Bem-estar

Sangramento na gravidez: comum ou preocupante?

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Em 10.07.23

Geralmente compreendido como um sinal de problema, inclusive de aborto espontâneo, o sangramento na gravidez é motivo de preocupação. O Dicas de Mulher conversou com a ginecologista e obstetra Zoila Isabel Medina de La Paz, membro da Associação Mulher, Ciência e Reprodução Humana do Brasil, que explicou o assunto, apontando causas, tratamentos e prevenção.

Sangramento na gravidez é normal ou preocupante?

No período de gestação, que leva em média 40 semanas, o ciclo menstrual é interrompido. Por isso, segundo a Dra. Zoila, o sangramento na gravidez não é considerado normal. Entretanto, no início, “pode haver um sangramento vaginal leve e escuro, devido à nidação” – o óvulo fertilizado se implanta no revestimento do útero.

Muitas vezes, o sangramento não representa uma perda gestacional, principalmente se acontecer nas primeiras semanas da gravidez. Ele pode “estar associado às alterações na implantação da futura placenta”. Dependendo da fase, a mulher sente cólicas. “No segundo e terceiro trimestre, há contrações intermitentes, ou dor progressiva, assim como elevação da pressão, dor de cabeça e tonturas”, mas isso não é uma regra.

Embora nem sempre represente algo grave, o sangramento “é um sinal de alerta que deve ser comunicado ao profissional responsável pelo pré-natal”, pontua a médica. Então, seja um sangramento leve ou intermitente, procure seu médico o mais rápido possível.

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O que pode causar o sangramento na gravidez durante os trimestres?

É importante acompanhar a gravidez semana a semana para entendender as suas mudanças corporais e o desenvolvimento do bebê. Se o sangramento não foi ocasionado pela nidação, é preciso investigar sua origem e fazer o tratamento recomendado pelo médico. Abaixo, a Dra. Zoila explica as possíveis causas de sangramento em cada trimestre de gestação.

1º trimestre da gestação

No primeiro trimestre, período que compreende as 12 primeiras semanas de gestação, contadas a partir do primeiro dia do último período menstrual, “as causas mais comuns de sangramento, além da implantação do óvulo, são: gravidez ectópica, ou seja, fora do útero, geralmente localizada nas tubas uterinas; gravidez molar, uma condição mais rara que requer cuidados especializados durante todo o processo; e ameaça de aborto”. Essa fase é crucial para o desenvolvimento do feto e exige uma maior atenção à saúde da gravida. Por isso, tenha um acompanhamento médico.

2º trimestre da gestação

O segundo trimestre da gravidez acontece entre a 13ª a 28ª semana. Nesse período, muitas mudanças ocorrem, tanto no desenvolvimento fetal quanto no corpo da mulher. Geralmente, é a fase mais tranquilo da gravidez e o sangramento é menos comum. Porém, caso aconteça, ele pode estar associado à implantação baixa da placenta ou à ameaça de parto prematuro”. Portanto, fique atenta e consulte profissionais de saúde caso aconteça.

3º trimestre da gestação

O período entre a 29ª semana até o momento do parto é considerado a fase final da gravidez. A mulher e o bebê passam por mais mudanças físicas, além das emocionais. Assim, “no terceiro trimestre, o sangramento pode estar associado ao início de trabalho de parto, quando acontece de forma súbita”. Outra possível causa é uma “condição aguda e grave, que requer atendimento imediato, chamada de descolamento prematuro de placenta”.

Mesmo conhecendo as principais causas de sangramento, é preciso entender que cada gravidez é única, ou seja, o desenvolvimento do bebê e as experiências da mãe podem variar. Assim, mantenha um diálogo sincero com o médico e siga todas as recomendações.

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Tipos de sangramento

Assim como as causas, os tipos de sangramento no período gestacional variam – e todos eles precisam de atenção. Seja na coloração ou na intensidade do fluxo, o corpo envia sinais. Abaixo, acompanhe as explicações da Dra. Zoila:

Confira quais são eles, logo abaixo:

  • Sangramento leve: pode ser causado por diversos fatores, entre eles, atividade sexual, aumento do fluxo sanguíneo para o colo do útero e irritação cervical. Costuma ser inofensivo, mas deve ser avaliado por um profissional.
  • Sangramento marrom: conhecido como sangramento de implantação, ou nidação, sua intensidade é “leve e de curta duração. Costuma ocorrer no início da gestação”.
  • Sangramento vermelho vivo: requer muita atenção, “principalmente se for constante e acompanhado de coágulos, pois pode estar associado ao risco de abortamento no primeiro trimestre da gestação”. Geralmente, a mulher sente cólicas abdominais.
  • Sangramento intermitente escuro: se ocorrer acompanhado de “dor pélvica no primeiro trimestre, pode estar associado à gravidez ectópica”. Caso seja indolor e se apresente por volta da “segunda metade da gravidez, pode estar relacionado à placenta prévia, que se encontra próximo ao orifício cervical”.
  • Sangramento agudo: de início súbito e abundante, “associado principalmente às dores abdominais na segunda metade da gravidez, pode estar relacionado ao descolamento prematuro de placenta”.
  • Sangramento associado a muco: geralmente acompanhado por contrações uterinas, ocorre “principalmente a partir das 37ª semanas de gravidez. Pode indicar o início de trabalho de parto”.

