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A virgindade feminina ainda é um tabu, especialmente quando o assunto é o rompimento do hímen. Uma construção social, sem embasamento científico, permeada pelos achismos, machismos, discursos religiosos e cultura patriarcal. Com isso, muitos mitos, dúvidas e receios surgem entre as mulheres. A ginecologista Dra. Vanessa Machado (CRM 119917), do Vera Cruz Hospital, e a psicóloga Ellen Moraes Senra (CRP 05/42764) abordam o tema e desmistificam várias crenças populares.
O que é a virgindade
Do ponto de vista biológico, a virgindade é atribuída à pessoa que nunca teve relação sexual. Historicamente, o conceito já passou por diversas modificações, dependendo da época, contexto social e religião vigente. No mundo ocidental, criou-se o estereótipo da mulher ideal: casta, angelical e virgem. Tal imagem foi fortalecida e assombrada pelo mito do hímen rompido.
De geração em geração, a mulher foi educada para acreditar que, se tivesse relação sexual antes do casamento, seu hímen se romperia e ela estaria marcada para sempre. Há algumas décadas (e ainda hoje), era comum o marido ‘devolver’ a esposa para a família caso ela não sangrasse na primeira penetração vaginal. Entretanto, segundo a psicóloga Ellen, a virgindade é muito mais do que isso.
O hímen não é um lacre ou um cadeado, ele é elástico e pode ou não se romper na primeira vez. Se a sociedade parasse de idolatrar a virgindade como sinônimo de caráter e começasse a focar em educação sexual, as mulheres estariam mais seguras, informadas e preparadas. Enfim, é preciso dessacralizar o assunto para tratá-lo como uma questão de saúde!
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Como saber o momento certo de perder a virgindade?
Segundo a ginecologista, “não existe uma idade certa para perder a virgindade, mas o ideal é que a mulher se sinta segura”. Além disso, é essencial estar preparada fisicamente e psicologicamente. Assim, só você pode decidir qual é o melhor momento! Entretanto, algumas informações são importantes para garantir uma experiência saudável. Confira as orientações das profissionais:
- Ter o corpo feminino formado: a Dra. Vanessa Machado explica que é necessário “ter os caracteres sexuais femininos já formados e ter tido a primeira menstruação. No entanto, “meninas muito jovens não estão preparadas psicologicamente e nem fisicamente para iniciarem a atividade sexual”. Sobre isso, a psicóloga aponta que “o nosso corpo se prepara muito antes do nosso psicológico. Não é porque a menina teve a primeira menstruação que ela está pronta para a intimidade”.
- Consulte uma ginecologista: segundo a Dra. Vanessa Machado, antes de iniciar a vida sexual, deve-se conhecer “os métodos contraceptivos existentes (hormonal, não hormonal, comportamental e de barreira)”. Também é preciso saber que nenhum método é 100% seguro, ou seja, a mulher pode engravidar. Por isso, é muito importante consultar uma profissional e esclarecer todas as dúvidas.
- Confie no seu parceiro: “questione se você gosta do seu parceiro e se confia nele caso queira parar no meio do caminho”, orienta a psicóloga. Além disso, “é preciso saber se você realmente tem vontade de ter relação sexual ou está pensando em perder a virgindade somente para agradar seu companheiro”, finaliza a profissional.
- Conheça seu corpo: outro ponto considerável é o autoconhecimento. “Saber como seu corpo funciona, quais lugares você sente mais prazer ou não se sente confortável quando alguém toca”, informa a psicóloga.
- Esteja segura: muitas jovens perdem a virgindade por pressão do parceiro ou de pessoas próximas. A psicóloga destaca que a mulher deve estar convicta da sua decisão para não se arrepender depois. “Se você estiver se sentindo segura, com os exames ginecológicos em dia e, principalmente, ciente da importância de usar proteção, então, sim, você está pronta para perder a virgindade”.
- Estar vacinada contra o HPV: o HPV é um vírus transmitido durante o sexo anal, oral ou vaginal. Por isso, a ginecologista orienta “estar com a vacina contra HPV completa”. Ela também informa que “existem testes sorológicos que podem ser feitos no casal para avaliar algumas infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), como HIV, sífilis , hepatite B e C. Alguns deles são feitos gratuitamente nas Unidades Básicas de Saúde (UBS)”.
A informação e o diálogo são essenciais para uma vida sexual saudável. Converse com profissionais, tenha uma rede de apoio e preze por um relacionamento em que você pode falar sobre tudo sem medo de julgamentos. A masturbação é um ótimo caminho para conhecer o seu corpo. O prazer feminino não é pecado, é revolucionário.
Mitos e verdades sobre a virgindade
No decorrer da história, o patriarcado construiu e alimentou um manual de boa conduta para a mulher. Socialmente, quando um homem perde a virgindade, ele é admirado, másculo, cumpriu seu dever. Entretanto, para a mulher, a realidade perpassa por julgamentos, apontamentos e difamação. Com isso, há a negação da sexualidade feminina. Além de oprimir (e para manter o controle), questões ideológicas, políticas, religiosas e culturais são usadas como uma máquina de criar mitos. Abaixo, as profissionais esclarecem as principais questões em torno do tema:
A virgindade está ligada ao hímen?
