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Tatiana Weston-Webb carrega a bandeira brasileira pelas praias do mundo

Tatiana Weston-Webb

Atualizado em 07.12.23

Quando Tatiana Weston-Webb foi convidada para representar o Brasil no surfe feminino, ela não teve dúvidas. Havaiana de coração e brasileira de nascença, a surfista está construindo uma carreira sólida e vitoriosa no esporte. Para além dos títulos, reconhece sua representatividade, preza pelo empoderamento e inspira a nova geração de garotas a subir na prancha.

Metade brasileira e metade havaiana

A dupla nacionalidade é motivo de orgulho para Tatiana Guimarães Weston-Webb, que nasceu em Porto Alegre. Sua mãe, Tanira, era atleta de bodyboarding, e seu pai, o inglês Douglas, era surfista. O casal criou Tati e seu irmão, Troy, no Havaí, em Princeville, na ilha de Kauai. A menina cresceu em um estado que respira surfe e seguiu a onda da família.

Tati Weston-Webb aprendeu a surfar com seu irmão aos 8 anos. Ela chegou a dividir o surfe com o futebol, porém, aos 13 anos, o mar falou mais alto. Suas primeiras lembranças do esporte são ao lado do pai em pranchas gigantes para sua idade. Com o incentivo da família, entrou para as competições locais até ser campeã mundial júnior em 2013 e 2014. Com 18 anos, participou de diferentes competições classificatórias para o Circuito Mundial de Surfe, conhecido como WSL, subiu no pódio de todas e garantiu sua vaga para 2015.

WSL

Os bons resultados, como o 3º lugar no Roxy Pro Gold Coast e no Cascais Women’s Pro, além de um 2º lugar no Roxy Pro France, garantiram para Weston-Webb o reconhecimento de rookie (novata) do ano na WSL. No campeonato final, ela se classificou em primeiro lugar nas eliminatórias e terminou na 7ª colocação.

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Em 2016, Tati Weston-Webb conquistou seu primeiro título na liga, o Aberto dos Estados Unidos. Em 3º lugar no Roxy Pro France, Margaret River Pro e Rip Curl Women’s Pro Bells Beach, a surfista chegou às finais. Ela melhorou a colocação do ano anterior e terminou como a 4ª melhor do mundo.

Ao conquistar o 2º lugar no Outerknown Fiji Women’s Pro e no Aberto dos Estados Unidos em 2017, deixou bem claro que merecia estar no Circuito Mundial. Ela terminou na 10ª posição das finais. Entretanto, o ano seguinte mudaria toda a carreira da surfista, e para melhor.

A escolha de defender o Brasil

Até março de 2018, Tatiana Weston-Webb representou o Havaí nos campeonatos mundo afora. Com a estreia do surfe nas Olimpíadas, o Comitê Olímpico Brasileiro convidou-a para disputar uma vaga aos jogos de Tóquio-2020. Como gosta de dizer, ‘de coração’, aceitou defender seu país de naturalidade. A surfista foi a primeira brasileira a entrar para a nova modalidade.

Em entrevista para o Uol, ela disse que “tudo mudou” quando escolheu representar o Brasil. Tatiana Weston-Webb chegou a aprender português com a mãe, mas acabou esquecendo. A vontade de falar o idioma surgiu quando ela começou a namorar o surfista Jessé Mendes, atualmente representando a Itália, pois seus sogros não entendiam uma palavra em inglês. Tati visita o território brasileiro pelo menos uma vez ao ano para ver a família. Ela também compete na etapa de Saquarema, a capital nacional do surfe.

Olimpíadas e principais resultados

Ao lado de Tatiane Weston-Webb, Silvana Lima conquistou a segunda vaga para representar o Brasil nas Olimpíadas de Tóquio-2020 (o evento aconteceu em 2021). No segundo dia de competições, Tati foi eliminada pela japonesa Amuro Tsuzuki nas oitavas de final. Silvana perdeu nas quartas.

Após as Olimpíadas, Tatiana participou do Circuito Mundial de Surf de 2021. Ela venceu a etapa de Margaret River Pro na Austrália, ficou em segundo lugar na etapa Rip Curl de Narrabeen e em terceiro lugar em Pipeline. Nas finais, Tati chegou até a última disputa, mas foi derrotada pela maior vencedora do campeonato, Carissa Moore. Já a temporada de 2022 foi marcada por dois títulos nas etapas de Portugal e J-Bay. Terceiro lugar do ranking, Tati Weston-Webb está classificada para as finais da WSL na Califónia.