Independentemente do tipo de sangramento, a Dra. Zoila reforça que é importante procurar ajuda médica. Se a causa for detectada no início, fica mais fácil evitar complicações e infecções no trato genital.

Diagnóstico e tratamentos possíveis para sangramento na gravidez

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O sangramento na gestação precisa ser investigado por um profissional de saúde – obstetra ou ginecologista. Para determinar a causa, o primeiro passo “é observar as características do sangue (cor, consistência e quantidade), bem como a presença de dor ou contrações. Em caso de gestação acima de 20 semanas, verifica-se os movimentos do bebê”.

Preferencialmente, consulte o médico que está acompanhando o seu pré-natal. Se isso não for possível, vá ao pronto-socorro mais próximo. Para chegar ao diagnóstico, os profissionais costumam: analisar o histórico médico, investigar os sintomas e pedir uma bateria de exames. Assim, avalia-se o colo do útero, a vagina e a presença de quaisquer anormalidades.

Outros procedimentos e exames que ajudam na construção do diagnóstico são: ultrassonografia, transvaginal ou abdominal, para visualizar o útero, a placenta e o bebê; avaliação dos batimentos cardíacos do feto, além de exames laboratoriais para contagem das células, checagem da função da tireoide, presença de infecções ou distúrbios de coagulação.

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Tratamento

Dependendo da causa e da gravidade do sangramento, o médico indicará o melhor tratamento para o sucesso da gestação. Entre eles, estão:

  • Repouso nos casos de sangramento leve ou de baixa gravidade;
  • Restrição de atividades físicas ou relações sexuais;
  • Reposição de líquidos no corpo para evitar desidratação;
  • Tratamento de infecções, com uso de antibióticos, antifúngicos ou outros medicamentos;
  • Medicação hormonal para auxiliar na sustentação da gravidez e reduzir o sangramento;
  • Cirurgia ou procedimentos médicos em casos mais graves, como descolamento de placenta ou placenta prévia.

Com o tratamento adequado, há grandes chances de a mulher chegar ao fim da gestação sem mais complicações. Entretanto, as recomendações médicas precisam ser seguidas corretamente.

Como prevenir o sangramento na gravidez

Embora nem todos os casos de sangramento durante a gestação possam ser prevenidos, a Dra. Zoila pontua comportamentos que auxiliam na prevenção e no bom desenvolvimento da gravidez, preservando a saúde da mulher e do nascituro. Confira:

  1. Faça um acompanhamento pré-natal: “a realização de um controle pré-natal adequado ajudará a identificar fatores de risco”. Mulheres que desejam engravidar podem começar esse acompanhamento, antes mesmo da gestação, como um cuidado prévio.
  2. Evite atividades físicas pesadas: “a promoção da saúde na gravidez inclui a realização de atividade física, mas a mesma deve ser supervisionada e adaptada para as mudanças da gestação”.
  3. Tenha uma alimentação saudável: é fundamental se alimentar adequadamente para nutrir o organismo e auxiliar no bom desenvolvimento do bebê. “Nutrientes, como ácido fólico, ferro, cálcio e vitaminas, ajudam a promover a saúde do útero, da placenta e do bebê”, evitando possíveis sangramentos ou até mesmo um abortamento.
  4. Evite álcool, tabaco ou drogas: “essas substâncias podem aumentar o risco de complicações durante a gravidez, incluindo sangramento”.
  5. Evite o estresse: o estresse é algo que todo ser humano tem em determinados momentos da vida, porém, durante a gravidez, “pode desencadear ou agravar problemas de saúde na gestante”. A médica recomenda “praticar exercícios de relaxamento, meditação, ioga ou fazer psicoterapia para lidar melhor com as emoções”.
  6. Não tenha relações sexuais sem preservativo: durante a gravidez, a relação sexual não é proibida, contudo é bom usar proteção para prevenir infecções ou lesões vaginais que podem acarretar sangramentos.
  7. Repouse quando necessário: “em casos de placenta prévia, por exemplo, o repouso e abstinência sexual são medidas preventivas”, que fazem grande diferença no desenvolvimento da gestação.

A ginecologista ressalta que, “apesar do sangramento durante a gravidez ser sempre um motivo de preocupação para as gestantes, com os cuidados pré-natais adequados, é possível identificar as causas e tratá-las”. A maioria dos casos, que segue as recomendações médicas, possui um desfecho obstétrico favorável.

Antes de se desesperar com o sangramento, consulte um médico. Nesse momento, o mais importante é que você foque em cuidar de sua saúde. Outro fator que causa preocupação é o corrimento na gravidez. Embora seja totalmente normal, há váriações que indicam possíveis problemas gestacionais.

Psicóloga apaixonada por literatura e psicanálise. Acredita que as palavras, escritas ou faladas, têm o poder de transformar.