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A maior parte das mulheres com vida sexual ativa já entrou em contato com o vírus HPV. “Estima-se que cerca de 80% da população sexualmente ativa, há pelo menos 5 anos, já tenha entrado em contato com o HPV em algum momento da vida”, explica a ginecologista e obstetra Alessandra Mollo, que possui mais de 20 anos de experiência no diagnóstico e tratamento desse quadro. A especialista fala sobre o sintomas de HPV, tratamentos, prevenção, entre outros pontos importante para a saúde da mulher.
O que é o HPV?
A sigla inglesa HPV significa Papillomavirus Humano. “É um vírus que causa verrugas em pele e mucosas. É extremamente comum, estimando-se que entre 9 e 10 milhões de pessoas estejam infectadas pelo HPV no Brasil”, explica a especialista.
O HPV é uma infecção sexualmente transmissível (IST), normalmente associada ao câncer de colo de útero. De fato, o vírus pode causar essa doença, mas nem sempre. “Há mais de 200 tipos de HPV. Cerca de 20% deles acometem os genitais. Dividem-se em HPVs de baixo risco (provocando verrugas e lesões que não causam câncer) e de alto risco (que causam lesões de alto grau, precursoras do câncer de colo uterino)”, diferencia Mollo.
Formas de contágio
Como já dito, o HPV é uma IST, portanto a principal forma de contágio é por meio de sexo desprotegido! Segundo a ginecologista, raramente acontece a transmissão vertical – “de mãe para filho, no momento do parto, ou por contato com objetos, que é menos frequente ainda”. De modo geral, durante a relação sexual, se a pele entrar em contato com uma área infecctada, o contágio pode acontecer. Por isso, uma forma interessante de prevenir é o uso da camisinha feminina, que normalmente cobre os grandes lábios, deixando a região ainda mais protegida do que o preservativo masculino.
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Quais os sintomas de HPV?
Normalmente, o HPV é assintomático, isto é, não há um sintoma que indique que o vírus está ativo. Em alguns casos, a infecção desencadeia verrugas genitais, bem como sinais na vulva ou no ânus. Fique atenta caso perceba:
- Surgimento de verrugas na região genital, que parecem com uma couve-flor ou crista de galo.
- Aparecimento de placas, quando muitas verrugas se unem.
Na maioria das vezes, você só saberá que tem HPV por meio de exames capazes de detectar as lesões causadas pelo vírus, sejam as verrugas ou as lesões pré-cancerígenas.
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Como saber se tenho HPV?
O HPV costuma ser detectado durante exames ginecológicos. Por isso, é importante ir periodicamente ao ginecologista, seguindo a indicação médica. Quanto mais cedo a lesão for detectada, mais tranquilo será o tratamento. Conheça o arsenal de exames que o especialista pode pedir:
- Papanicolau: o papanicolau, também chamado de colpocitologia oncológica, é um exame que colhe amostras de tecido do colo do útero para analisar se há algum risco da paciente estar com câncer na região ou outras lesões.
- Colposcopia: esse exame também analisa o colo do útero e a região interna da vagina, verificando com um aparelho, que possui lentes de aumento (o colposcópio), se há alguma alteração no tecido que poderia ser uma lesão.
- Vulvoscopia: é um exame como a colposcopia, mas usando o colposcópio para analisar a região da vulva, também em busca de alterações que possam ser lesões.
- Biópsia: caso a colposcopia ou a vulvoscopia encontrem alterações, colhe-se uma amostra do tecido suspeito para análise.
Os exames normalmente são feitos de uma só vez, preferencialmente antes do ultrassom transvaginal, pois o gel pode atrapalhar as análises. Apesar de causarem desconfortos, os exames são essenciais para o acompanhamento da saúde da mulher, prevenção de câncer do colo do útero e outras doenças ginecológicas.
O que fazer caso esteja com sintomas de HPV?
Se você perceber verrugas genitais suspeitas, não se desespere! Lembre-se que os vírus que causam as verrugas aparentes normalmente são de baixo risco. É só seguir o passo a passo validado pela ginecologista Alessandra Mollo:
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- Passo 1: caso você tenha tido relação sexual desprotegida e suspeite do seu parceiro, procure um ginecologista e relate seu receio.
- Passo 2: provavelmente, o médico pedirá os exames já comentados para entender se há mesmo HPV, além de pedir exames de outras ISTs.
- Passo 3: faça os exames indicados e volte ao especialista com os resultados em mãos.
- Passo 4: se o HPV for detectado, o médico apresentará algumas opções de tratamento, pedirá que você faça outra colposcopia e marcará um retorno (normalmente com um ou três meses de intervalo).
- Passo 5: nesse meio tempo, converse com suas parcerias sexuais sobre seu diagnóstico. É importante que elas também investiguem se estão com HPV. Não é preciso falar com todas da vida, apenas com as mais recentes.