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Representatividade brasileira em nível mundial

Brigitte Mayer abriu muitas portas para o surfe feminino brasileiro, competindo até os 40 anos. Apesar disso, a categoria não conta com muita representatividade na elite mundual. Tatiana Weston-Webb sempre soube que o mar não seria fácil. Nas Olimpíadas de Tóquio-2020, ela tinha a companhia de Silvana Lima, contudo, sua companheira não faz mais parte do circuito profissional desde 2019. Sobre sua carreira, a atleta revela:

“A parte mais desafiadora na carreira de um atleta é a adaptação durante os campeonatos, precisamos ficar longe da família e de casa, passar pela adaptação cultural e alimentar de diferentes países, encarar longas viagens, além de se dedicar integralmente aos treinos com foco em atingir os melhores resultados durante as competições. É um trabalho árduo, mas ao mesmo tempo gratificante, acredito que todo o esforço vale a pena quando atingimos o nosso objetivo e conseguimos mostrar o surfe brasileiro feminino para o mundo. Estou feliz por representar o Brasil, estou focada em me tornar a primeira surfista brasileira a conquistar um campeonato mundial, quero contribuir nas conquistas do surfe feminino do meu país”. – Tatiana Weston-Webb

Atualmente, o surfe feminino brasileiro está evoluindo, com Carissa Moore, Stephanie Gilmore, Brisa Hennessy. Antes delas, destacaram-se Jaqueline Silva, Layne Beachley, Lisa Andersen e várias outras. Todavia, Weston-Webb enfatiza: “como a única representante brasileira feminina na elite mundial, ainda sinto falta de mais mulheres do Brasil competindo a nível mundial, e me dá muito orgulho e esperança por ver essas meninas e a potência que podemos atingir nos próximos anos. Claro que precisamos de mais incentivo, inclusive de marcas, para que as surfistas brasileiras tenham mais visibilidade e mostrem cada vez mais o seu talento”.

8 curiosidades para acompanhar a carreira de Tati Weston-Webb

A gaúcha radizalizada no Havaí conquistou o povo brasileiro e já ganhou até apelido carinhoso – ‘havainucha’! Abaixo, acompanhe 8 curiosidades sobre a surfista que carrega a bandeira do Brasil pelas praias do mundo inteiro:

1. É a única mulher brasileira no Circuito Mundial em 2022

Enquanto o Brasil é representado em peso no Circuito Masculino de Surfe, somente Tatiana representa o país no feminino. Silvana Lima foi vice-campeã em duas oportunidades, 2008 e 2009, e foi companheira de Tati pelas etapas até 2019. Em entrevista ao Uol, ela relata a solidão de estar sozinha: “É uma honra gigante ser a única brasileira no circuito, só que estão faltando umas meninas. Espero que eu esteja inspirando as meninas a trabalharem muito forte para chegar. Estamos dominando no lado masculino, mas temos que dominar também no feminino”.

2. Foi figurante do filme Soul Surfer

O filme Soul Surfer conta a história de Bethany Hamilton, uma surfista havaiana que sofreu um ataque de tubarão em 2003. Seu braço precisou ser amputado e ela voltou a competir no ano seguinte. As gravações do filme foram feitas na ilha de Kauai, onde Tati morava. Como eles precisavam de uma dublê, ela passou nos testes e ficou três meses rodando o filme e ainda teve a chance de conhecer Bethany, um grande ícone do esporte.

3. Apoio fundamental da mãe

Tatiana Weston-Webb

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Tanira inicialmente queria que a filha seguisse seus passos no bodyboarder. Contudo, as ondas levaram Tati para o surfe e ela pode contar com o apoio da mãe. Aliás, seus pais investiam tudo que tinham na sua carreira por conta da dificuldade de conseguir patrocínio. Nos dias atuais, ela é patrocinada pelo Banco do Brasil e Corona.

4. Seu marido foi seu técnico nas Olimpíadas

Parceria de vida e de surfe, Tatiana e Jessé Mendes estão juntos há 8 anos. Em 2020, eles se casaram pouco antes de embarcar para Tóquio. Nas Olimpíadas, devido às restrições da pandemia, não permitiram a presença de público, além das confederações terem as equipes reduzidas. Como Jessé é surfista profissional, ele foi como técnico da esposa e esteve presente em sua primeira experiência olímpica. Desde 2022, ele representa a Itália no circuito e é a esperança do país na classificação para os jogos de 2024 em Paris.

5. Vice-campeã mundial

Em 2021, Tatiana chegou às finais do Circuito Mundial como uma das favoritas ao título inédito. No entanto, foi derrota pela norte-americana Carissa Moore, campeã olímpica e cinco vezes campeã mundial. Esse foi o melhor resultado de Tati na WSL.

6. Terceiro lugar no ranking mundial

Após vencer duas etapas em 2022, uma em Peniche, em Portugal, e outra em J-Bay, na África do Sul, Weston-Webb chegou ao terceiro lugar do ranking mundial. As cinco primeiras se classificam para a fase final. Carissa Moore é a líder do ranking, seguida pela francesa Johanne Defay.

7. Lançou uma linha de roupas

Junto à marca norte-americana Body Gloves, Tati lançou a própria linha de roupas esportivas e ecológicas. A marca existe há mais de 60 anos e tem uma tradição enorme no surfe, patrocinando diversos atletas que fizeram história no esporte, incluindo Tati.

8. Tem uma série sobre sua vida de surfista

Produzida pelo Canal OFF, a série ‘Tatiana Weston-Webb’ acompanha a rotina da surfista por lugares como Austrália, Indonésia, Brasil e o Havaí. Ao lado do marido, a atleta se divide entre os treinos. As cinco temporadas estão disponíveis na Globoplay.

Tatiana Weston-Webb é a promessa de muitos títulos para o surfe brasileiro! Aproveite para conhecer a trajetória de outra fera do mar, a brasileira Maya Gabeira domina as ondas gigantes.