosa causa alterações no nosso organismo, e isso inclui mudanças na ação do fígado (que metaboliza os remédios) e nas mucosas do estômago e do intestino (que absorvem os medicamentos).
Essas alterações podem acabar diminuindo o efeito da pílula, deixando você mais suscetível a uma gravidez. Confira três classes de medicamentos capazes de reduzir a eficácia dos anticoncepcionais orais e esteja preparada para utilizar outro método junto com a pílula, como o preservativo:
1. Antibióticos e antimicóticos
Empregados desde em uma simples infecção de garganta até gravíssimas em infecções hospitalares, os antibióticos e os antimicóticos (que agem contra bactérias e fungos, respectivamente) podem diminuir em até 50% o efeito da pílula. Dentro dessa classe, o “campeão” de redução do efeito do anticoncepcional é a rifampicina, que costuma ser prescrita para tuberculose, hanseníase e meningite.
Publicidade
Isso acontece porque esses medicamentos modificam algumas características das paredes intestinais, principalmente a permeabilidade. Como resultado, os hormônios da pílula não são absorvidos da mesma forma, aumentando os riscos de uma gravidez.
É importante observar que, mesmo sem causar alterações no trânsito gastrointestinal, como a diarreia, os antibióticos podem reduzir o efeito da pílula, e por isso é necessário utilizar outro método anticoncepcional, como o preservativo.
Além da rifampicina, outros antibióticos e antimicóticos que podem causar esse problema são a ampicilina, amoxicilina, cefalexina, clindamicina, dapsona, eritromicina, fenoximetilpenicilina, griseofulvina, isoniazida, metronidazol e tetraciclina.
2. Barbitúricos e anticonvulsivantes
Os medicamentos utilizados para controlar ou impedir crises convulsivas também podem diminuir a eficácia da pílula. Entre eles, os mais famosos são o fenobarbital (Gardenal®, utilizado para evitar convulsões) e a carbamazepina (Tegretol®, prescrito para epilepsia).
Essas classes de medicamentos também incluem a primidona, o topiramato, a fenitoína e a hidantoína. Caso você utilize algum deles, é preciso associar à pílula um método anticoncepcional não hormonal.
3. Remédios naturais
Os remédios naturais podem parecer “mais leves” por serem feitos a partir de plantas, mas nem por isso eles deixam de ser medicamentos e de apresentar interações com outras substâncias.
Pensando na eficácia do anticoncepcional oral, é preciso ter cuidado com a erva-de-são-joão, que é utilizada como um antidepressivo natural e pode ser adquirido sem receita médica. Durante o período de uso desse medicamento e pelos próximos sete dias, deve-se utilizar a pílula junto com a camisinha para garantir a proteção contra uma gravidez não desejada.
Relacionadas
Medicamentos que não cortam o efeito da pílula
Felizmente, nem todos os medicamentos interagem com a pílula. Confira a lista com alguns exemplos comuns de remédios que não cortam o efeito anticoncepcional:
- Antidepressivos: paroxetina, sertralina, escitalopram, citalopram e fluoxetina;
- Analgésicos: aspirina, dipirona e paracetamol;
- Anti-inflamatórios: cetoprofeno e piroxicam;
- Benzodiazepínicos: diazepam, clonazepam e alprazolam;
- Diuréticos: furosemida e hidroclorotiazida;
- Insulina e medicamentos orais contra diabetes;
- Medicamentos para controlar o colesterol: sinvastatina e atorvastatina.
Apesar de não haver indícios de que esses medicamentos reduzam a eficácia da pílula, o uso de anticoncepcionais orais sempre deve ser comunicado ao médico ou ao farmacêutico caso você vá iniciar um tratamento.
Vale lembrar também que os anticoncepcionais hormonais, como a pílula, protegem apenas contra uma gravidez indesejada, mas não têm efeito contra as DSTs. Por isso, o uso simultâneo da pílula e do preservativo é sempre mais seguro. Agora que você já tem todas essa informações, confira o que acontece se você para de tomar anticoncepcional.
Raquel Praconi Pinzon
Formada em Letras na Universidade Federal do Paraná e MBA em Business Intelligence pela Universidade Positivo.