- Passo 6: não se preocupe tanto, a maioria dos pacientes com HPV apresenta remissão, principalmente se segue o tratamento corretamente!
O importante é manter a calma e ir ao médico o mais rápido possível, além de sempre seguir as consultas de rotina. Com tudo em dia, mesmo o diagnóstico e o tratamento de uma HPV podem ser feitos com tranquilidade.
Há tratamento para o HPV?
Uma vez detectada uma lesão por HPV, é possível tratá-la de diversas formas, como destruir a lesão ou retirá-la completamente. Também existem tratamentos que estimulam o sistema imunológico para eliminar o vírus. Confira todas as opções:
- Cauterização elétrica: o médico usa um aparelho que emite ondas elétricas e queima a lesão, impedindo que o vírus vá para as regiões mais profundas da pele.
- Cauterização química: é aplicada uma substância cáustica sobre a lesão, que ajuda a removê-la, impedindo a proliferação do vírus.
- Vaporização a laser: com o laser CO2, a lesão é eliminada, mesmo que não esteja na região mais superficial da pele.
- Cirurgia de alta frequência (CAF): com um bisturi de alta frequência, a lesão é removida do colo do útero completamente.
- Imunoterapia: medicamentos são aplicados na região lesionada para estimular a imunidade local. Isso ajuda o organismo a reagir contra o vírus.
Somente um ginecologista poderá definir qual é o melhor tratamento para o seu caso, pois isso depende de uma série de avaliações, incluindo os resultados dos exames e seu histórico médico. Em casos de dúvidas, é importante ter uma conversa franca com o especialista que está cuidando do seu caso.
Como prevenir o HPV
Por mais que o HPV seja completamente tratável, a prevenção é sempre a melhor opção. Existem duas formas eficazes de evitar o contágio desse vírus, como explicou Alessandra:
- Vacinação: a vacina HPV está disponível na rede pública para adolescentes. Ela protege o organismo contra o vírus em caso de contato.
- Uso de preservativo: o sexo protegido é a melhor forma de evitar a contaminação, já que a transmissão do HPV ocorre pelo contato da pele com uma verruga.
No caso de adultos que nunca se vacinaram na adolescência, o ideal é sempre fazer sexo protegido, principalmente com parcerias que você não conhece a vida sexual. Além disso, lembre-se que a camisinha protege você de outras ISTs, como sífilis, gonorreia e HIV.
Dúvidas sobre o HPV respondidas
Com uma linguagem acessível, a ginecologista Alessandra Mollo esclarece as principais dúvidas relacionadas ao HPV. Vários assuntos já foram abordados no decorrer da matéria. Então, aproveite o conteúdo para revisar os pontos importantes:
Dicas de Mulher – O HPV pode causar câncer?
Alessandra Mollo – Sim. Estima-se que 0,2% das mulheres que tiveram contato com o HPV desenvolverão o câncer de colo uterino. Por este motivo, é tão importante a prevenção e os exames periódicos.
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HPV tem cura?
Sim! Estudos mostram a total eliminação viral entre 80 e 100% das mulheres infectadas pelo HPV de baixo risco, e entre 40 e 60% dos casos de HPV de alto risco. Mesmo quando não eliminado, o organismo pode manter o vírus em estado latente (ou seja, adormecido) sem causar nenhum problema.
O preservativo masculino (camisinha) protege contra a contaminação? E o feminino?
Sim, são ótimos métodos de barreira. O preservativo masculino protege o colo uterino e a vagina. A camisinha feminina protege também parte da vulva.
A vacina contra HPV é segura e eficaz?
Sim, os estudos mostram eficácia e segurança. Até os 14 anos, duas doses são suficientes e possuem eficácia de longa duração, por isso, não há necessidade de reforços.
O HPV pode ser transmitido no parto?
Sim, é chamada de “transmissão vertical” e, felizmente, é rara. A taxa de transmissão não depende da via de parto, portanto tanto faz se o bebê nascer de parto normal ou de cesárea.
O HPV pode matar?
Somente se acabar induzindo o câncer de colo uterino que, sem tratamento, pode levar a paciente ao óbito. Por isso, é importante fazer os exames ginecológicos periódicos.
Os sintomas de HPV demoram a se manifestar?
Isso é muito relativo. Algumas mulheres apresentam os primeiros sintomas 9 semanas após o contágio. Outras podem levar anos ou até mesmo nunca manifestarem quaisquer sintomas.
O HPV é uma das diversas infecções sexualmente transmissíveis. Outro fator que merece atenção é a coceira na vagina, pois pode indica algo sobre a saúde íntima da mulher. Lembre-se que a camisinha não previne apenas a gravidez, ela é o melhor método de barreira contra ISTs.