Mito: de acordo com a ginecologista, o hímen é uma membrana sensível e, geralmente, vai se abrindo quando ocorre a primeira relação. Porém, não necessariamente se rompe e sangra e, “às vezes, ele continua íntegro”.
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Existe uma idade certa para perder a virgindade?
Mito: segundo as profissionais, não existe uma idade certa. “O ideal é quando o nosso corpo já está preparado, mas é preciso saber quais são os seus limites e o que representa de fato uma relação sexual”, explica a psicóloga. Para a ginecologista, a primeira relação não está só relacionada à formação do corpo, mas também à maturidade. A mulher deve “ter tempo de avaliar um método contraceptivo, pois estará mais exposta às ISTs e ao risco de gestação”.
Perder a virgindade dói?
Verdade: as profissionais comentam que pode doer. “Por ser algo que vai acontecer pela primeira vez, a mulher acaba contraindo mais a musculatura do corpo e, consequentemente, a musculatura da pelve”, esclarece a psicóloga. Além disso, a situação gera ansiedade, tensão e, até mesmo, medo de uma gravidez indesejada. “Essas questões diminuem a lubrificação e, na maioria das vezes, a dor está relacionada ao atrito durante a relação sexual pela baixa lubrificação”, finaliza a Dra. Vanessa Machado.
Precisa consultar uma ginecologista antes de perder a virgindade?
Verdade: a Dra. Vanessa sempre orienta consultar uma ginecologista para conversar sobre o assunto. “Há muitas dúvidas sobre a penetração, sexo anal, sexo vaginal e como colocar o preservativo adequadamente”. Além disso, a consulta é importante para orientar sobre a contracepção e evitar uma gravidez não planejada.
O hímen desaparece totalmente após perder a virgindade?
Mito: segundo a ginecologista, o hímen é a membrana que recobre a entrada da vagina. “Em um exame feito em uma mulher com o hímen rompido, achamos as carúnculas himenais – que são resquícios dessa pelezinha, ou seja, dobrinhas que ficam ali naquela região”.
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O corpo muda depois da primeira relação sexual?
Mito: segundo a Dra. Vanessa Machado, o corpo não muda após a primeira vez. Isso está relacionado ao fato de ter relação sexual muito cedo quando o corpo ainda não está totalmente formado e pronto para a vida adulta”. Uma “menina de 14-16 anos passará por mudanças no tamanho das mamas, seios e contorno do corpo. Tudo isso é um processo que acontece naturalmente, mas não está relacionado ao ato sexual”.
É possível ter orgasmo na primeira relação sexual feminina?
Verdade: de acordo com as profissionais, é possível, porém não é comum por causa da inexperiência, medos e inseguranças. Nesse caso, “seria necessário ter relação sexual com alguém mais experiência do que você. Também tem a questão da entrega psicológica e de estar atenta às sensações fisiológicas”, explica a psicóloga.
Conscientização é a melhor forma para desconstruir os mitos. Além disso, perder a virgindade não está restrito aos relacionamentos heterossexuais. Em um relacionamento homoafetivo, por exemplo, uma mulher pode ter sua primeira relação sexual com outra mulher.
Vídeos sobre virgindade para esclarecer mais dúvidas
A seguir, assista aos vídeos com mais informações de profissionais sobre virgindade. Também há relatos de mulheres sobre a primeira experiência sexual. O momento é muito individual, porém, note que é comum sentir medo, ansiedade e tensão. Afinal, tudo o que acontece pela primeira vez, seja um beijo, um encontro ou o início em um novo trabalho, assusta um pouquinho:
Dúvidas frequentes sobre virgindade
A Dra. Laura Lúcia fala sobre a importância de consultar uma ginecologista antes de ter a primeira relação sexual. Além disso, ela esclarece dúvidas frequentes sobre o assunto, explica sobre doenças ginecológicas e exames importantes.
Principais tipos de hímen
Nesse vídeo, Patrícia Muller fala sobre virgindade e iniciação sexual. Ela também explica sobre os três principais tipos de hímen e seus formatos, bem como o porquê de alguns se romperem com mais facilidade.
Dicas para perder a virgindade
Priscila Simões dá dicas importantes para a primeira vez ser tranquila e especial. Ela fala sobre insegurança com o próprio corpo, autoestima, prevenção de doenças e gravidez!
Relato sobre a primeira vez
Nesse vídeo, a youtuber Carol Bondariw conta como foi sua primeira vez e desabafa sobre a pressão exercida pelo parceiro e suas amigas. Será que a primeira relação foi uma boa experiência ou ela se arrependeu? Para saber detalhes, assista ao vídeo! Lembrando que cada experiência é individual.
A primeira relação sexual é um momento importante que ficará para sempre na memória. Por isso, é preciso estar preparada psicologicamente e fisicamente. Conheça seu corpo, sua vagina, vulva, dialogue e troque informações com outras mulheres. É preciso despir o tema virgindade dos tabus sociais. É preciso que haja empoderamento sexual!
Erika Balbino
Formada em Letras e pós-graduada em Jornalismo Digital. Apaixonada por livros, plantas e animais. Ama viajar e pesquisar sobre outras culturas. Escreve sobre diversos assuntos, especialmente sobre saúde, bem-estar, beleza e comportamento.